Começamos isto com a História do Disco? Ele esteve lá. Paradise Garage? Ele esteve lá. Quando David Mancuso começou o Loft em 1970, Danny Krivit tinha 13 anos e ainda não sabia que esse clube iria ser o centro da sua vida por uns anos. Não como DJ mas como base e escola onde se tornou próximo, por exemplo, de Larry Levan e François Kevorkian. Ou começamos com a História do Hip Hop? Danny tocou na noite inaugural do Roxy, um dos primeiros clubes em Nova Iorque a levar a sério a cultura hip hop, e foi residente por 4 anos. Nesse contexto, tinha enorme vantagem sobre outros DJs brancos: sabia fazer scratch.
Por fim, House, esse género fundamentalmente descendente de Disco. Um dos pontos identificadores de Danny Krivit é o seu trabalho de re-edits para pista de dança, música já existente que ele afina em estúdio para maior impacto nos clubes. Muito activo nessa frente desde o início da década de 80, Danny esteve lá também nesse percurso formativo da cena House. Tornou as batidas mais sincopadas, estendeu grooves que precisavam de mais tempo, transformou por exemplo "Trans Europe Express" dos Kraftwerk num mantra hipnótico de percussão metálica. Em 1996, com Joe Claussell e François Kevorkian, abriu a hoje lendária noite Body & Soul. A lenda afirma que tocou todos os Domingos durante 6 anos, quando, já neste século, o clube anfitrião fechou. Body & Soul é talvez o ponto do seu percurso onde, num mesmo fluxo, se encontra finalmente toda a música a que foi exposto desde que, nos 60s, o seu pai era manager de Chet Baker e os contactos lhe permitiam receber discos das mãos de James Brown. Danny Krivit é importante para a música há mais anos do que aqueles que muitos de nós viveram na Terra.
Texto: José Moura (Flur Discos)
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