Anónimos / Residentes Em 1971, uma maquete – enviada anonimamente por uma banda de São Francisco – foi rejeitada por uma grande editora e devolvida num envelope endereçado a "The Residents". O nome ficou. O anonimato também. Como as bandas que fazem primeiras partes de concertos de outras bandas, mais famosas, um dos itens seguros na lista de trabalho de um DJ residente é ter de tocar antes (e frequentemente depois) dos DJs convidados. O anonimato também pode ser uma sombra que esconde muitos DJs residentes em clubes. Anfitriões / Casa Mas a História da cultura de clube / de dança, tal como a conhecemos hoje, começa precisamente com um DJ residente: David Mancuso, em 1970, num espaço a que se chamou Loft. E, durante muitos anos, esse foi o standard: a personalidade do DJ era a personalidade do espaço. Anos de experiência e aperfeiçoamento em frente a quem dança resultam numa intuição cada vez mais apurada, num flow natural, num prazer eternamente dividido entre 1 - o risco de escolher música importante mas menos popular e 2 - saber exactamente a que música recorrer quando é necessário ir ao encontro das pessoas. Acreditamos que, ao entrar num clube, este é definido, sobretudo, pela música. É nela que assentam as suas fundações. Essa música transmite energia. Essa energia preenche o espaço. As pessoas habitam o espaço. A narrativa construída por um DJ ao longo de uma noite é pessoal, mas inevitavelmente passa a contar a história do clube, também, e a entrar na vida das pessoas que dançam. É essa comunicação directa que procuramos. Um clube sem DJ(s) residente(s) é um mero invólucro genérico e transitório. Essa não é a nossa casa. Queremos apontar o foco para os nossos residentes. Numa noite – nova no nome, antiga nas convicções - que é toda deles, de cada um deles, sem outras distrações. E que, por ser deles, é nossa também. É onde queremos estar: HOME. A segunda noite #Home é já este sábado com a Yen sung, toda a noite, na Disco. Texto: José Moura / Flur Discos
