15:00 até às 19:00
Sebastião Resende: Tempos Em Falta / Missing Times

Sebastião Resende: Tempos Em Falta / Missing Times

“Tempos Em Falta”
Uma exposição de Sebastião Resende 
Curadoria de Óscar Faria

Abertura:  Sexta, 27 de Novembro, 15:00-19:00
Patente até 9 de Janeiro, 2021

Visitas guiadas:
9 de Janeiro de 2021

*Limite de quatro pessoas à vez e uso obrigatório de máscara protectora no interior do espaço. 

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“Missing Times”
An exhibition by Sebastião Resende 
Curated by Óscar Faria
 
Opening:  Friday, November 27, 3:00-7:00pm
Until January 9, 2021

Guided tours:
January 9, 2021

*Limited to four people at a time and mandatory use of a protective mask inside the space.

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Tempos Em Falta

A terceira exposição de Sebastião Resende no Sismógrafo é acerca de um tempo que falta, que faltou, seja por razões da reforma do calendário, no século XVI, seja pela estranha omissão da palavra amanhã/ tomorrow num dicionário bilingue do século XX. Embora o alcance de ambas as situações seja distinto – o primeiro caso resulta de decisões político-religiosas, enquanto o segundo se deve a uma enigmática decisão ou erro não detectado durante o processo de impressão–, elas tocam-se de um modo estranho, pois neste período de suspensões de direitos em que vivemos, esse desaparecimento dos dias diante dos nossos olhos ecoa numa espécie de futuro adiado porque ele também confinado pelas decisões do presente.

O artista propõe assim uma reflexão – essa paragem no tempo que a arte favorece – acerca dos modos como quer a política, quer o sujeito, indeterminado no caso do dicionário, interferem nas nossas vidas. Esse convite é feito com recurso aos habituais meios de expressão de Sebastião Resende: a escultura, a fotografia e o desenho, passando ainda por uma série de 10 pinturas nas quais se recuperam, sob a forma de estandartes e segundo um sistema de notação já por si usado anteriormente, cada um dos dias que desapareceram do nosso calendário no mês de Outubro do ano de 1582. 

Na exposição de Sebastião Resende, é ainda a manualidade que surge como saída possível para a actual situação. O artista, com recurso a escassos meios – paus e vegetação seca colhidos no seu jardim – devolve ao mundo as palavras retiradas do dicionário: amanhã/ tomorrow. E assim também presta uma discreta homenagem a quem quis deixar uma secreta mensagem para os vindouros: o futuro não existe. O tempo que falta é preciso agarrá-lo já. Para que não se passem os dias à espera de respostas que porventura nunca hão-de chegar. E alguém/alguma coisa venha, na nossa vez, a fazer desaparecer uma semana, um mês, um ano das nossas frágeis vidas. 

No único desenho da exposição, o artista amontoa os dez dias que deixaram de existir – sem que, de facto, tenham desaparecido. Essa compressão sobre uma folha de papel, parece destinada a ser colocada numa parede como memorial de todos os tempos roubados ao humano. Ali, todas as horas pedem para ser esculpidas, pois essa será a única forma de serem resgatadas do esquecimento. Dez anos demorou Odisseu a regressar a casa. A sua viagem continua a ecoar nos nossos corações, que também acolhem o desassossego pessoano, escrito ao longo de vinte anos.


(excerto)
Óscar Faria
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Sebastião Resende tem estado activo em diversos media desde 76, nomeadamente em escultura, fotografia, desenho, pintura e edição serigráfica, tendo recebido alguns prémios em contexto nacional e internacional, o mais recente o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso. Realizou 27 exposições individuais de que se mencionam as mais recentes: “Sobre a Terra Fendida Uma Chama”, Museu da Guarda (2018), “Neste Ninho de Vespas”, Sismógrafo, Porto (2017), “Fecit Potentiam”, Sismógrafo, Porto (2014), “Sem Retorno”, Museu da Luz, Mourão (2012), “The Lying Chair”, Galeria Quadrado Azul, Lisboa (2012), “Naufrágio Pluma”, Galeria Quadrado Azul, Porto (2009), “Tem nos Olhos o Tempo Simultâneo” (2007), O Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo, “Sem Título Tranquilo III” Galeria Quadrado Azul, Porto (2003).


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Missing Times

Sebastião Resende's third exhibition at Sismógrafo is about a time that is missing, a missing time, either for reasons of the reform of the calendar, in the 16th century, or for the strange omission of the word amanhã / tomorrow in a bilingual dictionary of the 20th century. Although the scope of both situations is different - the first case is the result of political-religious decisions, while the second is due to an enigmatic decision or undetected error during the printing process -, they meet in a strange way, for in this period of suspension of rights in which we live, this disappearance of the days before our eyes echoes in a kind of postponed future because it is also confined by the decisions of the present.

The artist thus proposes a reflection - that stop in time that art favors - about the ways in which both politics and the subject, indeterminate in the case of the dictionary, interfere in our lives. This invitation is made through the usual means of expression used by Sebastião Resende: sculpture, photography and drawing, and also a series of 10 paintings in which each of the days that disappeared from our calendar in October of the year 1582 is recovered, in the form of banners and according to a system of notation used by him previously.

In Sebastião Resende's exhibition, it is still manual skills that appear as a possible way out of the current situation. The artist, using scarce media - sticks and dry vegetation harvested in his garden - returns to the world the words taken from the dictionary: amanhã / tomorrow. And so, he also pays a discreet tribute to those who wanted to leave a secret message for those to come: the future does not exist. It is necessary to grab now the time left. Lest the days go by waiting for answers that may never come. And someone / something will, in our turn, make a week, a month, a year disappear from our fragile lives.

In the only drawing of the exhibition, the artist crowds the ten days that have ceased to exist - without, in fact, disappearing. This compression on a sheet of paper seems aimed to be placed on a wall as a memorial of all times stolen from the human. There, all hours ask to be sculpted, as this will be the only way to be rescued from oblivion. It took ten years for Ulysses to return home. His journey continues to echo in our hearts, which also welcome Pessoa’s disquiet, written over twenty years.


(excerpt)
Óscar Faria
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Sebastião Resende has been active in different mediums since 76 , namely in sculpture, photography, drawing painting and silkscreen, having received several prizes in the national and international context, being the most recent the Amadeo de Souza-Cardoso Prize. He has presented 27 solo exhibitions, being the most recent ones: “Sobre a Terra Fendida Uma Chama”, Museu da Guarda (2018), “Neste Ninho de Vespas”, Sismógrafo, Porto (2017), “Fecit Potentiam”, Sismógrafo, Porto (2014), “Sem Retorno”, Museu da Luz, Mourão (2012), “The Lying Chair”, Galeria Quadrado Azul, Lisboa (2012), “Naufrágio Pluma”, Galeria Quadrado Azul, Porto (2009), “Tem nos Olhos o Tempo Simultâneo” (2007), O Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo, “Sem Título Tranquilo III” Galeria Quadrado Azul, Porto (2003).

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Apoio à programação do Sismógrafo / Support to Sismógrafo programme:
Direção Geral das Artes (DGArtes); Apoio Criatório (CMP), Casa das Artes/DRCultura do Norte; Artworks
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