18:00 até às 20:30
Undine, de Petzold, e Crash, de Cronenberg, no Rivoli, Porto

Undine, de Petzold, e Crash, de Cronenberg, no Rivoli, Porto

Teatro Rivoli
Sessões Especiais
Terça, 5 de Janeiro

18h00 UNDINE
            de Christian Petzold | M/12

20h30 CRASH
            de David Cronenberg | M/18

UNDINE
de Christian Petzold
com Paula Beer, Franz Rogowski, Maryam Zaree, Jacob Matschenz
Alemanha, França, 2020 – 1h30 | M/12

Le Monde 
Positif 
Les Inrockuptibles 
Le Figaro 
Télérama 
 
Festival de Berlim – Urso de Prata para Melhor Actriz (Paula Beer) |Prémio da Crítica Internacional – Melhor Filme
European Film Awards – Melhor Actriz (Paula Beer)
Lisbon & Sintra Film Festival – Prémio Especial do Júri para Melhor Interpretação (Franz Rogowski)
 
“Se me abandonares, vou ter de te matar”, diz a protagonista ao homem por quem está apaixonada antes de se separarem no café da esquina. Mergulhando no reino subtil do fantástico, Christian Petzold reconstrói, a partir da visão de Ingeborg Bachmann, a figura mitológica da ninfa aquática Ondina, que se torna humana quando se apaixona e morre perante a traição do seu amado, transportando-a para uma história de amor do século XXI. Aqui, Undine é uma historiadora que trabalha no departamento de desenvolvimento urbanístico da cidade de Berlim, e a cidade em permanente re-construção tem uma relevância capital no filme.

«É um belíssimo filme onde Petzold parece remover do caminho uma parte crucial do seu trabalho habitual (a História, ainda que fique um “resto” na preponderância que no filme tem a história da cidade de Berlim) para ir procurar o coração de tantos dos seus filmes: o melodrama. Aqui, desabridamente mitológico: há água por todo o lado, até no nome da protagonista (a Undine de Paula Beer, que vem de Transit juntamente com Franz Rogowski e parece ser a nova Nina Hoss de Petzold), um espaço de contornos indefinidos entre realidade e fantasia (é lá que a “materialidade” de Berlim se torna decisiva como lastro a segurar o filme) e uma maneira de filmar o par, ou mesmo o casal, que caminha decisivamente para um romantismo cada vez menos distanciado quanto mais se aproxima do fim. É o primeiro “filme de amor” de Petzold.»
Luís Miguel Oliveira, Público    

«A relação do novo trabalho de Christian Petzold com o passado é complexa, misteriosa e o papel de Berlim – embora pareça subterrâneo – neste filme tem uma importância que nenhuma outra cidade jamais teve na obra do realizador alemão. Há aqui um combate entre o humano e o monstruoso em que nem sempre é líquido identificar quem é o quê. Nada de espantar: o cinema de Petzold foi desde sempre permeável a fantasmas, sobretudo aos da História, com amores magoados, quando eles não são impossíveis. “Barbara”, “Phoenix” e “Transit”, os três últimos filmes de Petzold, são provas disso. […]
“Undine” é um filme de sortilégios e de simulacros, com estranhos chamamentos e inexplicáveis tentações. E uma das obras mais arriscadas, mais radicais de Petzold desde sempre, e sem querer dizer mais, há muitos twists e bruscas mudanças de ponto de vista a testarem a nossa perceção.»
Francisco Ferreira, Expresso

«(…) quando percebemos que a própria desconstrução do mito da ondina está a ser feita em paralelo com a ideia da reconstrução de Berlim, cidade que se vai permanentemente desfazendo e refazendo de maneiras diferentes, começamos a perceber que estamos em território tipicamente Petzoldiano, sempre propondo-nos leituras que mergulham muito para lá da superfície.»
Jorge Mourinha, Público

CRASH
de David Cronenberg
com James Spader, Holly Hunter, Elias Koteas, Deborah Kara Unger, Rosanna Arquette
Canadá, Reino Unido, 1996 – 1h40 | M/ 18
CÓPIA DIGITAL RESTAURADA, 4K (Versão integral)

Festival de Cannes – Prémio Especial do Júri (pela audácia e inovação)

Cahiers du Cinéma 
Positif 
Libération 
Expresso 

É um dos maiores êxitos da carreira de David Cronenberg e um filme-chave na história do cinema dos finais do século XX. Adaptado do romance de J.G. Ballard (que declarou ser um admirador confesso do filme), Crash estreou há 25 anos no festival de Cannes e recebeu o Prémio Especial do Júri “pela audácia e inovação”. Cronenberg dizia tratar-se de um filme “a propósito da tecnologia e do sonambulismo, num mundo em que as pessoas vivem desligadas umas das outras, e manifestam uma necessidade obsessiva de reinventar a sexualidade e o amor”. Neste olhar perturbante sobre o sexo, os corpos fundem-se com as máquinas, e as carcaças dos automóveis acidentados tornam-se fetiche, numa atmosfera metálica e, de certa forma, mística.
Vamos vê-lo agora numa nova cópia digital restaurada em 4K, com a supervisão do director de fotografia Peter Suschitzky e a aprovação final do realizador.

«O filme chegou em Outubro [de 1996, a Portugal], nós no Expresso recebemo-lo em aclamação com um dossiê na Revista e cinco-estrelas-cinco de unanimidade crítica dos que, então, aqui oficiavam: António Cabrita, João Lopes, Manuel Cintra Ferreira, além do autor destas linhas. […]
O que o filme mostra nunca se vira, nunca mais se viu, “Crash” é um cometa terrífico, inescrutável, sinuoso e fascinante. Não se traduz, experimenta-se, sem querer moral para a história. E é, porventura, irrepetível […].
Em tempo, Cronenberg disse algures, espantar-se sempre por as pessoas não verem que todos os seus filmes têm muito humor. É bem verdade que o têm: o erotismo no seu cinema, é olhado com a distância sorridente de um homem que propõe que mantenhamos os monstros no domínio da ficção e, assim, possamos dormir descansados.»
Jorge Leitão Ramos, Expresso 

«Scanners e Crash são dois dos mais belos filmes de Cronenberg […] e resistiram maravilhosamente ao tempo, nomeadamente por um lado que não esperaríamos forçosamente: a emoção. É verdade que continuam a ser grandes filmes sobre o poder do pensamento e a força do desejo, sobre o modo como a ciência e a tecnologia transformam os nossos corpos, sobre as mutações e os simulacros contemporâneos, mas são também filmes eminentemente melancólicos sob a sua aparente frieza. […] A emoção não nasce aqui dos artifícios melodramáticos, mas da progressiva revelação de que as experiências extremas às quais assistimos, primeiro com distância, mesmo com assombro, atingem o auge da condição humana. […] Rever hoje estes filmes, é também constatar a que ponto a acuidade dos filmes de Cronenberg continua a interessar-nos no mais alto grau.»
Marcos Uzal, Cahiers du Cinéma
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