No fundo do mar... Nunca sabemos exactamente o que está lá em baixo, no fundo do mar. A ideia que temos é que é um sitio escuro, muito escuro, onde ouvimos apenas pequenos sons ressonantes. Um sitio calmo, como um grande e profundo vazio. No fundo do mar temos os movimentos presos, lentos. Tudo acontece devagar, num tempo que não existe à superfície. Mas é um sitio tenso. Descemos, lentamente, a pressão aumenta, e o interior aperta-se-nos. Leva-se tempo a chegar ao fundo do mar. A partir desta ideia, Gonçalo Incendiàrio apresenta-nos uma série de trabalhos que vagueiam entre a Pintura e o Desenho. Entre o abstracto e o orgânico, esta exposição dá continuidade ao trabalho que o artista tem vindo a desenvolver: Tendo como base a tragédia, o conceito de "tempo" é um pilar do trabalho de Gonçalo Incendiàrio, traduzindo-se sobretudo na metáfora ou ideia de "cicatriz": O "tempo" que decorre desde que uma ferida acontece até sarar, quer na pele, quer na mente. A ligação entre a ferida fisica, carnal, visceral, e a ferida psicologica: o trauma, e a forma como se vive o decorrer desse tempo. Para esta exposição, para além da questão do "tempo" foi experimentada uma noção de espaço onde esse tempo decorre. Um espaço no fundo do mar, mas um espaço que tem tanto de real como de metafórico, um espaço que é tanto um lugar como um estado de ser. Porque no fundo, os sentimentos também são lugares. Segunda-feira, 8 de Setembro pelas 21h00 e até dia 27 do mesmo mês, no átrio da Biblioteca Municipal Almeirim, venha visitar a exposição NO FUNDO DO MAR de Gonçalo Incendiàrio. Com o apoio, organização e curadoria da associação cultural MASOQ.
