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Coro Vilancico

Coro Vilancico

A composição de obras sacras vocais para a Semana Santa, ou sobre temáticas com ela relacionada, mereceu a atenção de vários compositores renascentistas, que utilizaram vários recursos estilísticos e expressivos para ilustrar os episódios ligados à Paixão de Cristo. O programa apresentado pelo Coro Vilancico conduz-nos pelo repertório de vários compositores do Renascimento, mas também do Barroco, no contexto português, espanhol e italiano. O programa abre com Tristis est anima mea, do compositor português D. Pedro de Cristo (1545-1618), seguindo-se várias obras do compositor espanhol Tomás Luís de Victoria (1548-1611), que estudou e viveu uma parte da sua vida em Itália, tendo-se estabelecido depois em Madrid. Deste nome cimeiro do séc. XVI e início do séc. XVII, são apresentados vários motetes publicados em 1585, num total de 18, a 4 vozes, na coleção Tenebrae Responsories, composta para os 3 últimos dias da Semana Santa, entre outras obras. O programa conta ainda com obras dos compositores italianos Felice Anerio (1560-1614), do Renascimento, e Antonio Lotti (1667-1740), do período Barroco. Do compositor português Estevão de Brito (c. 1570-1641), discípulo de Filipe Magalhães, é apresentado o Hino Stabat Mater Dolorosa, de grande efeito expressivo, e Crux Fidelis, este último atribuído, com algumas reservas, ao Rei D. João IV.

PROGRAMA

Tristis est anima mea, de D. Pedro de Cristo (c.1540-1618)
Judas, mercator pessimus, de Tomás Luís de Victoria (1548-1611)
Tenebrae factae sunt, de Tomás Luís de Victoria
Caligaverunt oculi mei, de Tomás Luís de Vitoria
Popule meus, de Tomás Luís de Victoria
Crux fidelis, D. João IV (1604-1656)
O vos omnes, de Tomás Luís de Victoria
Stabat Mater dolorosa, de Estêvão de Brito (c.1570-1641)
Regina Coeli laetare, de D. Pedro de Cristo (c.1540-1618)

Grupo Vilancico
Criado em 2004, no seio da Sociedade Musical de Guimarães, o Grupo Vilancico é uma formação a capella que se dedica ao estudo e interpretação de música vocal dos períodos da Idade Média e da Renascença.
O grupo apresentou-se por diversas vezes na Feira Afonsina, de Guimarães e, a partir do ano de 2009, começa a desenvolver uma atividade regular, realizando cerca de uma dezena de concertos por ano, na cidade e concelho de Guimarães e em diversos concelhos do norte do país.
Em 2012, no âmbito da programação de Guimarães Capital Europeia da Cultura, o grupo participou no projeto Mi casa es tu casa e na curta-metragem Just in Time, realizada por Peter Greenaway, entre outros.
Em 2015, participou, na Póvoa de Varzim, no X Concerto de Música Sacra e no concerto de Natal, em Guimarães, com o Coro “Solovoces”, de Lugo (Espanha);
Em 2016, colaborou no 1º Festival de Música Religiosa de Guimarães, num concerto em Lugo (Galiza), no “Guimarães Allegro 2016” e no IV Encontro de Música Coral da Póvoa de Varzim.
Em 2017 participou em intercâmbios corais com o Coro de Gotemburgo (Suécia), em Guimarães e em Ferrol (Galiza), com o coro local.
Em 2018, realizou concertos em Guimarães, Celorico de Basto e Braga.
Em 2019, realizou diversos concertos de entre os quais, os Encontros “Para além da História”, os Dias Europeus do Caminho de Santiago e as Jornadas do Órgão histórico da Oliveira.
O grupo é dirigido por Domingos Salvador.

Notas ao programa
A composição de obras sacras vocais para a Semana Santa, ou sobre temáticas relacionadas, mereceu a atenção de vários compositores renascentistas, que utilizaram vários recursos estilísticos e expressivos para ilustrar os episódios ligados à Paixão de Cristo. O programa abre com Tristis est anima mea, de D. Pedro de Cristo (1545-1618), compositor português. Trata-se precisamente de um Responsório de Matinas de Quinta Feira Santa, sendo o texto retirado do evangelho de S. Mateus, que anuncia o aproximar da hora em que jesus será entregue aos pecadores.
Segue-se um dos mais relevantes compositores do séc. XVI, Tomás Luís de Victoria (1548-1611), natural da província de Ávila. Estudou em Roma com Palestrina, à época responsável pelo Seminário Romano, vindo a sucedê-lo em 1573, estabelecendo-se depois em Madrid. Das obras em programa destacam-se algumas incluídas na publicação Tenebrae Responsories, um conjunto de 18 motetes a 4 vozes, compostos para os três últimos dias da Semana Santa, e publicados em Roma, em 1585, por Angelo Gardano. Judas, mercator pessimus é um responsório das matinas de Quinta-Feira Santa, com texto do Evangelho de S. Lucas, que retrata a traição de Judas. O responsório Tenebrae factae sunt, para ser cantado nas Matinas de Sexta-Feira Santa, com texto dos Evangelhos de S. Mateus e S. Lucas, concede ênfase ao momento da crucificação. Caligaverunt oculi mei, também para Sexta-feira Santa, foca a temática do sofrimento, com um tratamento musical expressivo. Ainda pertencente ao Tenebrae Responsories, O Vos Omnes foi composto para as Matinas de Sábado Santo, existindo também um motete de Victoria com o mesmo título, de 1572. Por seu turno, Popule meus é um dos mais conhecidos motetes do compositor, publicado em Roma, em 1885, nos Ofícios da Semana Santa. Victoria privilegia as harmonias simples, a homofonia e a expressividade vocal que caracterizam o seu estilo.
É também incluído no programa o compositor italiano, pertencente à escola romana, Felice Anerio (1560-1614). Substituiu Palestrina, a partir de 1594, como compositor do coro papal, tendo ajudado na reforma dos responsórios do Gradual Romano. Christus factus est representa uma das suas obras mais conhecidas, ainda que não se encontre entre aquelas publicadas durante a sua vida, datando as primeiras fontes de 1840.
Do compositor português Estevão de Brito (c. 1570-1641), natural de Serpa, é apresentado o Hino Stabat Mater Dolorosa, encontrado na Catedral de Málaga, onde foi mestre de capela a partir de 1613, até à sua morte. Brito estudara com Filipe Magalhães na Sé Catedral de Évora, num período áureo da polifonia renascentista em Portugal.
A autoria da obra Crux fidelis, tem sido atribuída da D. João IV (1604-1656), ainda que persistam muitas incongruências factuais no que à data de composição diz respeito. Tal atribuição aparece num de onze volumes de música antiga publicado em Paris entre 1843-5 que a datam de 1615, altura em que o Rei músico teria 11 anos. Por outro lado, alguns especialistas debatem-se com questões composicionais que a colocam num estilo mais tardio, numa obra que, apesar das dúvidas, apresenta um belo exemplo de expressividade vocal. O programa encerra com duas obras do compositor barroco italiano Antonio Lotti (1667-1740), nome cimeiro da música veneziana, cidade onde ocupou vários cargos na Basílica de S. Marco, incluindo o de mestre de Capela.

Fonte: https://em.guimaraes.pt/agenda/geo_evento/coro-vilancico
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