É a segunda vez que o MIRA | artes performativas acolhe um ensaio aberto que envolve dois intérpretes em cena, um através da voz - Daniel Macedo Pinto - outro, através da guitarra eléctrica - Luís Ribeiro. A primeira criação MAU MARIA parte do poema épico "Que O Fogo Recorde Os Nossos Nomes" de Antonio Orihuela (Huelva, 1965), traduzido e publicado por manuel a domingos (Medula, 2013). "Encontramos neste poema uma contaminação emocional que advém da ameaça imposta pela doença. Sabendo-se para a morte, o poeta constrói um poema onde a despedida de lugares, influências, no sentido de referências, coordenadas políticas, sentimentais, literárias, artísticas, tecem um mapa emocional que é, feitas as contas, a substância caótica do próprio sujeito poético. Mais do que confissão impõe-se o conceito de catarse, utilizado há muito por Aristóteles para definir o objecto da tragédia. Dizia o estagirita que esta purificava, oferecendo-lhe um significado de tratamento que, não salvando da morte o espírito ameaçado, pelo menos alivia a dor cuja origem pode encontrar feridas diversas. Em Orihuela, a catarse reproduz uma narrativa evocatória do espírito beatnik, atirando para o ar, sem lógica aparente, inúmeras referências das quais o poeta se despede com uma raiva que permite antever na sombra dos versos tanto uma certa nostalgia como a desesperança provocada por um presente falhado: «Adeus Diggers que destes de comer ao faminto / pelo simples facto de ser assim que se deve fazer. / Adeus Yippies que quisestes abolir o dinheiro / e a polícia. / Adeus hippies, paz, amor e moca, / o vento levou-os, mas para onde, para onde? / (…) Adeus USA, esfomeado esgoto do mundo» (pp. 14-15). Henrique Manuel Bento Fialho in http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/ MAU MARIA é um coletivo multidisciplinar de artistas cujo foco é a Palavra, quer na sua dimensão performativa, quer na sua dimensão poética. Duração aprox. 40' Maiores de 16 Ficha técnica: Interpretação: Daniel Macedo Pinto (Voz), Luis Ribeiro (Guitarra) Ambiente Visual: João Pedro Azul Ambiente sonoro: Pedro Fiuza, João Pedro Azul Operação de Luz e Som: Rui Jorge Oliveira Caracterização: Marta Ramalho Tattoos | Stencil: Ricardo Silva Produção: Célia Pires Fotografia: Arquimedes Canadas Design: João Pedro Azul Apoios: Pedro Bessa e Estúdio Eléctrico; MIRA | artes performativas, Mario Bessa; Pick me; ACARO; Luisa Moreira; Diana Marques; Teatro do Bolhão | ACE; Rui Jorge Oliveira; Maria Costa. NOTA: Para podermos assegurar as regras emanadas da DGS, submetemos a presença no ensaio aberto a uma inscrição através do email: artesperformativas@miragalerias.net Programação: Acúrcio Moniz e Armando Dourado