Um concerto onde se celebra a liberdade conquistada pelo 25 de Abril de 1974 através da música de intervenção, por uma formação onde o clássico e o jazz se fundem.
A 24 de Março de 2022, a democracia portuguesa superou em um dia os 48 anos de tempo de vida da ditadura, dando o mote para o início das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Com o seu poder na construção de um imaginário comum, no desenvolvimento de referências que promovem uma identidade social partilhada e de carácter agregador, a cultura - e muito em particular a música - desempenhou um papel assinalável na consolidação de uma sociedade democrática em Portugal. Com efeito, perante a ameaça de fratura (entre classes, entre tendências políticas) que naturalmente sucede a um período revolucionário, os fatores de coesão do tecido social, nos quais se inclui a produção cultural de um País, podem contribuir para ultrapassar de forma transversal o radicalismo e o entrincheiramento, desviando o fervilhar ideológico de uma postura faccionada e direcionando-o no sentido do debate democrático pela construção do bem comum. A música de intervenção e de protesto - com o papel que se lhe conhece durante o período ditatorial na inspiração de uma larga camada da população através da beleza dessa forma de contestação, despertando e alimentando sensibilidades não só para a necessidade como para a possibilidade de um futuro mais luminoso - não se cingiu apenas a ser um dos elementos cruciais no panorama que acabou por conduzir à Revolução, manifestando-se então como sua banda sonora. Constituiu-se afinal, também, como ponte para o período pós-revolucionário, fonte sempre renovável desse imaginário comum. De um símbolo de ação contestativa transformou-se em motivo de lembrança d'"O dia inicial inteiro e limpo " de Sophia, remetendo-nos agora a todos em cada audição para, do atordoamento do quotidiano e da rotina nos elevarmos em esperança, celebrarmos as conquistas do 25 de Abril e, perante os desafios que sempre surgem, continuarmos a lutar por um futuro cada vez mais justo, igualitário e democrático. Luís Bastos Machado
"Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo" Sophia de Mello Breyner Andresen, "25 de Abril", in O Nome das Coisas (Lisboa: Assírio e Alvim, 1977). Publico Alvo: M/06 Entrada livre sujeita à lotação da sala Duração aproximada: 60min. Org.: CMB Público-alvo: M/6 Entrada livre sujeita à lotação da sala Duração aprox.: 60 min. Org.: CMB