"Veio uma escavadora e foi-se arrancando a vida às pessoas."
O bairro de Santa Filomena é um dos vários bairros de auto-construção altamamente estigmatizados da periferia de Lisboa. Construído nos anos 70 por trabalhadorxs oriundos tanto do norte rural do país, como de ex-colónias portuguesas, nomeadamente de Cabo Verde, o bairro foi incluído no Programa Especial de Realojamento (PER) nos anos 90 para ser destruído e a sua população realojada, tendo a sua demolição sido concluída agressiva e toscamente mais de 20 anos depois, deixando centenas de pessoas sem casa.
Através de um documentário, de uma exposição de fotografia, de um debate sobre o racismo e a forma como este afecta o direito à habitação, e de um concerto de hip hop crioulo, trazemos a comunidade que Santa Filomena construiu e todxs xs que quiserem conhecê-la à Sirigaita, este Domingo.
PROGRAMA:
18h30: documentário Sua Terra, Nossa Casa Film (30min), de Ryan Powell com Catarina Carvalho - através de alguns moradores, relata os últimos meses vividos no bairro, a ansiedade e a realidade de quem espera o dia em que uma escavadora destrua tudo o que construiu: uma comunidade rica e composta de laços muito fortes entre os seus membros. Vencedor de melhor filme no London Labour Film Festival.
19h15: Debate: O Racismo e o Direito à Habitação, com José Semedo (jurista que nasceu e cresceu em Santa Filomena) e Ana Rita Alves (investigadora do CES, autora da tese "Noções básicas sobre a segregação residencial: o programa especial de realojamento e o anti-racismo").
20h30: Jantar de inauguração da exposição de fotografia de Corsino Furtado, aka Uncle C, fotógrafo e documentarista (Enciclopédia do Hip-Hop volume I e Uncleciclopédia do Hip-Hop volume 2) do bairro de Santa Filomena, dedicado à promoção de culturas marginalizadas. Exposição organizada em conjunto com Ana Rita Alves.
21h30: concerto Krioulo Riimax Muziik (hip hop crioulo), um dos autores da banda sonora do filme Sua Terra, Nossa Casa Film, que, apesar de não morar no bairro, o frequentava por aí encontrar uma comunidade à qual podia pertencer. As suas canções falam inevitavelmente da luta em que consiste o dia-a-dia das pessoas racializadas e sem privilégios à nascença.
Será pedida uma contribuição voluntária à porta para apoiar os gastos da exposição e os artistas convidados no valor sugerido de 2€/pessoa.
A Sirigaita é uma associação cultural de entrada reservada a pessoas associadas. Podes-te inscrever à porta!
