Bolsa de Apoio ao Teatro 2020 As primas de Godot esperam o fim do mundo. Ouviram dizer que ele vinha aí. E que podia ser a qualquer momento. Que era só uma questão de tempo. Por isso esperam. E esperam sem esperança de que alguma coisa, ou alguém possa aparecer de repente para o evitar. E esperam só que, ao menos, seja uma coisa espectacular, grandiosa, digna da grande tragédia humana. Mas também isso não é certo. Pode bem acontecer que o fim do mundo não chegue nunca. Pode bem acontecer que sejamos nós todos a acabar primeiro, depois de o termos tornado inabitável para todas as formas de vida existentes e conhecidas. Pode bem acontecer que esse final não tenha nada de grandioso. Que seja apenas uma asfixia lenta, um definhar progressivo de toda a vida. Pode ser que depois do fim reste apenas um planeta povoado de fantasmas. Perante esta inevitabilidade anunciada, as primas de Godot preferem esperar sentadas. Para elas é como se o tempo não existisse. Talvez ainda não se tenham dado conta de que cada segundo que passa é um segundo a menos da vida que lhes resta. Olhos que não vêem, coração que não sente. O que mais lhes dói é esta espera. Não se mexem sequer para ir tentar ver o que se passa, ou tentar mesmo evitar o fim anunciado. Nada. Esperam. Texto: Pedro Malaquias / Encenação, dramaturgia e ambiente cénico: João de Mello Alvim / Interpretação: Anália de Pina Manuel (estagiária) e Alexandra Diogo / Ambiente sonoro e desenho de luz: Flávio Martins / Fotografia e vídeo: Ana Monteiro e Diogo Simão / Designer de comunicação: Zita Medeiros / Direção de produção: Alexandra Diogo / Assistente de produção: Andreia Oliveira e Silva / Assistente de encenação: Anália de Pina Manuel / Arranjo de figurinos: Lina Brito / Apoio: Miguel Velez e Mariana Teiga Duração: 55 minutos Classificação etária: M/12 Preço único: 5 € (sem descontos aplicáveis) Lotação limitada e uso obrigatório de máscara, de acordo com as regras de higiene e segurança da DGS
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