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Festival CriaSons

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“Tempos e Modos da Cítara Portuguesa” de Pedro Caldeira Cabral

A cítara portuguesa tem vindo a despertar o interesse crescente do público atento à fruição de géneros musicais diferentes do uso popular deste instrumento no acompanhamento do fado. A sua apresentação no contexto de festivais de música clássica é cada vez mais frequente. Para tal temos contribuído, desde a década de 1970, com a criação de um novo repertório solístico alargado, constituído por composições originais e transcrições de peças de música do passado originalmente concebidas para instrumentos de corda dedilhada da tradição europeia (cítara, alaúde, viola de mão) ou os de tecla (cravo e pianoforte) de cuja identidade tímbrica se aproxima. Desde a sua origem, no século XVI, este cordofone era conhecido entre nós pelo nome de cítara e tocado nos meios aristocráticos, abrangendo o seu repertório vários géneros: o acompanhamento do canto, a execução de peças de dança, as versões transcritas de canções polifónicas, simples ou glosadas e de fantasias instrumentais a solo. Integrava também frequentemente os conjuntos vocais e instrumentais, realizando uma função harmónica e rítmica, a par das violas, da harpa, do cravo e do órgão. Na segunda metade do século XVIII a cítara foi renomeada guitarra, sendo revalorizada socialmente em Inglaterra e em Portugal e usada em contexto doméstico a solo e em pequenos grupos de música de câmara (cravo, violino, violoncelo ou trompas, etc.). No século XX em Portugal, após a criação da rádio e da edição fonográfica, a tradição musical popular do uso da cítara no fado e no folclore fez esquecer a prática musical anterior de tradição escrita. Os solos de concerto e a música de câmara ficaram também ignorados até à década de 1970. Um dos contributos da minha prática musical actual é a diversidade de estilos de composição e combinações instrumentais, tendo como instrumento solístico a cítara portuguesa. O formato de câmara em trio, em quarteto ou em pequenas orquestras de cordas tem sido regularmente praticado por mim com base num repertório que cruza as obras clássicas com peças de cariz popular e com as minhas composições originais. Desde a década de 1970 que as minhas actuações e gravações com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, a Orquestra Sinfónica de Londres (LSO), a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Sinfonietta de Lisboa, a Orquestra de Câmara do Centro ou a Orquestra de Câmara da Madeira demonstram a capacidade e o interesse em integrar a cítara portuguesa nestes conjuntos instrumentais, ainda que pontualmente. O século XX assistiu à requalificação social e musical do instrumento, entretanto elevado à categoria de símbolo identitário, frequentemente incluído em representações pictóricas eruditas (de Mário Eloy, Cândido da Costa Pinto a Júlio Pomar e Graça Morais), citado pelos mais famosos poetas (de Fernando Pessoa e Sophia de Mello Breyner Andersen a Manuel Alegre). A cítara portuguesa de hoje entrou definitivamente na categoria de instrumento de concerto, apreciada internacionalmente, representada por um conjunto alargado de intérpretes, apostados na divulgação das várias vertentes que constituem o seu reportório, bem ilustrado no programa deste concerto. A presença autoral de Alejandro Erlich Oliva neste programa constitui mais um passo numa cumplicidade artística de décadas. As suas Variações Bitemáticas para quinteto de cordas e a "nossa" Fantasia Bicéfala abrem e fecham respectivamente o serão, ambas em primeira audição absoluta.

Pedro Caldeira Cabral - Cítara portuguesa
Duncan Fox - Contrabaixo

Quarteto Lopes-Graça:
Luís Pacheco Cunha - Violino
Eliot Lawson - Violino
Isabel Pimentel - Violeta
Catherine Strynckx – Violoncelo

Ficha técnica

Organização: Festival CriaSons / Musicamera Produções
Apoio: Município de Tomar

Outras informações

https://musicamera.pt
M6 | 1h | entrada livre com levantamento prévio de bilhete

Fonte: https://www.redecultura2027.pt/pt/agenda/festival-criasons
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