21:00 até às 23:00
DCAL: 'Bacurau', de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

DCAL: "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

0€ - 4€
BACURAU, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
2019, Brasil/França, FIC, 2:10:00

PT:
Bacurau é uma cidade no interior de Pernambuco, num futuro distópico. Dias após a morte de Carmelita, uma matriarca de 94 anos, os habitantes descobrem que a sua cidade desapareceu de todos os mapas. Carmelita é então a ideia de um Brasil que morreu, mas que deixou um legado de afetos e de alegria, tendo gerado muitos filhos que se foram espalhando pelo mundo. A cena do funeral da matriarca é uma espécie de grande celebração catártica coletiva. “Bacurau” será também, parafraseando a canção de abertura do próprio filme, uma canção brasileira para ouvir depois do Carnaval, no fim da festa, ou então um objeto voador não identificado, que parece ter perdido a sua identidade.Ambientado no mítico sertão brasileiro, imortalizado na literatura por João Guimarães Rosa (“Grande Sertão: Veredas”, 1956) ou Euclides da Cunha (“Os Sertões”, 1902) e no cinema por Ruy Guerra (“Os Fuzis”, 1964) e Glauber Rocha (“Deus e o Diabo na Terra do Sol”, 1964, e “António das Mortes”, 1969), “Bacurau” marca um regresso a esse território historicamente esquecido, marginalizado e explorado pelo poder central brasileiro. Inscrito na melhor tradição glauberiana, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles recorrem à alegoria distópica para falar sobre a sociedade brasileira na atualidade, nesta conturbada fase de transição de Lula para Bolsonaro, um Brasil que parece viver ainda em aparente estado de transe coletivo. A morte da matriarca espoleta uma série de memórias e fantasmas do passado que ameaçam a sobrevivência da comunidade. O filme é povoado por uma série de personagens simbólicas, como a médica Domingas (em mais uma surpreendente interpretação de Sónia Braga), o prefeito sem escrúpulos Tony Júnior ou o DJ Urso (uma espécie de sucedâneo moderno do Cego Júlio de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”), que ajudam a compreender a complexidade da sociedade brasileira no momento particular em que vive, acentuada pela mistura de géneros cinematográficos distintos – como o western, a alegoria, a ficção científica, o gore do terror. A música final do filme, um requiem celebrizado por Geraldo Vandré, parece propor uma redenção possível: “Vim aqui só pra dizer/ Ninguém há de me calar/ Se alguém tem que morrer/
Que seja pra melhorar/Tanta vida pra viver”. O filme termina assim num momentocoletivo em que o bem comum é mais importante que o bem individual, e que só pela união de vontades se poderão ultrapassar as adversidades e derrotar o sistema dos que querem redefinir as regras do mundo apenas em benefício próprio. (Paulo Cunha)

EN
Bacurau is a city in the inland of Pernambuco, in a dystopian future. Days after the death of Carmelita, a matriarch of 94 years old, the inhabitants discover that their city
disappeared of all the maps. Carmelita is the metaphor of a Brazil that died, but that left a legacy of affection and joy, having generated many children that were spreading by the world. The matriarch’s funeral scene is a kind of great collective cathartic celebration. “Bacurau” will also be, paraphrasing the opening song of the film itself, a Brazilian song to hear after Carnival, at the end of the party, or an unidentified flying object that seems to have lost its identity.In the mythical Brazilian “sertão”, immortalized in literature by João Guimarães Rosa (“Grande Sertão: Veredas”, 1956) or Euclides da Cunha (“Os Sertões”, 1902) and in cinema by Ruy Guerra (“Os Fuzis”, 1964) and Glauber Rocha (“Deus e o Diabo na Terra do Sol”, 1964, and “António das Mortes”, 1969), “Bacurau” traces a return to that historically forgotten territory, marginalized and exploited by the Brazilian central power.Inscribed in the best Glauberian tradition, Kleber Mendonça Filho and Juliano Dornelles use the dystopian allegory to talk about Brazilian society of today, in this troubled phase of transition from Lula to Bolsonaro, a Brazil that seems to still live in an apparent state of collective trance. The matriarch’s death unleashes a series of memories and ghosts of the past that threaten the survival of the community. The film is populated by a series of symbolic characters, such as the doctor Domingas (in another surprising performance of Sónia Braga), the unscrupulous mayor Tony Júnior or the DJ Urso (a kind of modern substitute of Cego Júlio de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”), which help to understand the complexity of Brazilian society at the particular moment in which it lives, accentuated by the mixture of different cinematographic genres – such as western, allegory, science fiction, the gore of terror. The final song of the film, a requiem that became famous by Geraldo Vandré, seems to propose a possible redemption: “I came here just to say / No one will shut me up / If someone has to die / That it will be to improve / So much life to live.” The film thus ends in a collective moment in which the common good is more important than the individual good, and that only by the union of wills can overcome adversities and defeat the system of those who want to redefine the rules of the world only for their own benefit. (Paulo Cunha)

Bilhetes/Tickets: 4 euros (*)

(*) Descontos:

Com 20% de desconto para portadores de Cartão de Estudante, Cartão Jovem e Sócios ACP.

Acesso gratuito para portadores de Free-Pass ou Acreditação do Curtas Vila do Conde IFF 2019.

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