Quem, de Porto de Mós, se faz ao caminho em direção a Alvados, logo depois das famosas “curvas do Livramento”, depara-se com uma muralha de calcário moldado pela força da erosão cársica. São as Penas do Castelo, uma imponente fortaleza natural do alto da qual se domina o Vale do Rio Lena, para norte, e o Vale de Alvados, para sul. O topónimo castelo não é um acaso. Advém-lhe destas características e da sua implantação. No planalto que coroa este lugar, guardam-se memórias de um povoado calcolítico (III milénio a. C.), um tempo em que os homens se refugiavam em locais altos, para melhor domínio visual do território e em busca de condições naturais de defesa. Nas cavidades e grutas do maciço calcário sepultavam os seus entes próximos, revelando formas cada vez mais complexas nos rituais associados à homenagem aos mortos. Hoje, num tempo em que se trilham caminhos mais contemplativos e alheados do bulido urbano, as Penas do Castelo desafiam os amantes das ressequidas paisagens calcárias e convidam a sentir a brisa e a interpretar a paisagem, de lá de cima, do “topo do mundo”. Neste lugar, as marcas da humanização mesclam-se, de forma subtil, com um património natural ímpar. O registo fotográfico de hoje, datado de 13 de abril de 2020, é da autoria de João Carlos Pereira, uma participação que constitui um desafio a quem queira colaborar na (re) descoberta de patrimónios comuns.
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