RICARDO RIBEIRO E RABIH ABOU-KHALIL Concerto. 20 Jul / 22h Palco Principal Rabih Abou-Khalil (Alaúde) Ricardo Ribeiro (Voz) Luciano Biondini (Acordeão) Jarrod Cagwin (Percussão) O que é que um compositor libanês, alaudista e líder de uma banda faz depois de gravar com os grandes nomes do jazz, com músicos tradicionais árabes, com quartetos de cordas clássicas e músicos arménios, a quem foi atribuída a missão de escrever obras para orquestras sinfónicas pela BBC Orchestra, de Londres e pela Ensemble Modern, da Alemanha – sendo que o seu trabalho carrega sempre a sua inconfundível assinatura? Naturalmente, vai para Portugal, musicar poesia portuguesa e gravar com um jovem fadista de Lisboa. A aventura começou com uma pergunta de Ricardo Pais, director do Teatro Nacional do Porto, que pretendia saber se Abou-Khalil estaria interessado em musicar poemas portugueses e tocar as músicas em Lisboa e no Porto. Abou-Khalil aceitou imediatamente; a emoção de fazer algo tão surreal era simplesmente irresistível. Não era a primeira vez que Abou-Khalil considerava trabalhar com um vocalista. Contudo, nunca havia encontrado a pessoa certa – um talentoso cantor de espírito livre, que cantasse os complexos ritmos e melodias invulgares de Abou-Khalil – mas que estivesse suficientemente enraizado na sua cultura para poder transcendê-la. Estas características sempre foram de extrema importância para Abou-Khalil na escolha dos seus músicos. E se as letras tinham de ser em português, que assim fosse, pois a música transcende idiomas… Abou-Khalil descobriu assim Ricardo Ribeiro que na altura com apenas 26 anos, tinha já granjeado reputação por mérito próprio. Canta as composições de Abou-Khalil como se fossem suas, domina os complicados ritmos e as invulgares melodias com total facilidade. A sua voz, por vezes tentadoramente suave, outras impressionantemente poderosa, mistura-se com o alaúde de Abou-Khalil criando uma nova unidade, como se ambos brotassem de uma mesma fonte. Sempre presentes estão as saudades de Ricardo, arte portuguesa da tristeza e melancolia. Aos dois, junta-se neste espectáculo único Luciano Biondini, de Spoleto, Itália, mestre no acordeão, tão discreto quanto presente, acentuando habilmente as subtilezas musicais e ainda o percussionista americano Jarrod Cagwin. O resultado é um “folclore imaginário” uma música que soa a novo e a estranho, embora familiar e natural, como se tivesse existido desde sempre. Longe de qualquer banalidade, nasceu algo novo. Talvez a ligação que faltava entre o Oriente e o Ocidente, entre o Clássico e o Moderno, entre o Folclore e a Música Artística, profundamente enraizada em todo o lado e em lado nenhum. A parceria entre Abou-Khalil e Ribeiro não se esgota no quarteto. A gravação do disco “Em Português” (2008), que resulta do convite de Ricardo Pais a Abou Khalil, vale o título “Top of the World Album” pela revista inglesa Songlines. Mais tarde, Abou-Khalil vai musicar o poema “Toada de Portalegre” de José Régio, a pedido de Ricardo Ribeiro. Este projeto, apresentado em Lisboa no Teatro Municipal São Luiz, foi também apresentado na FIL de Guadalajara com a Orquestra Filarmónica de Jalisco, em Novembro de 2018, a convite do Governo português. Recentemente, Rabih Abou-Khalil e o quarteto voltaram a reunir-se para um concerto no festival Jazz Sous les Pommiers, em Coutances, França, que esgotou. O novo álbum de Abou-Khalil em que Ribeiro também canta tem lançamento agendado para breve. + www.bairrointendente.pt