Maitê Bueno sempre fala da vida. Biológica, cotidiana, social, em movimento. O sopro, o impulso elétrico, o pulso que faz tudo que é vivente. Há em sua produção um certo mistério maior da vida e uma denúncia da falta de sensibilidade do mundo humano para com o todo da existência, o grande presente de estar vivo e a aceitação da certeza da morte como motor para validar cada minuto, cada fase da lua, o sol, a chuva, o frio e a sinceridade nas relações. RUDERAL, aponta que a vida simplesmente acontece, quer a alimentemos quer não. E vai mais longe afirmando que a vida é vida em qualquer lugar, ao fazer o exercício imaginativo de transportá-la para fora do universo conhecido. Mesmo que num espaço nunca antes navegado, o ser será, todavia, ele mesmo. E a vida compensará todos os dissabores." Rodrigo Erib Em sua exposição, com curadoria de Ronaldo Grossman, a artista e bióloga urbanista reúne duas series de colagens concluídas recentemente -Pequenos Recortes e Abdução. Apresenta também intervenções poéticas e instalações da serie #artecura e convida Kim Schädlich que apresenta suas obras e interage diretamente com o seu trabalho. E outras personalidades Pedro Fragoso, Paloma Klisys, Nilson Primitivo e André Sheik. Pequenos Recortes é uma serie de colagens aplicadas sobre postais de autor desconhecido. Compreende um material coletado ao longo de suas viagens por sebos e feiras de rua, como a Feira da Ladra em Lisboa, e expressa seu discurso poético sobre a efemeridade e fetichismo vividos nas relações afetivas. Abdução, revela a íntima investigação analítica e espiritual da artista, afirmada na prática e estudo do Budismo e nas leituras de Carlos Castañeda. São colagens originadas de uma performance registrada pelo fotógrafo e amigo Rodrigo, onde a artista encena a sua própria abdução. Abdução é um termo latino que significa “conduzir para longe de”. Para o filósofo Charles Sanders Peirce é a única operação lógica que introduz qualquer ideia nova, a matriz dos estalos da psique que não advém do nada e sim da relação estabelecida entre razão e instinto. O homem possui um insight natural que corresponde aos poderes voadores e musicais dos pássaros, um instinto compartilhado com todos os seres vivos, e que assim, ao raciocinar, o faz co-participante nas teias de inter-relações criadas pela natureza para a permanência e continuidade da vida. #artecura compreende um trabalho de instalações feitas com as ressonâncias magnéticas e radiografias da sua avó materna, Helena Fonseca Bueno (13.08.1930 - 21.11.2017), onde a artista expressa seus sentimentos sobre a insensibilidade e agressividade operante no mundo. Kim Schädlich é ilustradora, designer, animadora e artista. Na sua arte, o riso e o gozo são essenciais. A ironia, o sarcasmo, a metáfora ou a comparação, são ferramentas usadas para brincar com as idiossincrasias da vida e, através delas, espelhar um pensamento, por vezes crítico, sobre o mundo que a rodeia. As imagens desformes e linhas descontínuas caracterizam um trabalho que é uma constante pesquisa sobre as personagens deste mundo e as formas que o constroem. Criar sobre o que outros já criaram: as promoções de verão, as bancas e os vendedores ambulantes. O olho artístico da Kim é como um filtro de ironia, é como uma criança que se preocupa com os problemas à sua volta e trabalha sobre eles, livre de seriedade, cheia de contrassenso. Todos os cantos são belos, são estranhos, são feios, mas são cantos, e neles há sempre algo curioso para explorar. O seu trabalho usa diferentes técnicas como a colagem manual e/ou digital, a impressão tipográfica (feita em impressoras heidelberg), a serigrafia, o stopmotion e projeções sobre objectos. Muitas das peças são interativas que usam o espaço envolvente e as suas perspectivas. Em Ruderal a artista apresenta trabalhos em técnicas diversas incluindo impressão tipográfica - A vida dentro da minha baleia e A muda de roupa. O trabalho de serigrafia - Toca-me aqui - as obras - Um ser estranho e Tuk Tuk who´s there? - caneta e pintura sobre papel -, a instalação - A Vida - e a obra inédita Lisboa á chuva. Tuk Tuk, Who´s there? São as folhas tropicais de plástico a caírem dos tectos de Lisboa. O papel de parede, o photostock, o ananás e os flamingos cores pastel! Aquela beleza da madeira velha que não é madeira e da planta monstera que faz fotossíntese com a luz da maçã do nosso novo macbook. A bica morreu.- um “branco liso” por favor. Que inspiradoras que são as frases com luzes néon que vi no Pinterest. não te esqueças: - Keep calm and copy paste. Programação Ruderal de 06 a 20 de dezembro *** Abertura dia 06 de dezembro às 19 horas Performance musical Oumuamua - Pedro Fragoso e João Afonso. *** 07 das 18 às 23 horas - Performance musical Mr.Bubble(Baltasar Moreira) e projecções dos trabalhos de Kim Schädlich e Paloma Klisys. *** 11 de dezembro das 19 às 21 horas - “Plant Blindness” - troca de ideias sobre a invisibilidade das plantas na cidade. Exibição da obra RAZIZR de Paloma Klisys (São Paulo) e do trabalho de Kim Schädlich, conversa com o público com Maitê Bueno e Kim Schädlich. *** 13 de dezembro das 19 às 20 horas - Cine Ruderal com Nilson Primitivo e André Sheik. EXIBIÇÕES 19:00h / 19:30h - "kalitch" - Obra inédita de Nilson Primitivo, com Bernardo Botikay e Ana Maria Bonjour. 2019 - Friburgo, RJ/Brasil - 13' 19:20h / 19:50h - "Padrões Aleatórios" de André Sheik. 2016/2019. 5' 9" *** 14 de dezembro das 15 às 18 horas - Workshop de Colagem com Kim Schädlich, Maitê Bueno e Pedro Fragoso. *** 14 de dezembro das 18 às 23 horas - Performance musical Dj Pedro Torres e projeções dos trabalhos de Kim Schädlich e Paloma Klisys. *** 20 de dezembro às 18 horas - Encerramento DeBru é um espaço aberto para a troca de experiências, ideias e perspectivas. Desenhado com intuito de permitir a interação social e se manter aberto a diferentes formas de expressão, o espaço foi concebido artesanalmente e da maneira mais flexivel possível afim de maximizar as possibilidades de interação e criatividade dos nossos colaboradores. Com um menu focado em produtos locais e independentes o DeBru busca inspirar a criatividade e o ímpeto criador, estimulando diferentes caminhos de se produzir, colaborar e conviver em um mundo em constante transformação. DeBru - Rua Luciano Cordeiro 2C, Lisboa Segunda à quinta das 17:30 / 00h Sexta e Sábado 17:30/ 02h
