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Ciclo 25 X Buñuel

Ciclo 25 X Buñuel

Um dos nomes maiores da arte no século XX: o cineasta (e também escritor) Luis Buñuel (Espanha, 1900 — Cidade do México, 1983), com um especial enfoque no chamado “período mexicano”, extremamente rico, e muito menos conhecido, mesmo, praticamente desconhecido em Portugal (dos 25 filmes que fazem parte deste programa, muitos deles são inéditos comercialmente no nosso país, e foram exibidos apenas na Cinemateca Portuguesa, que no início dos anos 80 dedicou um ciclo ao cineasta).
Serge Daney, escreveu, a propósito da exibição em França de muitos destes títulos “mexicanos”, num festival de outono nos anos 80, organizado com Paulo Branco, nas célebres “Semaines des Cahiers du Cinéma’”: “Conhecemos o rasgo de génio de Buñuel. Qualquer que seja o sistema de produção no qual trabalha, mais do que saber correr o risco e ultrapassá-lo, Buñuel é sempre ele próprio. É por isso que o mais individualista dos cineastas, longe de fazer um discurso sobre as virtudes do individualismo, provou, nos vários sítios por onde passou e trabalhou, que era irredutivelmente Buñuel.”
A sua obra, começou-a em Madrid, para onde fora viver e estudar (Buñuel considerou os oitos anos vividos em Madrid, onde se ligou à famosa geração de 27, da qual faziam parte os poetas Federico Garcia Lorca e Rafael Alberti, e o pintor Salvador Dali, como os “mais ricos e vivos da sua vida”), no movimento “ultraísta”, com os seus amigos Lorca e Dali, influenciados por Dádá, naquilo que J. Francisco Aranda, que escreveu a melhor biografia de Buñuel, classifica já como uma espécie de “surrealismo gestionário”; continuou em Paris, para onde partiu em 1925, e onde foi secretário de Eugénio d’Ors, escreveu poesia, teatro e crítica de cinema — foi ao ver “A Morte Cansada” de Fritz Lang que quis ser cineasta —, criou cenários e figurinos para peças de teatro. Em 1928 aderiu ao movimento surrealista, no qual esteve com Breton, Aragon, Éluard, Dali, Magritte, Max Ernst, Man Ray ou Tanguy, e começou a trabalhar no cinema, como assistente de realização. Escreveu argumentos para os quais não encontrou financiadores, e, com dinheiro emprestado pela mãe, realizou, em 1929, o seu primeiro filme, “Un Chien” , que escreveu a meias com Dali e foi “o primeiro filme inteiramente surrealista”. Seguiu-se L’Âge d’Or” (1930), financiado pelo visconde de Noailles, que na sua estreia causou imenso escândalo e foi retirado de cartaz “por razões de ordem pública”. A sua exibição pública esteve proibida durante cinco décadas, tendo durante esse tempo tido apenas exibições privadas, no que foi, como refere João Bénard da Costa, “o mais longo caso de censura da história do cinema”. E acrescenta: “Mas a sua reputação foi imediatamente mítica e deu a Buñuel uma aura imensa”.
Por isso, surgiu um convite de Hollywood, onde conheceu Chaplin, Sternberg e Einstein (no seu livro de memórias, redigido por Jean-Claude Carrière, “O Meu Último Suspiro” , refere esses e outros encontros), e onde não filmou, rejeitando algumas propostas, e regressando a Espanha, onde filmaria “Terra Sem Pão” (1932), um documentário sobre uma das regiões mais pobres de Espanha, que, por mostrar “uma imagem miserável do país” (curiosamente a mesma crítica que foi feita, na mesma altura, a Douro, Faina Fluvial, de Manoel de Oliveira), viria também a ser proibido. Buñuel, que aderira à causa republicana durante a Guerra Civil, na sequência da vitória de Franco acabaria por pedir e obter asilo político nos EUA (vivia na altura em Nova Iorque), acabando por, em 1946, depois de alguns projectos que não viram a luz, ir parar ao México, onde o produtor Oscar Dancigers o convidou a filmar, dando assim início ao chamado “período mexicano”, no qual Buñuel insuflou em melodramas ou comédias comerciais, que tinham muito público no México, a moral e os processos do surrealismo, ao qual o poeta e crítico J.F. Aranda chamou-lhe “um ‘tour de force’ imenso na história do cinema”. Foram 9 anos e 16 filmes, e muitos críticos sustentam que essa foi a grande época de Buñuel. O próprio realizador defendeu vários destes filmes como sendo dos melhores que realizou.
Os primeiros passaram, na altura, despercebidos fora do México, mas, a partir de “Los Olvidados”, que foi selecionado para Cannes, onde obteve o prémio da melhor realização e grande aclamação da crítica, a fama de Buñuel regressaria.
* Parte da informação para a redação deste texto foi recolhida de um extenso e magnífico texto de João Bénard da Costa (in Escritos Sobre Cinema, Tomo 1, vol. 1, Ed Cinemateca Portuguesa).

Local auditório TAGV


Fonte: https://tagv.pt/agenda/ciclo-luis-bunuel/
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