14jun'_10h30
Oficina de Construção de Flautas
c/ Rui Gomes
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Rui Gomes tem 25 anos e mora em Requião, Vila Nova de Famalicão. Interessa-se por número, pessoas e coisas. Sempre gostou de arte, sobretudo da palpável, dançável ou executável. Constrói flautas há seis anos, um interesse que começou pela rebeldia de achar que se tratava de um instrumento quase ofensivamente rudimentar: um tubo com buracos.
"O bambu é uma planta especial. Quase que pede para ser um instrumento musical! É oco, tem ótimas propriedades mecânicas e é abundante na natureza. A construção de cada flauta é uma completa aventura. Cada peça de bambu é específica na sua composição e aparência, sendo este um exercício de acomodação do construtor às potencialidades da planta e não o contrário. Para mim, a filosofia de construção de flautas em bambu está alinhada com um sentido de respeito e comunhão, sem forçar. O processo acaba por ser uma metáfora para os valores de persistência e adaptação. É uma permanente jornada de aprendizagem.
Desenvolvi um interesse particular por flautas étnicas. Desde tribos norte e sul-americanas a povos milenares do sudeste asiático. É uma reflexão importante a de perceber que o humano é um ser musical. A história desses instrumentos é também a história dos materiais disponíveis, da geologia, um registo etnográfico inestimável. É interessante pensar que culturas que não se tocaram geográfica ou cronologicamente chegaram à mesma conclusão: com um pedaço de cana e uns furos, o ócio passava a ter outro significado, a celebração outra dimensão.
Procuro que o exercício de construção de flautas seja uma comunhão entre a estabilidade ditada pelas leis físicas que regem a afinação e a inevitável variabilidade e exclusividade natural de cada peça. É uma plataforma de reflexão para as múltiplas formas de encarar o real."
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