A praia, deserta, é muito longa, com uma areia muito clara e fina. É interrompida por rochedos sobre os quais se erguem as ruínas da cidadela fortificada que em tempos os Maias construíram. A atmosfera é quente, a água do mar morna. Sopra uma brisa fresca e oiço apenas o som do mar e dos pássaros. Estou no México, na península de Yocatan, mais precisamente em Túlum. Embora tenham decorrido quatro meses desde que parti de Lisboa, a sensação que tenho é que deixei Portugal à uma imensidão de anos, quase como se tivesse partido num século já passado. Cada mês é mais uma etapa da rota delineada á bastante tempo, que me tem levado de uma terra para outra, de cidade para cidade, de país para país. O tempo passa muito rápido, preenchido sempre com uma infindável sucessão de acontecimentos. Cada dia, mesmo preenchidos com problemas ou contrariedades, é uma recordação que nunca poderei esquecer. Cada dia é mais um dia na terra do Nunca! Vivo cada dia como se o passado não existisse e o futuro fosse uma ilusão. A realidade que sinto é apenas este momento em que escrevo nesta praia onde estou. Toda a vastidão do universo estende-se apenas até ao limite da minha visão; o horizonte, o céu, a praia. Tudo o que existiu ou existirá é apenas ficção. O tempo e o espaço deixam de ter contornos bem definidos, referenciados não por unidades temporais ou métricas, mas pelas dimensões abstratas da perceção. Viajar na terra do nunca é descobrir esse território interior onde a harmonia entre nós próprios e o universo se estabelece.
Organização: Câmara Municipal de Évora Contactos: 266777000 | margarida.branco@cm-evora.pt | paulovelosa50@mail.com
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