M/06 Bilhete gratuito - espectáculo que integra as comemorações do 25 de Abril. Entrada pelas portas A (1ª plateia), B (segunda plateia) Uso de máscara obrigatório O título do álbum diz quase tudo: um diálogo entre o jazz e o fado, entabulado em contexto de banda. Nem sempre Júlio Resende seguiu este caminho – os seus três primeiros discos são de jazz puro e duro – mas desde 2013, com o seminal Amália por Júlio Resende, que o fado se tornou a sua principal inspiração: Fado & Further (ao vivo), de 2015, é auto-explicativo, e mesmo o electrónico Cinderella Cyborg, de 2017, tem por lá um tal de “Fado Cyborg”. Nessa primeira fase, o piano de Resende apresenta-se sozinho, ou então acompanhado apenas pela voz (a própria Amália no fantasmagórico “Medo” e Sílvia Pérez Cruz na arrepiante “Lágrima”). Agora, com Júlio Resende Fado Jazz Ensemble, o nosso algarvio predilecto segue um caminho mais ambicioso, convidando outros instrumentos para o regabofe. Se fosse só o contrabaixo e a bateria, o exercício seria, ainda assim, modesto (Bernardo Sassetti, Mário Laginha e Filipe Raposo exploraram – em raríssimas ocasiões, é certo – estéticas similares). A interessante novidade aqui é a presença de uma guitarra portuguesa, o elemento que faltava para uma síntese mais profunda entre o jazz e o fado. Grande parte do encanto do disco está na conversa atenta entre o piano de Resende e a guitarra de Bruno Chaveiro, um anunciando a melodia e o outro improvisando a resposta (num jogo de liberdade tipicamente “jazzista”)