15:00
Queer Fest

Queer Fest

Debate “O Queer como Interseccionalidade” | Sónia Baptista | Bruno Cadinha | Baby Sura | Matriarca Paralítica & Maria do Mar | Herlander | Fado Bicha

Direccão artística: Rui Eduardo Paes e Maria do Mar
Co-produção: SMUP, Cultura no Muro e Penha sco

Quando o regresso do fascismo se declara por meio de uma escalada, em palavras e actos, da xenofobia, do machismo e da homofobia, não podem a música e as demais artes performativas outra coisa senão reivindicar para si a dimensão interventiva e de protesto que tiveram no passado. Nesse âmbito vimos assistindo em Portugal, muito particularmente, a uma multiplicação de projectos criativos que afirmam o direito à existência e à liberdade dos seus autores no que respeita à orientação sexual e à identidade de género. Norteado tanto por critérios estéticos quanto de activismo, o Queer Fest tem como propósito reunir alguns deles num mesmo evento que possa projectar essas vozes e marcar a sua diferença numa sociedade em processo de normatização / homogeneização pela negativa, cada vez mais cinzenta e opressiva. A perspectiva é interseccional, porque a luta do movimento queer é também a luta das mulheres, a luta contra o racismo, as lutas por melhores condições de habitação e trabalho, a luta pelo ambiente. Reunir no mesmo intervalo temporal tais práticas criativas é reconhecer não só os focos de resistência que se disseminaram pelo nosso país como também a ideia de que a arte outra coisa não é do que uma crítica e uma reinvenção da vida quotidiana. Promover uma é batermo-nos pela vida das pessoas, em conjunto.

“O QUEER COMO INTERSECCIONALIDADE” 
(Debate com Sónia Baptista, Pê Feijó, Raquel Lima, Salomé Honório, Paula Gil, Raquel Freire e Di Cândido. Moderação: Maribel Sobreira)
Conversa sobre como as lutas queer têm necessariamente de estar interligadas com outras batalhas políticas, sociais, económicas e culturais, designadamente as que têm o racismo, a xenofobia, a degradação do ambiente, os direitos laborais e a precariedade da habitação como alvo, num tempo em que os fascismos estão de regresso em vários cantos do mundo, Portugal incluído. De que forma vem contribuindo e pode contribuir o movimento queer para esses outros activismos, e vice-versa? Serão mesmo outros e não o mesmo? De que modo pode um militante queer enriquecer uma transformadora visão do trabalho ou os planos de acção contra as alterações climáticas? Que devem esperar um sindicalista ou um ecologista de uma contribuição queer? É de esperar que a aceitem positivamente, ou neste âmbito – o da união de esforços em prol de objectivos comuns – há algo que é preciso construir primeiro?

A partir das 17h00

SÓNIA BAPTISTA (performance)
Com formação em dança contemporânea e um trabalho que vai buscar referências à literatura, ao teatro e à música, Sónia Baptista é uma das principais figuras da performance em Portugal. O seu trabalho com «raízes eco-feministas, eco-queer, holístico-filosóficas, estranhas e entranhadas», como ela própria refere, já tomou múltiplas formas, desde uma análise da tristeza e da depressão a um questionamento da impermanência, da precariedade e da possibilidade da catástrofe, sempre na fronteira do pessoal e do universal.

BRUNO CADINHA (performance)
Bailarine, coreógrafe, performer, drag queen, agit pro e activista ligade ao colectivo Lóbula, Bruno Cadinha tem desenvolvido ao longo dos anos um sólido trabalho de declarada expressão queer, em nome próprio ou associado a outros artistas, casos de Odete e Telma João Santos. Nas suas actuações, o movimento e a palavra disputam o primeiro plano, ora em registo de (auto-)questionamento, ora de afirmação. Entre o brilho das purpurinas e o mais nu despojamento, eis uma voz (um corpo) que se tornou incontornável.

BABY SURA (concerto)
Nome em ascensão no panorama queer da música portuguesa, Baby Sura representa bem o “genderbending” de uma nova geração que não se deixa condicionar pelos padrões da masculinidade e da posse («só um beijo / não quero mais», canta) e traduz isso em música. Uma música electrónica vizinha tanto do techno como do hip-hop, em formato de canção pop – por vezes até de balada, mas tão, tão diferente da de intervenção nos anos 1970 quanto poderíamos imaginar, apesar de ser ela também política. 

MATRIARCA PARALÍTICA & MARIA DO MAR (concerto)
Com o propósito de «fazer da inadequação social uma celebração eléctrica», a banda Matriarca Paralítica mergulha no punk mais essencial, aquele tocado com dois acordes de guitarra apenas. Na linha de continuação do queercore tocado por mulheres, estão envolvidos os préstimos da realizadora de cinema Francisca Marvão, da «agitadora social» Sara Conchita, de Cláudia Alves (Panelas Depressão, As Valentinas, Frik.são) e de June Nash, conhecida pelas suas colaborações com Helena Espvall, Jari Marjamaki, Tiago Sousa e Joana Guerra. Neste concerto junta-se uma convidada, a violinista Maria do Mar.

HERLANDER (concerto)
Um de vários artistas afrodescendentes que, entre nós, vêm lutando contra a «supremacia branca, o sexismo, a queerfobia e as regras de género», para citar a sua editora (Troublemaker Records), Herlander propõe um misto electrónico de soul e R&B que tem como ponto de partida e de chegada o seu canto tingido de melancolia, por vezes parecendo até que Flying Lotus se tornou num songwriter. Um concerto seu é, com toda a intenção, um acto de vulnerabilidade, a sua relativamente ao público, a do público em reacção ao músico…

FADO BICHA (concerto)
Tiago Lila (ou Lila Fadista, como também é conhecida) e João Caçador (este substituindo a tradicional guitarra portuguesa por uma eléctrica) canalizam os sentires e as estórias da comunidade queer pela mais lusa das músicas urbanas, o fado. Em muitos dos casos pegando no repertório tradicional do género e convertendo-o para o efeito pretendido, com “O Namorico da Rita” a surgir como “O Namorico do André” e “Lisboa Não Sejas Francesa” passando a “Lisboa Não Sejas Racista”. Fado Bicha, uma «arqueologia LGBT do fado», pois então…

Entradas
No dia: 6 euros (4 euros sócios SMUP e Cultura no Muro)
RESERVAS FECHADAS
* Os bilhetes das reservas que não forem levantados até uma hora e meia depois do início da sessão (15h00) serão disponibilizados para outras pessoas. 

Espaço com lotação limitada.
Só poderão circular na SMUP pessoas com bilhete ou devidamente credenciadas.
Uso obrigatório de máscara.

Apoio logístico
Junta de Freguesia de Penha de França, Lisboa

Apoios à divulgação
ILGA Portugal, Clube Safo, Queer as Fuck,  Colectivo Faca, APAV, Queer Lisboa, dezanove

Banner: Elena Morales (Ilustraciones Zurdas)
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