21:30 até às 22:30
INFERNO (círculo VII / círculo VIII / círculo IX), a partir de Divina Comédia de Dante Alighieri

INFERNO (círculo VII / círculo VIII / círculo IX), a partir de Divina Comédia de Dante Alighieri

Encenação de Pedro Galiza
Coprodução: Casa das Artes de Famalicão e ACE Escola de Artes de Famalicão - Alunos do 3º ano do Curso Profissional de Artes do Espetáculo-Interpretação 

O Inferno do nosso Descontentamento

E, de súbito, a pandemia. Um Hades em modalidade vírica que nos levou um Shakespeare e nos trouxe um Alighieri. Ao corcunda Ricardo, o terceiro desse nome, que se queixava do Inverno de paz que se abatia sobre a sua Inglaterra, vimos agora contrapor um Dante, autor e personagem confundidos num mesmo corpo literário que, ainda que do Inferno não se queixe propriamente, não obstante o vê abatido sobre o mundo todo. Um pouco como nós com estas nossas máscaras. As literais e as figuradas.
Como aceitar a mão de Dante para que nos leve a passear? Talvez como ele a concedeu a Virgílio para que lhe fossem dados a conhecer os abismos infernais: com honestidade e humildade. O distanciamento social, que nos trocou as voltas e tanta coisa nos furtou, não nos rouba a aproximação espiritual, condição primeira da viagem a que se propôs Dante e a que nos propomos nós. Torturas à parte, o que sobra do Inferno? E o que significa atravessá-lo? E quem são estes que aqui vemos a pôr pés ao caminho? Finalistas, sim. Mas de quê? Que viagem acaba? E que viagem começa? Que paisagem nova é esta que se lançam a desbravar?
Três é o número perfeito. Seja: uma trilogia. Três partes, que vezes três dá nove, os círculos do Inferno, que mais um, o número celeste, dá dez, símbolo pitagórico do Universo, que em dobro dá vinte, o número de alunos que ali vemos, no palco, nesse segundo universo a desmascarar o primeiro. Trinta e quatro cantos, singularidade infernal, já que ao Purgatório e ao Paraíso Dante só dedicou trinta e três. Um a mais. Nesse caso, uma imperfeição, talvez, uma pequena brecha na couraça divina desta comédia. Uma porta por onde entrar e sair, esperamos. Pois acaba assim esse canto que está a mais, num verso que a nenhum terço pertence:
"E saímos voltando a ver as estrelas."
Pedro Galiza

Ficha técnica
Texto: A partir da Divina Comédia de Dante Alighieri
Tradução: Vasco Graça Moura
Encenação, Dramaturgia, Co Desenho de Luz: Pedro Galiza
Assistência de Encenação, Apoio à Dramaturgia: Inês Simões Pereira
Desenho de Cenografia, Co Desenho de Luz: Pedro Morim
Desenho de Som: Sofia Fernandes
Desenho de Figurinos: Paula Cabral
Registo de Vídeo: Rui Bezerra
Fotografia de Cena: Nelson D`Aires
Cabelos: José Resende
Direção de Produção: Glória Cheio
Produção: Pedro Barbosa

Interpretação: círculo VII - Alberto Batista, Alexandra Guimarães, Catarina Matos, Diogo Sousa, João Lin, Patrícia Silva, Tiago da Costa e Vitória Ferreira; círculo VIII - Ana Guimarães, Ana Marques, Bruna Fernandes, Diogo Ribeiro, Filipe Calder e Francisco Madureira; círculo IX - Andreia Coelho, Íris Mendes, Patrícia Nogueira, Pedro Alves, Pedro Lemos e Tiago Pereira
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