A Descida ao Maelstrom Exposição individual de Alexandre Alagôa de 20 a 31 de Julho na Cossoul, Rua Nova da Piedade, nº 66, Lisboa Inauguração a 20 de Julho, às 18h00. + concerto de Alexandre Alagôa, Pedro Tavares e Z, às 20h00. Na tarde de 20 de Julho, pelas 18h, a Cossoul inaugura a exposição A Descida ao Maelstrom de Alexandre Alagôa, desconstrução do seu filme de 2017, o já familiar Vortex, cuja influência do experimentalismo estrutural dos anos 60 e 70 é óbvia, sendo agora repensado enquanto instalação audiovisual. Alagôa amplia a claustrofobia de um hall de entrada de um apartamento por via da constante sucessão de jogos de molduras dentro de molduras, janelas dentro de janelas -— desde os espelhos, ecrãs e portas que delimitam o corredor; à obsessão infinita dos frames que compõem todo o filme, paralela às abordagens dos japoneses Toshio Matsumoto e Takashi Ito; bem como às várias televisões que se repetem ao longo da sala de exposição numa atmosfera “June Paikiana”. Este esgotamento incessante leva-nos a um estado completo de entropia — um espaço-tempo que se consome a si mesmo: o corredor dentro do corredor, o filme dentro do filme. A experiência desvenda-se numa trip alucinante que impacta inevitavelmente o nosso organismo perceptivo, simultaneamente esgotante e estimulante, dolorosa e envolvente, é esse o ritual de Alagôa. À semelhança das sensações agoniantes do abismo infernal relatadas pelo pescador da obra de Poe, a galeria da Cossoul torna-se agora ela também um vórtice vertiginoso que nos engole e aprisiona numa queda infinita por esta 'mise en abyme': é a clausura pura no mundo imagem, é a Descida ao Maelstrom. «(...) gritou: Moeskoe-ström! «Ninguém saberá nunca o que eu senti nesse momento. Tremi dos pés à cabeça como se tivesse o mais violento dos ataques de febre. Bem sabia eu o que êle queria dizer com aquela palavra, bem sabia eu que êle queria que eu percebesse. Com o vento que tínhamos agora sôbre nós, íamos ter ao turbilhão do Ström e nada nos poderia salvar! «Bem vê o senhor: ao passarmos o canal do Ström, íamos sempre muito mais acima do redemoínho, mesmo com o tempo mais seguro e depois tínhamos que esperar com todo o cuidado pela calma; mas agora íamos mesmo sôbre o redemoínho e com um furacão daquela ordem! (...) «Estávamos agora na faixa de ressaca que existe sempre à volta do turbilhão; e claro está que pensei no momento seguinte mergulharíamos no abismo, cujo fundo mal podíamos ver por causa da extraordinária velocidade com que eramos transportados. (...) «Ao sentir a volta vertiginosa da descida, instintivamente me prendi com mais força ao barril e cerrei os olhos. Durante alguns segundos não ousei abri-los, porque esperava uma destruição imediata e admirava-me de já não estar na água, no estertor da agonia. POE, Edgar Allan (sem data) A Descida ao Maelstrom. Lisboa: Agostinho da Silva. p. 17, 19, 21 BIOGRAFIA: Alexandre Alagôa. Sesimbra, 1994. Em 2015 conclui a Licenciatura em Arte Multimédia, na vertente de Audiovisuais, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Torna-se Mestre em Audiovisuais pela mesma instituição em 2018. De 2017 a 2018 é convidado para trabalhar enquanto Monitor do curso de Arte Multimédia na mesma Faculdade, acompanhando os alunos no desenvolvimento de projectos audiovisuais. Pós-Graduado em Arte Sonora pelas Belas Artes de Lisboa, em 2019. Seguindo uma grande influência do cinema experimental e da vídeo-arte, o seu trabalho opera numa fronteira ou limite daquilo que é suportável para o nosso organismo perceptivo. Tem exibido os seus trabalhos de vídeo em várias exposições, mostras e festivais, dos quais se destacam InShadow: Lisbon Screendance Festival (Lisboa, Portugal, 2018), Festival Ecrã (Cinemateca do MAM, Rio de Janeiro, Brasil, 2018), Festival Video Art Miden: From Zero to Infinity (Centro Histórico de Kalamata, Grécia, 2018), Richterfest (Espaço das Artes e Ciência, Moscovo, Rússia), IVAHM: International Video Art House Madrid (Museu La Neomudéjar, Madrid, Espanha, 2017), Festival Reverso 02 (Cossoul, Lisboa, Portugal, 2016), I stood up and... never sat down again (Plataforma Revólver, Lisboa, Portugal, 2016). Contactos: alexandrealagoa.com alagoa_alex@hotmail.com Apoios: Belas Artes ULisboa Associação Guilherme Cossoul Agradecimentos: Fernando Fadigas Miguel Novais Jasmins Rodrigues Pedro Tavares Z André Silva Miguel Tavares Madalena Caramelo João Reis Gabriel Siams Inês Apolinário Zaratan