Entrar em contacto com uma abundância insondável, suportada pelo espaço aparentemente vazio. O espaço vazio contém uma abundância, feita de todos os imaginários, as evocações, as memórias, os espaços, os tempos, presente, passado e futuro. O espaço vazio é a nossa matéria comum: é minha, é do espectador e de todas as pessoas e presenças que carregamos connosco. O espaço vazio é a matriz, o potencial de onde surgem todas as formas. É um terreno de epifanias latentes. Com o narrador de Água Viva, de Clarice Lispector, investigo o momento de emergência das formas/linguagem/dança, enquanto emissários da matriz de onde surgem. Eles aparecem e desfazem-se e redefinem-se continuamente, para deixar aparecer a sua essência. Este solo procura manter-se no momento de emergência das formas. Situa-se depois da dissolução do instante anterior, e antes da emergência do instante seguinte. Entre estes dois momentos, existe uma fenda no tempo, que escapa ao nosso controle consciente e impossibilita a definição da nossa experiência. É um hiato que permite a renovação da nossa percepção. Construir ferramentas, incessantemente, para deixar de conhecer o meu corpo e o seu ambiente, e conseguir vê-los pela primeira vez, em cada momento, como uma imensidão de possibilidades. A profusão invisível toma corpo e depois torna-se de novo irreconhecível. Situo aqui a minha busca da Dança. Criação e interpretação: Maria Varbanova | Aconselhamento artístico: Helena Martos Ramirez | Aconselhamento dramaturgia: Filipe Pereira | Fotografia: Gonçalo Fernandes | Figurinos: Paula Geleia (corte e confecção) e Joana Leal (pintura sobre tecido) | Desenho e técnica de luz: Joana Mário Rodrigues | Apoios: Câmara Municipal de Lisboa / Polo Cultural Gaivotas | Boavista, Fundação Calouste Gulbenkian, República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes | Apoio com residência: CAPa DeVIR, Estúdios Victor Córdon, Companhia Olga Roriz | Apoio com espaço de ensaio: Biblioteca de Marvila | Apoio à produção: Chão de Oliva [m/6] __________________ Reserva obrigatória até à véspera da sessão: bib.marvila@cm-lisboa.pt Entrada livre, sujeita à lotação da sala MAIS INFORMAÇÕES 218 173 000 (ter a sáb: 10h-13h e 14h-15h / Dias dos espetáculos a partir das 18h30) COMO CHEGAR Biblioteca de Marvila: R. António Gedeão Carris | 793 e 759 CP | Apeadeiro Marvila - Linha da Azambuja Coordenadas | 38º44’24.8’’N 9º06’34.7’’W __________________ A 3.ª edição de Gaivotas em Marvila, programação conjunta do Polo Cultural Gaivotas | Boavista e da Biblioteca de Marvila, tinha apresentação prevista nas últimas duas semanas de janeiro de 2021. Uma semana antes, foi decretado o segundo confinamento, o que obrigou ao reagendamento das seis propostas previstas, quatro espetáculos de dança e dois de música, para novas datas. Por essa razão, os espetáculos serão apresentados de forma mais espaçada no tempo, entre abril e julho, procurando respeitar a disponibilidade dos artistas que aceitaram o convite para participar nesta iniciativa. Esta é uma oportunidade, inédita nesta rubrica de programação, de apresentar Dança e Música, com projetos muito diferentes entre si, que revelam a capacidade criativa de um setor cultural atualmente ainda mais fragilizado e para quem estes dois equipamentos municipais, na prossecução das suas missões, continuarão a procurar contribuir para a sua sustentabilidade. Mais uma vez, estão todos convidados a passear nas gaivotas que, desta vez, entre abril e julho, nos levam até Marvila.