de/by: Mark O’Rowe tradução/translated by: Francisco Luís Parreira encenação/directed by: João Cardoso “Se eu falo nisso, as coisas entre nós mudam para sempre.” Entramos na idiossincrática “O’Rowelândia” pela sua penúltima peça, Os Nossos Dias Poucos e Desalmados (2014), numa encenação de João Cardoso. No percurso de Mark O’Rowe, este texto rompe um hiato de sete anos desde Terminus (2007), período em que o dramaturgo se dedicou a adaptações de Shakespeare e Ibsen e à escrita de argumentos para televisão e cinema. O monólogo como máquina de narração e rememoração, tão caro a O’Rowe nas peças anteriores, dá aqui lugar a uma simétrica e concatenada sucessão cronológica de seis cenas, igualmente distribuídas por dois atos, com um prólogo e um interlúdio. A potência da contracena e a cadência dos diálogos que as animam, curtos e naturalistas, sobrepostos ou truncados, é um dispositivo de desnudamento de um passado que consome as personagens. Em vez da torrente de palavras de outrora, a linguagem é agora quase ascética. É que há um segredo funesto a assombrar a família-protagonista de Os Nossos Dias Poucos e Desalmados, cujos contornos se desenham por detalhes, pausas, silêncios, como num puzzle. Com um lastro cinematográfico na forma como suspende cada cena, trabalha as elipses e os fundidos a negro, este drama familiar sobre a culpa, o sacrifício e o amor tem a claustrofobia de um thriller psicológico percorrido por uma tristeza palpável. “Porque é que não me amas?” «« cenografia e figurinos/set design and costumes: Sissa Afonso desenho de luz/lighting design: Nuno Meira, Filipe Pinheiro desenho de som/sound design: Francisco Leal, António Bica vídeo/video Fernando Costa interpretação/cast: Ângela Marques, Catarina Gomes, Paulo Freixinho, Pedro Frias, Pedro Galiza produção/produced by: TNSJ M/14 anos/Ages 14 and up «« English subtitles «« Conversa pós-espetáculo/Post-show talk 22 nov