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Margarida Belém e Pedro Noronha

Margarida Belém e Pedro Noronha

O Diário dos Sonhos ou Labirintos, de Pedro Noronha, desafia a leitura, subvertendo-a: as geometrias, os grafismos surgem a par da imagem com uma identidade própria, não dependentes da palavra, de uma língua, de uma gramática; os sonhos na tela vão-se escrevendo como registo ao arrepio da leitura, da escrita e da significação; mas não deixam de se constituir enquanto registo diarístico, enquanto imagem difusa, necessariamente ilegível, nos interstícios mais fundos da intimidade; expõe-se a escrita dos sonhos na ambiguidade irónica que impede a sua leitura: cor, sombras, quadrados, a reenviar para uma identidade difusa, que resgata o embrião da palavra, no seu estado primordial, sem significados, só com sentidos, com sensações, uma dobra que se curva do lado mais aquém da realidade. 

Também é a identidade e a memória, enquanto registo escrito e traçado, o fio de Ariadne que percorre os Labirintos, de Margarida Cunha Belém. A memória pessoal cruza-se com a cultura antiga, história civilizacional e o mito, esse tudo/nada, preenche as telas juntamente com as palavras, as palavras da poesia, as palavras da História, a antiguidade que está na massa do contemporâneo, as raízes, que se julgam perdidas, mas que se reencontram no pulsar diário da vivência quotidiana. Trata-se de «um caminhar na língua aguçada [do] silêncio 1 , só quebrado pelo «canto rouco rouco/das cigarras de Cnossos […] como dizem os versos de David Mourão Ferreira.

Rita Taborda Duarte

Segunda a sexta, das 14h às 20h

Fonte: https://agendalx.pt/events/event/margarida-belem-e-pedro-noronha/
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