18:30 até às 00:00
getting back to old feelings

getting back to old feelings

Inauguração 16/3 das 18h30 às 21h30
Passevite - aberto de 2ª a sáb. das 16h às 00h

getting back to old feelings | Marta Pombo

getting back pode, em português, ser a ação de voltar a um mesmo assunto, voltar a um sítio onde já se esteve, retomar uma mesma atividade, devolver a chamada a alguém mais tarde. Seguido da preposição at, poderia mesmo referir-se à ação de vingar, pagar na mesma moeda.

Uma longa tendinite fez-me procurar variedade nos gestos. Chateada com a mão direita, comecei a pintar retângulos pretos com a mão esquerda. A dificuldade em fazer as coisas diárias trouxe à tona uma vulnerabilidade que estava bem submersa numa independência e autonomia exageradas. A inocência da mão esquerda relembrou ao cérebro a aprendizagem da destreza durante a infância.

Com a mão direita a melhorar, os recortes de revistas começaram a saltar para os retângulos pretos e a ressaltar na sua escureza.

Chateada com a mão direita, voltei a virar-me para dentro.

Com a mão direita a melhorar, voltei a fazer aquilo que consigo fazer melhor, de forma mais automática. Já conheço de cor o gesto de cortar e colar. O meu olhar para selecionar a imagem que quero sacar exclui automaticamente o que a rodeia. Voltar a isto, à zona de conforto apenas física - a repetição, a exaustão do processo de cortar e colar - faz aparecer montes de imagens que vêm de segundos de uma memória, como um printscreen ou um frame de uma memória muito específica.

A repetição exaustiva destes gestos levou-me, primeiro sem querer e depois por vontade de secar esta fonte, a revisitar sentimentos há tanto abafados. (Não fazia ideia que estava assim por dentro.)

A repetição exaustiva destes gestos levou-me, primeiro sem querer e depois por vontade de secar esta fonte, a focar em memórias que identificava como bugs* da infância e das duas adolescências que tive.
 
A repetição exaustiva destes gestos levou-me, primeiro sem querer e depois por vontade de secar esta fonte, a dar forma a memórias específicas, marcantes, mais ou menos confusas na altura e ainda hoje; a regressar à infância, a pensar na velhice, a reviver relações e solitudes.

*Um bug de software é um erro, falha ou falha no design, desenvolvimento ou operação de software de computador que faz com que ele produza um resultado incorreto ou inesperado ou se comporte de maneira não intencional.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
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