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Nos 200 anos da extinção do tribunal do santo ofício

Nos 200 anos da extinção do tribunal do santo ofício

“A extinção do Tribunal da Inquisição em Portugal, determinada por resolução das Cortes Constituintes, de 31 de março de 1821, e promulgada por decreto da Regência de 5 de abril desse ano, pôs fim a um longo período de vida histórica do Tribunal do Santo Ofício, erigido, em Lisboa, no distante ano de 1536. Instituído a pretexto da defesa da pureza da Fé, os seus ministros e servidores atuaram, ao serviço da Igreja e das políticas do Estado, na extirpação das heresias e no sustento da ortodoxia da Religião Católica, deixando um lastro de perseguições, prisões, penas e condenações à morte das suas imensas vítimas, homens e mulheres, fossem elas cristãos-novos, mouriscos, protestantes, bruxas e feiticeiros, sodomitas, bígamos, falsos profetas e clérigos desviados da ortodoxia eclesiástica, entre tantos outros casos de vida. Os seus modos de atuação privilegiaram a denúncia e o medo, as fobias antissemitas, o cárcere e a tortura, sequestros de bens e desterros, os autos-da-fé e o relaxamento à fogueira daqueles que os inquisidores sentenciaram como delinquentes e relapsos da Fé. O leiriense e historiador António José Saraiva caracterizou a Inquisição como «Fábrica de cristãos-novos». Leiria e toda a sua região foram particularmente tocadas pela ação do Santo Ofício, aludindo as fontes históricas aos anos «das grandes prisões» de cristãos-novos, nesta cidade, multiplicando-se, nesses séculos, entre a população maioritária dominante, o número de agentes e de familiares do Santo Ofício, ao mesmo tempo que alguns dos bispos e outros eclesiásticos conventuais desta diocese, se cruzavam nos corredores dos tribunais da Inquisição no exercício do despacho inquisitorial. O presente encontro científico propõe-se trazer a Leiria um forum de estudo e de reflexão em torno desse passado de extrema violência, precisamente na passagem dos 200 anos após a extinção da Inquisição, num momento em que, na Europa e no Mundo, entre memória e eclipses de utopias de cidadania, ressurgem as batalhas, contra totalitarismos e racismos, em torno dos valores identitários da Liberdade, da Democracia, da Justiça e da Tolerância.”

Saul António Gomes

Fonte: https://www.cm-leiria.pt/municipio/gabinete-de-comunicacao/espetaculos-e-eventos/evento-54/nos-200-anos-da-extincao-do-tribunal-do-santo-oficio
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