De 29 de setembro de 2019 a 17 de novembro de 2019
“a beleza nua sem exaltação e incandescente"
Há muitos anos que a poesia de António Ramos Rosa me entra pela alma adentro e comunica comigo despertando uma miríade de imagens: a sua poesia é, portanto, uma fonte de inspiração para uma tipologia de fotografias que eu crio.
Há muitos anos também que fotografo paisagem (qualquer tipo de paisagem) e as paredes humanizadas do Alentejo e do Algarve despertam-me os sentidos, são espaços vazios onde podemos encontrar vestígios de uma mão humana e da ação do tempo sobre a matéria.
Preencher esses vazios pesquisando pormenores distintivos são a matéria do meu trabalho. Investigação estética que usa a tecnologia fotográfica para expressar arte minimal e abstrata.
Mas todos estes momentos de todas estas fotografias são momentos de encontro comigo, meditações sobre as formas e as cores. Nos brancos oiço silêncios, nas cores oiço distintos sons. Cada foto é também para mim uma composição musical.
Eu ocupo esse espaço, que para mim se torna em espaço poético, deixo esse espaço exprimir-se em mim, propagar-se e desvanecer. Oiço as palavras do António Ramos Rosa e viajo com elas pela fulguração branca e pela pujança colorida. Avançamos, preenchemos o espaço. E o seu poema “Ocupação do Espaço”, ganha novas dinâmicas comunicacionais e novas linguagens.
Não se trata apenas de um diálogo entre dois artistas, é a tentativa de criação de uma relação dialógica (como diria Edgar Morin) que se prolonga dos artistas ao público que interage com as suas criações: um mesmo poema tem mil significados; uma mesma foto produz uma música diferente em cada ser senciente.
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