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Grupo Coral de Azurém • TetrAcord’Ensemble

Grupo Coral de Azurém • TetrAcord’Ensemble

A expressividade vocal constitui um dos denominadores comuns das obras apresentadas neste programa. O motete para coro misto, Sangue de Cristo, do compositor e cónego português Manuel Faria (1916-1983), revela grande sensibilidade e profundidade. Segue-se Cantique de Jean Racine, op. 11, do compositor francês Gabriel Fauré (1845-1924), com o texto que é uma paráfrase do hino Consors paterni luminis para as Matinas de Terça‐Feira. A obra foi estreada em 1866 e é marcada pela textura homofónica, contorno melódico e recursos harmónicos que caracterizam o estilo do compositor. A expressividade dos 46 compassos de Ave Verum corpus K. 618, de W. A, Mozart (1756-1791), marcam esta obra, composta em 1791, no seu último ano de vida. As linhas melódicas e ambiente devocional emergem na obra Ave Maria atribuída a Giulio Caccini (1551-1618), mas que foi composta pelo compositor e guitarrista russo Vladimir Vavilov (1925-1973). O tratamento expressivo e emocional dos textos de Ubi Caritas e The Ground assinalam a abordagem do compositor e pianista norueguês Ola Gjeilo (1978). O programa termina com a Missa Brevis em sol Maior, K. 140, composta por W.A. Mozart em 1773, na qual denotamos o uso de recursos operáticos, atingindo momentos de grande delicadeza e sensibilidade.

PROGRAMA

Sangue de Cristo – Manuel Faria *
Cantique de Jean Racine. Op.11 - Gabriel Fauré *
Avé Verum Corpus, k. 618 – W.A. Mozart *
Ave Maria - Giulio Caccini **
Ubi Caritas - Ola Gjeilo **
The Ground - Ola Gjeilo **
Missa Brevis em sol maior, kv. 49 – W.A.Mozart */**

Grupo Coral Azurém
Remonta ao ano de 1952 a fundação do Grupo Coral de Azurém, que muito deve ao Padre José Fernandes Ribeiro então pároco da freguesia a solidificação deste Coral que conta hoje 69 anos de intensa atividade dedicados à divulgação da música Coral religiosa e profana.
De referir também a figura do Dr. Francisco do Nascimento Coutinho Brandão, que de uma forma desprendida mas persistente colaborou na sua consolidação.
É contudo com a chegada do saudoso Cónego Dr. Manuel Faria, grande compositor, senão o maior compositor português de música Sacra do século XX, que dedicou a este Grupo os últimos 20 anos da sua vida, que o Coral de Azurém atinge uma forte projeção a nível nacional e internacional.
Após o seu falecimento em 1983, sucedeu-lhe na Direção Artística seu sobrinho e afilhado Dr. Boaventura Faria, cargo que por razões profissionais teve de abandonar em Junho de 2007. Durante o largo período em que foi Diretor Artístico o Grupo Coral de Azurém atingiu o grau de qualidade que lhe é reconhecido.
Seguiram-se na Direção do Coral por curto período de tempo, a Dra. Isabel Trindade e o Professor Hermano Filipe até à chegada do atual Diretor Artístico, Professor Adriano Gonçalves, que no início de 2012 assumiu a Direção Artística do Coral contando presentemente com a colaboração de jovens ensaiadores, nomeadamente Guilherme Moreira e também do jovem Pianista Simão Neto.
Não sendo possível fazer-se aqui (por demasiado longa) uma resenha das suas atividades ao longo dos 69 anos de história referimos todavia algumas das suas mais expressivas atuações: Sagração de Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, como Bispo Auxiliar de Braga; inauguração do Centro Apostólico do Sameiro; celebração dos 900 anos da Sé Catedral de Braga; participação no solene Te-Deum, nas comemorações do Dia de Portugal na Sé de Braga, transmitido diretamente pela RTP; participação na cerimónia de entrega da Rosa de Ouro à Senhora do Sameiro, por Sua Santidade o Papa João Paulo II cerimónias estas igualmente transmitidas diretamente para todo o mundo católico, pela TVI.
Organizou na cidade de Guimarães o II Encontro de Coros do Minho em 1993 e o XVIII no ano de 2013; participou nos vários Encontros de Coros do Minho; nos Encontros de Coros do Norte de Portugal; IX Encontro de Coros de Viseu; XII festival de Coros do Algarve e IX encontro Internacional de Coros de Faro, para além da participação em Concertos em praticamente todas as cidades do país.
A nível internacional, destaque para os Concertos efetuados nas cidades espanholas de Orence, Celanova, Salamanca, Cariño, Santiago de Compostela e Ceuta, tendo também representado o nosso País nas festas Corais de Brive, em França no ano de 1993.
Em 2002, ano em que o Grupo Coral de Azurém completou meio século de existência, na sessão solene comemorativa do Dia Um de Portugal, recebeu da Câmara Municipal de Guimarães, a Medalha de Mérito Cultural, em ouro.

O TetrAcord’Ensemble nasceu em Guimarães e é constituído por Sandra Azevedo (soprano), Marisa Oliveira (contralto), Leonel Gomes (tenor), Guilherme Moreira (baixo) e Simão Neto (piano).
Formado em 2016, mas já fortemente alicerçado, este ensemble caracteriza-se pela sua versatilidade e irreverência na escolha de repertório, que abrange géneros muito distintos, o que lhe tem permitido atuar nos mais diversos e referenciados palcos a nível nacional.
Fez a sua estreia em concerto no âmbito da Programação Cultural de Verão do Município de Guimarães, coincidindo com a inauguração de uma nova praça no Centro Histórico - Largo de Donães. Desde então, vem sendo convidado a participar nos mais diversos festivais nacionais e internacionais, tais como: “Anima-te”, “Brasilianisches Kulturfestival”, “Caminhos da Natureza”, “Courage Club”, “Guimarães Allegro”, “Guimarães no Ponto”, “Karma is not a fest”, “Mucho Flow”, “Os Clássicos vão ao Interior”, “ZigurFest”, entre outros.
Na Cidade Berço destacam-se várias apresentações em público, nomeadamente nas
Festas da Cidade e Gualterianas, no Mês Cultural Raul Brandão, na Gala do Desporto, no Aniversário do Multiusos de Guimarães, na Sessão Solene Evocativa do "Dia da Liberdade" pelas Comemorações do 25 de Abril e na Cerimónia de Abertura da 50.ª
Edição do Rally de Portugal.
No campo da ação social, organizou um Concerto Solidário de Natal a favor do Programa “Guimarães Acolhe” e participou na Gala Solidária “Guimarães de Mãos Dadas”.
Enquanto agrupamento solista, colaborou com a Banda Musical de Caldas das Taipas e com a Banda Musical de Pevidém, sob a direção dos maestros Charles Piairo Gomes e Vasco Silva de Faria.
Teve uma participação especial no disco de Dada Garbeck, “The Ever Coming – Vox Humana”, editado pela Discos de Platão.
Alguns dos seus trabalhos foram já difundidos pela Antena 3 e RTP.
Recentemente estreou a sua primeira obra original, um espetáculo intitulado de “Quem Tem Medo da Flor do Campo?”, com música de Rui Souza e texto de Pedro Bastos, inserido nas Comemorações do 20.º Aniversário da Elevação de Guimarães a Património Cultural da Humanidade.

Notas ao programa:
O motete para coro misto, Sangue de Cristo, foi escrito pelo compositor e cónego português Manuel Faria (1916-1983), nascido em Seide. O seu percurso musical é revelador de uma busca pelo conhecimento musical, tendo-se dedicado à música sacra e secular. Em 1939, ano em que foi ordenado sacerdote, foi estudar para Roma, no Pontificio Istituto di Musica Sacra, tendo concluído ali a sua formação, em 1943. De volta a Braga, teve grande relevo no modo como incutiu um novo espírito de composição de música litúrgica. Fundou a Nova Revista de Música Sacra, em 1971, e colaborou com vários periódicos e com a rádio. A obra Sangue de Cristo foi composta em 1981, datada de 19 de março, dia de S. José, com o poema de Moreira das Neves, dedicada ao Coro Paroquial de Fafe. A marcação lento-dolente permeia a conceção expressiva do motete, no qual as vozes são enquadradas em diferentes dinâmicas de belo efeito.
Do compositor francês Gabriel Fauré (1845-1924) é apresentado em programa Cantique de Jean Racine, op. 11. A obra foi composta quando completava, aos 19 anos, os seus estudos na École Niedermeyer de Paris, onde a apresentou a concurso, tendo obtido o 1.º prémio. Fauré selecionou o texto de Jean Racine (1639-1699), uma paráfrase do hino Consors paterni luminis para as Matinas de Terça‐Feira, incluída no Breviário Romano, traduzido para o francês em 1688. Composta em 1865, para coro e órgão/piano, foi posteriormente revista na versão para orquestra de câmara e coro. A estreia teve lugar em 1866, sendo apresentada posteriormente, na versão com orquestra, em 1875, sob direção de César Franck (1822-1890), a quem a obra é dedicada. A linguagem musical utilizada deixa antever alguns dos recursos que utilizará no seu Requiem, destacando-se as secções homofónicas e o contorno melódico que caracteriza a sua escrita.
Noutro contexto, surge a expressiva obra Ave Verum corpus K. 618, de W. A, Mozart (1756-1791), composta em 1791, no seu último ano de vida. Esta última obra, com 46 compassos, foi terminada a 17 de junho desse ano e estreada 6 dias depois em Baden, por ocasião das festividades do Corpus Christi. Naquela cidade residia o seu amigo Anton Stoll, director de um pequeno coro na igreja local. O texto surge num manuscrito de Reichenau, datado do séc. XIV, abordando a temática da transubstanciação e da redenção. A obra apresenta linhas melódicas simples apoiadas no acompanhamento instrumental do órgão e das cordas, com grande expressividade e o mais elevado ambiente de religiosidade.
Com outras características, surge a obra Ave Maria questionavelmente atribuída a Giulio Caccini (1551-1618), e que foi composta pelo compositor e guitarrista russo Vladimir Vavilov (1925-1973), que manteve muitas das suas composições anónimas. Trata-se de uma obra de grande beleza que eleva o ambiente devocional a uma outra dimensão expressiva, quer no tratamento vocal, quer instrumental.
Do compositor e pianista norueguês Ola Gjeilo (1978) é apresentado em programa a obra Ubi Caritas, um dos mais antigos hinos cristãos que remonta possivelmente à idade média. Por este motivo, Gjeilo procura manter em alguns locais um ambiente sonoro ligado ao canto gregoriano, concedendo depois um tratamento polifónico que, expressivamente, dá vida às palavras “Onde houver caridade e amor, aí está Deus (...)”. A obra The Ground de Gjeilo, para coro, piano e cordas, é baseada no último andamento da sua Sunrise Mass, de 2008, pretendendo-se um efeito de chegada e conclusão, onde a música nos fornece um rico substrato emocional.
Regressando a Mozart, surge em programa a Missa brevis, em sol Maior, K. 140, por vezes denominada “Pastoral”. Foi composta em 1773, em Salzburg, num período intenso marcado pelo regresso da sua viagem a Itália, onde estreara, em Milão, a ópera Lucio Silla (1772). A obra divide-se nos seis andamentos correspondentes ao ordinário da Missa, nomeadamente Kyrie, Gloria, Credo Sanctus, Benedictus e Agnus Dei, numa obra escrita para solistas, coro, cordas e órgão. Mozart convoca à partitura diferentes recursos estilísticos que marcam, por exemplo o Kyrie com um carácter solene, ou um tom quase operático no tratamento melódico do Credo, utilizando texturas expressivas que lhe permitem alcançar um leque de diferentes sonoridades, como o final de grande delicadeza.

Fonte: https://em.guimaraes.pt/agenda/geo_evento/grupo-coral-de-azurem-tetracord-ensemble-22
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