Quem chega a Mira de Aire, vindo do lado de Porto de Mós, ou quem sai da vila, vindo do seu centro, é confrontado com duas cavidades naturais de grandes dimensões que coroam a encosta poente da serra. São as Ventas do Diabo. O efeito cénico destas duas grutas explica, só por si, a origem do topónimo. As Ventas do Diabo são um testemunho expressivo das paisagens cársicas do Maciço Calcário Estremenho, no qual grutas de grandes dimensões, cavernas e algares constituem um complexo sistema de galerias subterrâneas, por onde circulam as águas que fogem à domesticação dos homens. Algumas dessas galerias ganham expressão nas grutas de Mira de Aire, Alvados e Santo António, todas elas visitáveis. Outras, como as Ventas do Diabo, marcam o território de uma forma indelével e, não raras vezes, guardam o testemunho de ocupações humanas imemoriais e que se têm revelado fundamentais na interpretação da Pré-história do atual território de Portugal. Neste caso, Octávio da Veiga Ferreira deixou-nos a referência de ocupações datáveis do Neolítico e do Calcolítico (Cavernas com interesse cultural encontradas em Portugal. In Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal. Lisboa. 68, 1982, p. 293-294), demonstrando o interesse milenar de comunidades humanas por toda esta região.
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