Conferência pelo Doutor Jorge Leandro Rosa Entrada livre Organização da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia - SPAE no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto TEMA: As Estéticas da linha: para além do princípio da imagem. Algumas considerações estéticas nos limites do antropológico Com a publicação da sua tradução de O Prazer no Desenho, de Jean-Luc Nancy, um dos grandes filósofos do nosso tempo, o conferencista propõe-se estender o ímpeto próprio do desenho a outros planos da contemporaneidade onde a linha prossegue o seu curso surpreendente. Daí que se fale aqui de estéticas da linha, por contraponto ao domínio estético, analítico e ideológico das imagens. Enquanto a imagem tende a reger o espaço, a delimitá-lo e a fornecer-lhe uma interpretação, a linha prossegue a sua criação espacial (e temporal), o seu espaçamento das relações, dos possíveis e das formas. Na verdade, é toda uma reflexão nos limites do antropológico e da figura a que aqui se propõe. Por isso, o que está a acontecer à arte é o que acontece hoje ao político e às condições de formação de sentido. Necessitaremos de percorrer num só traço estética, ecologia e política? Pode o desenho ajudar-nos a seguir esse alinhamento? permite-nos ele desconstruir a pretensão à imagem? Ou retoma-se aqui o gesto da impossibilidade que Derrida viu em Além do Princípio do Prazer: "Não haverá aqui alguma outra coisa?" "Na ideia do "desenho" há a singularidade da abertura – da formação, do ímpeto ou do gesto – de uma forma. Ou seja, precisamente aquilo em que a forma, a fim de se formar, não deve ter sido já dada antes. O desenho é a forma não dada, não disponível, não formada. Ele é, então, ao invés, o dom, a invenção, o surgimento ou o nascimento da forma. "Que uma forma aconteça", tal é a fórmula do desenho – e esta fórmula implica, simultaneamente, que o desejo e a espera da forma, uma forma de nos entregarmos a uma vinda, a uma ocorrência ou mesmo a uma surpresa que nenhuma formalidade anterior poderia preceder ou, necessariamente, pré-formar." Jean-Luc Nancy O AUTOR Jorge Leandro Rosa é ensaísta e tradutor. Doutorado em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa. Escreve sobre a cultura, a política, a ecologia e as artes contemporâneas nas suas relações com o Antropoceno. Foi professor universitário durante vinte anos. É actualmente investigador no Instituto de Filosofia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi colaborador de jornais Público e O Independente. Foi co-editor da revista Nada. É colaborador permanente das revistas A Ideia e Flauta de Luz. Publicou dezenas de ensaios em revistas nacionais e estrangeiras, assim como diversos livros. Traduziu Jean-Luc Nancy, com quem tem colaborado em vários projectos editoriais, Emanuel Coccia, John Berger, Jacques Rancière, Georges Didi-Huberman, entre outros. Tem vindo a organizar diversos colóquios internacionais dedicados ao pensamento das catástrofes (Porto, 2017), à Geopoética e à obra de Kenneth White (Lisboa, 2019). Nota: fonte da imagem utilizada neste anúncio de evento: capa da edição francesa do livro de Jean-Luc Nancy que vai estar em foco na sua edição portuguesa: https://www.amazon.fr/plaisir-dessin-Carte-blanche-Jean-Luc/dp/2754102469/ref=sr_1_1?__mk_fr_FR=ÅMÅŽÕÑ&keywords=Le+Plaisir+du+Dessin+Jean-Luc+Nancy&qid=1581290104&s=books&sr=1-1
