20:00 até às 23:00
Fim de Emissão#6 | Yedo Gibson | Cortina Flux | Barata Cósmica | Lynce (dj)

Fim de Emissão#6 | Yedo Gibson | Cortina Flux | Barata Cósmica | Lynce (dj)

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Choque – Repetição. Choque – Repetição. Nunca uma imagem foi vista tantas vezes como a colisão entre os dois aviões e as Torres Gémeas. Nunca um sentimento de surpresa, choque e repulsa foi tão amplificado. Passaram-se 20 anos sobre o facto. Mas, e muito mais pertinente que o rever à exaustão é reflectir sobre o impacto que o mesmo teve na forma como vivemos quotidianamente. A recusa em aceitar o outro, o diferente – seja a cor da pele, hábitos ou religião. Tudo é objecto de desconfiança. Tudo se transforma rapidamente em beligerância fulminante. Ainda, e como consequência, a banalização do termo terrorismo, remetendo-o exclusivamente para grupos com ideais contrários à ordem dominante ou ainda a prevalência da ideia de segurança em detrimento de liberdade. Segurança e as subsequentes políticas de vigilância, de controlo, da penalização ad nauseam de todo o discurso crítico ou não conforme, seja directamente, seja através de um centro que tudo aglutina, transformando a mínima ameaça ou forma de contestação num mero apontamento, quando não transformado em situação grotesca e absurda. A lista é infindável. A reflexão terá que ser muito mais aprofundada e abrangente. Com o Fim de Emissão#6, pretende-se questionar se a forma como vivemos não será consequência directa e pesada das medidas políticas tomadas pós 11 de Setembro. Uma noite que começa com fulminância  sonora de Yedo Gibson, continua com Cortina Flux, projecto bem ancorado no espaço da improvisação e com Barata Cósmica, que bela imagem para a condição humana contemporânea. A terminar Lynce (dj) com um set apropriado à ocasião. Ainda exposições de Suc Cess, Fernando Ribeiro, Margarida Dias Coelho, João Fonte Santa

YEDO GIBSON | Saxofonista e compositor Yedo Gibson deixou o Brasil em 2001 em busca da liberdade musical, chegou em Londres onde fez parte da London Improvisers Orchestra e tocou com músicos como Veryan Weston, Márcio Mattos, John Edwards, Ingrid Laudbrok, Lol Coxhil, Steve Beresford e Steve Noble, teve seu primeiro disco editado na Europa com o grupo Caetitu com Marcio Mattos, Veryan Weston e o baterista alemão Martin Blume, dois anos depois foi para Amsterdão ond estudo composição, fundou sua orquestra Royal Improvisers Orchestra, teve seu trio EkE com Oscar Jan Hoogland e Gerrie Jager e se tornou integrante do Naked Wolf com Luc Ex no baixo elétrico. Além de seus grupos fixos, Yedo trabalhou extensivamente com músicos como Han Bennink, Ab Baars, Susana Santos Silva, Kaja Draksler, John Dikeman, Onno Goevart e outros músicos da cena holandesa, agora Gibson vive em Sintra e é integrante do Miguel Mira Trio, Muliverse, Fish Wool e Tread entre outros projetos em Portugal.
youtube.com/watch?v=K5Cl6MtwgTA | soundcloud.com/yedo-gibson

CORTINA FLUX | Duo lisboeta de música experimental fundado em Abril de 2018 por Mary Abigail (aka Maria Ana Flores) e Shane MiG-L, assente numa filosofia baseada num dadaísmo bucólico, criando um universo de sons a partir de gravações field recording e nas múltiplas possibilidades no campo da música concreta. O primeiro concerto foi em Janeiro de 2020 e desde então caracterizam-se por uma intensa improvisação ao vivo, sendo que é natural afirmar-se que – dois concertos nunca serão os mesmos.
cortinaflux.org | cortinaflux.bandcamp.com | instagram.com/cortina.flux | facebook.com/cortinaflux

BARATA CÓSMICA | Duo barreirense composto por André Neves (tcp. George Silver) e Bruno Contreira que explora o espaço através de máquinas. É fora das linhas convencionais do tempo que a Barata cria a sua própria realidade e descreve o imaginário que habita. Este imaginário cósmico está repleto de elementos do universo, que é materializado pelo som que é produzido. Entre 2020 e 2021 lançaram dois álbuns - "Enigma do Morcego" e "Exploração do espaço cósmico" pelas editoras Panama Papers e Outer-Sphere Collective respectivamente. Entre nebulosas, quasares e estrelas, assim vai navegando a Barata pelo lado místico e etéreo do Cosmos.
panama-papers.bandcamp.com/album/o-enigma-do-morcego

LYNCE (dj) | Se pudermos encapsular todas as ramificações que se conjugam na teia musical das culturas e sub-culturas urbanas, e não delimitarmos restrições espaço-temporais no que toca a fenómenos de experimentação, atitude DIY, protesto político e artístico, clarividência criativa ou puro “geekness” computacional, deparamo-nos com a liberdade que sente e expressa DJ Lynce quando seleciona discos. Uma figura que incorpora o inconformismo e a irreverência e estremece a ideia do que é ou não um DJ. Poderia tecer de uma ponta à outra um fio de géneros e sub-variações do universo musical que partilhamos, mas ouvindo sabe soundcloud.com/djlynce | mixcloud.com/BATIDA/dj-lynce | melhor.instagram.com/_lynce_ | 


SUC-CESS | projecto 9:11am - O projecto parte de sessenta stills de um vídeo, supostamente captado durante o ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque, a onze de Setembro de 2001, correspondendo na sua totalidade a sessenta segundos da dispersão da nuvem de cinzas resultante do colapso de uma das torres. À partida, o livro apresenta-se como um bloco negro, um monólito sem mácula e que nada revela, cuja leitura apenas pode ser efectuada pela revelação das imagens impressas, através do uso de uma fonte de calor. Este objecto, cujas sessenta e quatro páginas foram inteiramente cobertas com tinta termocrómica preta, remete de forma bastante directa para o monólito da Space Odissey de Arthur C. Clark e do filme 2001: A Space Odyssey, de Stanley Kubrick. Neste último, o monólito, representado como uma caixa negra impenetrável e indestrutível, funciona como um rastilho para uma evolução tecnológica. Em 9:11am, recorremos ao uso de uma fonte de ignição/calor como forma de revelar algo que está escondido, numa reflexão que tanto pode incidir sobre a descoberta do fogo, sobre a produção de ferramentas, ou até os seus impactos na evolução humana e a sua utilização para fins bélicos. 
As imagens utilizadas no projecto 9:11am foram retiradas de um vídeo intitulado What we saw, publicado por Bob & Bri, um suposto casal americano, cinco anos após o ataque de 9 de Setembro de 2001. O excerto utilizado apresenta uma visão frontal da queda da torre, desde a janela de um apartamento. Especulou-se sobre a veracidade deste vídeo, uma montagem visual e sonora captada a partir de um ambiente familiar, executada de modo a maximizar exponencialmente os seus efeitos emotivos Nos finais do ano 2000, as agências noticiosas começaram a difundir uma imagem insólita nos media de todo o mundo. Insólita, na medida em que mostravam uma obra de arte de um país pobre como o Afeganistão, os Budas de Bamiyan, ativados todos os alarmes informativos, na secção de política internacional, quando o normal seria que alcançasse, quando muito, um comentário na secção de cultura.
A escassa qualidade do vídeo denunciava que era aquela a única imagem disponível nos arquivos, e isso, por sua vez, talvez acabasse de ser descoberto pelo mundo civilizado. A notícia era a ameaça pelo regime talibã: fora anunciada a demolição, a qualquer momento, da imagem infiel.
Em fevereiro de 2001, destruíram, enfim, a efígie. Quando, em setembro do mesmo ano, alguém destruiu outro gigantesco ícone cultural em Nova Iorque, já tínhamos uma representação simbólica do inimigo. Esta ordem dos factos sempre pareceu suspeita. Alexander Medvedkin, num filme realizado no momento mais entusiástico da revolução soviética, serve-se de um comboio que avança na nossa direção para sugerir o impulso imparável da nova era. Até aqui, trata-se apenas de uma metáfora que liga o comboio ao progresso e o cinema ao comboio no nosso mundo simbólico. A chaminé desse comboio, todavia, não emana fumo, mas fogo. E de fogo e de fumo, não é uma ameaça, é uma suspeita. É assim que o signo funciona. O signo é antes de mais, na sua materialidade, um significante. O significante “fogo” não significa o mesmo num incêndio florestal na beira baixa, numa caixa de multibanco em Paris ou num centro comercial de Los Angeles. A vantagem da arte é trabalhar com a materialidade dos signos antes desta solidificação do significado. Assim sendo, todos os leitores do 9:11am devem transformar-se em colaboradores da suspeita.
g03.org/suc_cess

Entrada | 04 Euros, exclusiva a sócios
Capacidade limitada, mediante as normas em vigor
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