21:30 até às 22:30
Armazenados

Armazenados

Num armazém vazio de mercadoria, nada é mais legítimo do que pensar-se que o stock são os próprios empregados; neste caso, o Senhor Lino e o Nin. E, se os empregados são relegados à condição de mercadoria, estamos perante uma perversão evidente: sobre eles passa a imperar as leis de mercado em vez das leis laborais, criadas com o intuito de lhes assegurar a tal dignidade, entretanto abdicada em prol de uma soldada, supostamente atribuída em paga dos seus préstimos. Este texto, apesar de uma aparente singeleza, coloca-nos perante algumas questões essenciais, quer por sugestão, quer por identificação. Questões essas que versam fundamentalmente a cerca da dignidade humana. Ficamos perante um impasse, que pode ao mesmo tempo ser de ordem puramente filosófica, como um pouco mais determinista e pragmática: Será mesmo que o trabalho dignifica o Homem? Se o livre arbítrio, como diz Deleuze, tem mais a ver com a capacidade de criar do que com questões ligadas à alma e a espiritualidade, ao Senhor Lino e ao Nin, a forma de se organizar socialmente deste tempo retirou-lhes essa possibilidade, o que nos inquieta enquanto criadores crentes numa arte que coloca questões em permanência no sentido de nos aproximar o mais perto possível da resposta às perguntas fundamentais: O que é um Homem? Ou então: o que é ser Homem? O texto põe em cena duas gerações distintas, duas conceções diametralmente opostas do mundo. Contudo, entre presente (Nin) e passado (Senhor Lino), há algo de comum: a certeza de que tudo será como sempre foi; que a seguir à luz segue a escuridão, ou vice-versa, tanto faz. Todo o espectáculo será balizado por uma lógica do vazio; porque é dentro dessa lógica que decorre toda acção da peça: um amplo espaço vazio; o logro de um ofício que não existe; a relação entre dois desconhecidos. A peça é também uma abordagem do tempo: o tempo de uma jornada; de uma vida; o tempo da incerteza; mas também o tempo do tempo que se gasta e se esgota impiedosamente. 
 Texto David Desola Tradução Afonso Becerra e Diana Vasconcelos Encenação Flávio Hamilton Interpretação Pedro Carvalho e Jimmy Nunez Iluminação e Sonoplastia Eduardo Abdala Espaço Cénico Eduardo Abdala e Flávio Hamilton Design Gráfico André Rabaça Operação de Luz José Lopes  Operação Som Flávio Hamilton Direcção Artística do Teatro Art’Imagem José Leitão Produção Sofia Leal e Daniela Pêgo

 Espetáculo bilingue / M/12 / 60 Minutos
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