Aos 91 anos Eunice Muñoz sente-se preparada para abandonar os palcos. Mais que uma despedida, o espetáculo A Margem do Tempo é um passar de testemunho à sua neta Lídia Muñoz e às gerações vindouras.
A reconhecida actriz assume mais uma vez um papel interventivo na sua carreira, neste espetáculo íntimo, onde avó e neta contracenam ao som de uma banda sonora original criada e interpretada pelo maestro Nuno Feist, confrontando-nos com várias reflexões sobre a mulher na nossa sociedade.
- Que vida a que nos é permitida pela actual sociedade? - Conquistadas as 40 horas de trabalho semanal, o que são as outras 128? Tempo livre para o exercício de que liberdade? - Que vida a de uma mulher empregada de uma fábrica, na meia idade, sem vida sexual? - Até que ponto isto por que lutámos desde o princípio do século, o poder de uma mulher ganhar a sua vida e viver a sua vida só, veio alterar a sociedade? Ou até que ponto não foi só arranjar um lugar nas margens da sociedade, lugar improvisado provisório, vida interina? - Numa sociedade organizada sobre as relações de produção e sobre a família, que lugar tem a mulher só?
Com encenação de Sérgio Moura Afonso, A Margem do Tempo é um espetáculo sem palavra onde a música tem um papel fundamental podendo mesmo ser considerada um terceiro actor.
Em A Margem do Tempo , o autor Franz Xaver Kroetz faz-nos viver um fim-de-tarde da senhora Rasch. Uma peça marcante de 1978, mas sempre actual!
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