Canções do Pós-Guerra foi o título que Samuel Úria escolheu para o seu mais recente disco. Premonitório? Talvez
dizem que a arte tem essa capacidade, esse recurso de preceder os acontecimentos. Neste caso, esta guerra será, como sempre, interior e espiritual. Uma vez mais, Samuel Úria obriga-nos a olhar para dentro. Não num exercício egocêntrico mas antes como parte de um caminho de necessária partilha.
Efectivamente, o repertório deste novo trabalho de onde se destacam os singles até à data publicados O Muro e Fica Aquém, foi composto e gravado em período pré pandemia. Aliás, o disco teve data de edição coincidente com o confinamento e só a impossibilidade de ter a atenção do público, levou ao seu adiamento. E por muito que se apregoe que este Canções do Pós-Guerra é o disco mais confessional de Samuel Úria, tal como em registos anteriores, ou ainda mais, as suas composições confrontam-nos connosco próprios, algo que só as canções eternas tem a capacidade de provocar.
Mas este concerto, ainda que marcado por Canções do Pós-Guerra, tem ainda o propósito de conduzir o público numa viagem à criatividade de Samuel Úria, num percurso que terá um pé nos seus trabalhos anteriores e em que terão óbvio destaque temas que fazem do trovador das patilhas no mais interessante cantautor do século XXI Lenço Enxuto, É preciso que eu diminua, Fusão ou Teimoso, são obrigatórios. E se esperam que a jornada seja tranquila, desenganem-se, o conforto dos vossos lugares vai ser frequentemente assaltado pela energia explosiva com que Samuel e companheiros desequilibram (ou deveríamos dizer, equilibram) os momentos de intimidade.
Samuel Úria voz, guitarra eléctrica e acústica
Jónatas Pires guitarra eléctrica e acústica, harmónio indiano, voz
Silas Ferreira teclados, sampler, percussão, oboé, voz
António Quintino baixo, voz
Tiago Ramos bateria, glockenspiel, voz
Fonte: http://www.teatroaveirense.pt/evento_detalhe.asp?id=2429