17:00 até às 19:00
Maat | Videoarte em Agosto - Jean-François Chougnet

Maat | Videoarte em Agosto - Jean-François Chougnet

VIDEOARTE EM AGOSTO #1
Curador convidado: Jean-François Chougnet

"Quando tenho de explicar a videoarte a pessoas que realmente não a entendem, muitas vezes faço a analogia com a literatura. Digo-lhes: imagine um mundo onde as únicas formas de literatura existentes sejam o jornalismo e alguns romances: não há poetas, não há poesia. É a minha posição perante a televisão. Noutras palavras, o meu trabalho é uma expressão de mim mesmo. Sei que é verdade para outras pessoas que fazem imagens, mas a expressão parece mais metafórica ou mediada por outros elementos", diz Bill Viola. O programa está estruturado em torno de três maneiras de detetar a verdade - e a mentira - das imagens: a propaganda verdadeira-falsa de Doug Hall, a individualização emprestada da psicologia de Jung por Bill Viola, e as facetas do arquivo por Akram Zaatari.

Jean-François Chougnet (França) é diretor artístico do FUSO - Anual de Videoarte Internacional de Lisboa, e tem dedicado a sua carreira às políticas culturais. Foi diretor-geral do Villette, Paris (2001-2006). Em 2005, foi comissário-geral do Ano do Brasil na França. Dirigiu a Fundação Berardo, em Lisboa, de 2007 a 2011. Ainda em 2011, Chougnet tornou-se CEO da Marseille-Provence Capital da Cultura Europeia 2013. Desde 2014 é presidente do Musée des Civilisations de l’Europe et de la Méditerranée, em Marseille, França.

This is the Truth, Doug Hall
3’30’’, 1982
A hipérbole política e a retórica dos media são o foco de This is the Truth, no qual Hall confronta os lugares-comuns calculados e os gestos planeados que significam “verdade” numa sociedade saturada pelos media. Parte ditador, parte orador, Hall, rodeado por emblemáticos estandartes vermelhos, recita uma série de slogans: “Prestem atenção aos vossos superiores… Obedeçam às leis… Deixem a política para os políticos…”. A repetição monótona destes aforismos impregna-os de uma sinistra ambiguidade Orwelliana. Através da teatralidade e do espetáculo, este trabalho dá continuidade à investigação de Hall sobre a manipulação de imagens e da linguagem enquanto sinais de poder.

Membro dos coletivos multimédia Ant Farm e T.R. Uthco nos anos 70, Doug Hall produziu trabalhos em vídeo nos anos 80, que analisavam símbolos e ícones de poder na cultura contemporânea, uma investigação que o levou a observar o espetáculo e a teatralidade, a autoridade política e os meios de comunicação, e o sublime apocalíptico da natureza.

Truth through Mass Individuation, Bill Viola
10’13’’, 1976
O título de Truth through Mass Individuation refere-se a Carl Jung. O princípio da individualização, ou principium individuationis, descreve a maneira pela qual uma coisa é identificada como diferente de outras coisas. O conceito aparece em inúmeras áreas e encontra-se em trabalhos de Carl Gustav Jung. Uma figura isolada é vista a desempenhar ações cada vez mais agressivas - deixando cair um címbalo entre um bando de pombos, disparando uma espingarda numa rua deserta. Na quarta e última etapa, a sua imagem luminosa, destacada contra o escuro da noite, funde-se na distância com a multidão barulhenta de um estádio ao ar livre. 

Bill Viola é uma figura importante na vídeoarte. As suas obras, que receberam reconhecimento internacional, distinguem-se pelo encontro entre ressonâncias alegóricas e o virtuoso controlo da tecnologia. Viola explora os sistemas temporais e óticos do vídeo, para investigar metaforicamente os modos de perceção e cognição, para por fim traçar a simbólica procura pelo “eu”. As suas ritualizadas investigações de fenómenos visuais e acústicos, de ilusão e realidade, alcançam uma articulação poética de transcendência visionária.

Saida June 6th 1982 (Saida le 6 juin 1982), Akram Zaatari
90’, 2002
As obras de Akram Zaatari usam o arquivo enquanto ponto de partida - um diário, artigos, informações de televisão ou rádio - e fazem a pergunta do que faz a história: como são as suas "verdades" reveladas e disfarçadas pela produção e circulação de imagens. Saida June 6th 1982, mostrando os movimentos de câmara, é uma montagem fotográfica. O trabalho mostra-nos o bombardeamento da cidade de Saida, a 6 de junho de 1982, data da invasão do exército israelense no Líbano. Torna visível o próprio gesto de composição da imagem.

Nascido em 1966, em Saida (Líbano), membro fundador da Fundação Árabe para a Imagem, Akram Zaatari desenvolveu uma obra focada na história do Líbano e respetivos conflitos fronteiriços. Os seus filmes e instalações vídeo colocam em cena imagens de arquivo, testemunhos e situações representativas das condições de vida do seu país. Estar entre a realidade e a ficção é forma de apontar a dimensão fabricada da História e das imagens que a documentam.
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