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Xana Novais - Como matar mulheres nuas
© Diogo Bento

Xana Novais - Como matar mulheres nuas

O ser humano tem sensibilidades e empatias quotidianas que o fazem não tolerar certos tipos de comportamentos ou ações não só sociais, mas também individuais. Mostrar ao público coisas tão íntimas que passam esta barreira da privacidade é impactante e tem de ser colocado de uma forma cuidadosa, para ninguém fugir e sentir vontade de mais. Adrenalina, ânsia, suor na boca, morder uma camisola, estas são algumas das sensações que espero do público, mesmo que só aconteça a uma pessoa. Interessa-me que o público quebre um certo tabu, interessa-me que se modifique depois de ver as minhas peças, performances ou experiências, interessa-me que a partir de um mundo cenográfico belo, o público consiga tolerar os seus maiores horrores, medos e nojos. A relação do processo duracional no meu trabalho é super importante, o treino diário, a modificação real dos meus instintos depois desses treinos, a disciplina que crio dentro de uma criação artística deixa de ser só arte para ser também uma forma de estar na vida durante algum tempo. Tolerar vários tipos de dor ao longo destes 3 anos foram o ponto fulcral no meu processo individual em Como matar mulheres nuas que se iniciou em 2017, todo o tipo de dor, até chegar á dor por apatia, que surgiu ao ler 120 dias de Sodoma, depois de me relacionar com as 4 mulheres historiadoras caracterizadas por serem as rainhas do deboche, de uma elegância tal e com um radicalismo cómico, chocante e feminista no seu tempo. Elas contam relatos reais das suas vidas enquanto prostitutas na exigência quase maternal de manipulação para que esses relatos sejam executados de uma forma sodomizada. Nesta peça somos 4 mulheres, radicais, elegantes que executam conceptualmente alguma parte destas historiadoras. O livro é uma memória/marca do radicalismo de SADE. Como Matar Mulheres Nuas é uma memória/marca que está a ser concretizada no momento de apresentação, e nunca mais vai morrer. Sade estava ali no limite entre a dor e o prazer, a força e a desgraça, a morte e a vida, uma nova vida, ou um fim á vida passada. Eu estou sempre nesta corda bamba, numa busca de um limite que pode não aparecer, um limite que pode ser extraordinariamente vulgar. - Xana Novais

XANA NOVAIS nasceu no Porto em 1995 e é atriz, bailarina e performer. Formou-se no ano de 2013 em Teatro pela Escola Profissional Balleteatro do Porto e posteriormente fez o curso de dança FAICC na Companhia Instável. Destaca no seu percurso a participação como intérprete nos espetáculos, “O Nome da Rosa” de Pedro Zegre Penim (Teatro Municipal do Porto/ Teatro Praga, 2015); “O céu é apenas um disfarce azul do Inferno” de Hugo Calhim Cristovão e Joana Von Mayer Trindade (Festival Cumplicidades, 2015), “Despertar da Primavera” de Teatro Praga (Teatro Praga/CCVF/Teatro Viriato/TNSJ, 2016), “Palhaço rico Fode Palhaço Pobre” de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira (Bienal BoCA/ TMP/ São Luiz Teatro Municipal, 2017), “M18” da Estrutura (Teatro Municipal do Porto / Casa da Cultura de Ílhavo), “Jungle Red” de Carlota Canto Lagido ( Festival DDD/ 2018 ) e “Apollon” de Florentina Holzinger (Campo, 2017) espetáculo com o qual se encontra presentemente em digressão internacional. Enquanto criadora criou os espetáculos #NAZIPARTY, “(VS) POPCORN”, “Un Teknè”, (G) Dysphoria APP e cocriou juntamente com o fotógrafo Diogo Bessa “One Way To Pandora”. No seu trabalho de criação, investigação e performance usa o seu próprio corpo para explorar e questionar os limites da obra de arte, e as fronteiras entre ficção e realidade. Atualmente está a desenvolver a criação Como matar mulheres nuas com estreia emnovembro 2020 no Teatro Municipal do Porto. A forma como Xana Novais tem vindo a desenvolver os seus trabalhos passa por uma colecção de testes mentais e físicos que propõe a si própria, um limbo constante entre a ficção e a realidade com pormenores extremamente auto biográficos. Nesta pesquisa procura perceber como é que pode tornar sua obra vitalicia, criando um Save Space peculiar a si mesma, um espectáculo que faz refletir sobre a possibilidade de nos marcarmos verdadeiramente com uma prática artística desta vez não só no seu corpo mas também no corpo das suas intérpretes.

Fonte: http://www.teatromunicipaldoporto.pt/pt/programa/xana-novais-como-matar-mulheres-nuas/
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