17:00
Abastecimento Alimentar: dos dois lados
Agricultura e Arquitectura: Do Lado do Campo, Garagem Sul © Fábio Cunha

Abastecimento Alimentar: dos dois lados

Garagem Sul


Aquilo que comemos é um dos mais fortes factores de transformação do espaço, moldando paisagens e estruturas arquitectónicas que cruzaram diferentes épocas e múltiplas escalas. A agricultura posiciona-se no centro das estruturas políticas e económicas, das interações comunitárias e da gestão do território ­— foi, afinal, a razão pela qual as cidades surgiram, numa interacção milenar que permitiu o desenvolvimento da própria civilização. Através da comida, celebra-se a geografia e as suas potencialidades, a história é incorporada em matéria e em cultura, e criam-se elos entre pessoas de diferentes gerações, origens culturais e rendimentos. A alimentação é um território comum.

Contudo, os actuais sistemas alimentares urbanos são um dos principais impulsionadores da destruição ambiental, alterando o uso do solo, reduzindo a biodiversidade, utilizando e poluindo os recursos hídricos, e emitindo uma quantidade significativa de gases com efeito de estufa. Por outro lado, também as cidades — o principal habitat humano, hoje — colocam desafios à preservação ambiental e à gestão dos recursos naturais, bem como às dinâmicas económicas e sociais que lhes estão subjacentes. Contudo, concentram-se nelas os maiores recursos intelectuais e económicos, a abertura a novos comportamentos e o poder político, detendo um papel-chave para o futuro.

A interdependência entre o urbano e o rural é significativamente mais longa do que o período que assistiu ao seu afastamento. Assim, num contexto mundial de urbanização crescente, de alteração de dietas e modos de vida, agravado pelas alterações climáticas, urge, então, repensar a interacção entre a cidade e o seu entorno, o campo, não como duas realidades antagónicas, mas segundo uma dinâmica de complementaridade, na qual poderá residir o maior potencial de transformação e fazer face aos actuais desafios planetários.

Ligando passado e futuro, tradição e inovação, poderá estar na interrelação entre cidades e produção alimentar o mote para um futuro mais equilibrado e enriquecedor, fazendo face aos desafios do futuro?


Programa

17:00 Apresentação
17:15 — Convidados
Jorge Gaspar
Carla Amado Gomes
Henrique Pereira dos Santos

Intervalo

18:30 — Convidados
Rosário Oliveira
Samuel Niza
Rita Folgosa

Debate

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Parte 1
Cidade e campo evoluíram em conjunto. Os recursos agrícolas dos hinterlands influenciaram a localização das cidades, a forma como se desenvolveram, a dimensão que alçaram, as relações físicas e comerciais que mantinham com a sua região. As cidades e os seus habitantes impactaram na paisagem de territórios próximos e longínquos. Com os processos de industrialização, assistiu-se a um afastamento físico e conceptual entre estas realidades. Transformou-se a própria relação do ser humano com o mundo natural, traduzida em novas atitudes, escritos e obras, e até documentos legislativos.
A primeira parte deste debate debruçar-se-á sobre esta evolução conjunta de duas realidades complementares, e a sua situação presente, questionando que caminhos se poderão abrir para o futuro.


Parte 2
Com a alteração da relação mantida entre a cidade e o seu entorno produtivo, transformou-se o próprio metabolismo urbano, traduzido em fluxos lineares de materiais, energia e nutrientes que impactam os sistemas globais. Assistimos a uma expansão urbana sem precedentes e à transformação das próprias lógicas de organização interna, processos ainda em desenvolvimento. Simultaneamente, coloca-se em causa a própria capacidade de assegurar a alimentação das populações urbanas, e que custos — económicos, ambientais e sociais — implicarão para o planeta.
Nesta segunda parte do debate, discutir-se-ão os processos que desencadearam estas transformações e com que desafios — e soluções — as cidades terão de lidar no futuro.


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Jorge Gaspar
Lisboa, 1942. Geógrafo e Urbanista, Prof. Catedrático Emérito da Universidade de Lisboa, Assistente da ESBAL, Prof. Catedrático Convidado do Instituto Superior Técnico e das Universidades de Umeå e de Paris X. Coordenou investigações em Geografia, Planeamento e Urbanismo (EU, ESF, VW STIFTUNG, FCG, INIC/JNICT/FCT). Cerca de 300 trabalhos publicados. Presidente da classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa e membro da Academia Europaea; Doutor HC pelas Universidades de León, Genève e Évora. Prémio Universidade de Lisboa, Prémio Geocrítica, medalha de mérito do Ministério da Ciência, medalha ouro município Alvito, GOOIDH.


Carla Amado Gomes
Professora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Professora Convidada da Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto. Investigadora do Centro de Investigação de Direito Público (CIDP). Tem obra – monografias, artigos e anotações de jurisprudência – publicada nas áreas do Direito Administrativo, Direito Processual Administrativo, Direito Constitucional, Direito Processual Constitucional, Direito do Ambiente, Direito da Energia, Direito do Património Cultural, Direito da Educação, Direito Parlamentar e Direito da União Europeia.

Henrique Preira dos Santos
Henrique Pereira dos Santos é casado e pai de quatro filhos. Trabalhou em áreas protegidas e conservação da natureza mais de trinta anos, incluindo no ordenamento e gestão de áreas protegidas e Rede Natura 2000. Tem estudado a evolução da paisagem rural de Portugal continental no século XX e a sua relação com a dinâmica da biodiversidade. Publicou os livros Do tempo e da paisagem, O gosto de Sicó e Portugal: paisagem rural.

Rosário Oliveira
Arquiteta Paisagista, doutorada, investigadora no Instituto de Ciências Sociais (ICS)/Universidade de Lisboa e Professora Convidada na Universidade Autónoma de Barcelona. A sua investigação está focada na qualificação e valorização do território através da paisagem, nomeadamente em temáticas como o planeamento do sistema alimentar, a implementação de soluções de base natural em contexto urbano ou rural e a definição de estratégias de cogestão de paisagens com especial interesse natural e cultural. É fundadora e coordenadora da Loccimetro - Consultoria em Inovação Territorial.

Samuel Niza
Samuel Niza é doutorado em Engenharia do Ambiente e tem mais de 20 anos de experiência em ecologia industrial e sustentabilidade empresarial, tendo coordenado e desenvolvido numerosos projetos de avaliação ambiental e energética, particularmente focando a gestão sustentável de recursos e o ciclo de vida de produtos e serviços. Tem também vasta experiência em projetos de planeamento regional e políticas ambientais. É fundador e diretor executivo da empresa Circular - Consultoria em Sustentabilidade.

Rita Folgosa
Rita Folgosa é geógrafa, coordenadora do Grupo de Trabalho para a Promoção da Agricultura Urbana na Cidade de Lisboa (desde 2010), membro da Equipa de Trabalho para Lisboa Capital Verde Europeia 2020, Assessora do Vereador José Sá Fernandes (Pelouro da Estrutura Verde e Energia) – Câmara Municipal de Lisboa.

Mariana Sanchez Salvador (moderadora)

Mariana Sanchez Salvador é arquitecta e investigadora do DINÂMIA'CET-IUL. Trabalhou no atelier Carrilho da Graça Arquitectos, onde colaborou em numerosos projectos. A sua investigação foca-se na forma como os espaços que habitamos — da cidade à casa — são transformados pela nossa alimentação, e pelas actividades que lhe estão associadas. É autora de várias publicações nacionais e internacionais, e tem sido convidada para conferências e entrevistas sobre o tema. Recebeu o Prémio Arquiteto Quelhas dos Santos pela melhor Dissertação de Mestrado em Arquitectura (FA-UL), publicada sob o título "Arquitectura e Comensalidade: uma história da casa através das práticas culinárias" (Caleidoscópio, 2016). Está a desenvolver a sua tese de Doutoramento em Estudos Urbanos — sobre a Paisagem Alimentar de Lisboa — no ISCTE-IUL e FCSH-UNL, apoiada por uma Bolsa Individual de Doutoramento, atribuída pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).


Fonte: https://www.ccb.pt/Default/pt/GaragemSul/Exposicoes/Exposicao?a=1893
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