All Things Being Equal Entidade fulcral na criação de uma música verdadeiramente independente em terras britânicas ao longo de quase quatro décadas, Peter Kember continua hoje como sempre imperturbável a projectar uma visão muito própria, tão idiossincrática quanto aberta as novas possibilidades, sempre fascinante. Mais conhecido como Sonic Boom, nome revelador das suas obsessões com o som enquanto fenómeno de elevação mental, Kember tem delineado um corpo de obra tão extenso quanto enigmático, guiado por uma intuição sagaz e aventureira capaz de aglutinar a história da pop, do rock, do drone, da cultura de dança ou do experimentalismo para a reescrever em novas histórias de influência, apelo e respeito transversal. Seria aquilo que se pode chamar de figura de culto, não fosse também mais do que isso.
Imune a tendências externas, 'All Things Being Equal' não cede ao peso do tempo em dez canções quase orquestrais de electrónica nascidas de uma armada de sintetizadores modulares e analógicos. Ofício paciente que se traduz em temas plenos em detalhe, textura e justaposições harmónicas alucinatórias sob as quais palpita um coração melódico em reverência à eterna melodia dos Everly Brothers ou Sam Cooke. Aquilo que fica. Trinta anos depois, a mesma intrepidez e relevância de sempre.
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