18:00 até às 20:00
 Concerto - Persistência | Festival 20.21

Concerto - Persistência | Festival 20.21

O programa do concerto Persistência apresenta ao público português a Orkest De Volharding, fundada em 1972, em Amsterdam, pelo compositor Louis Andriessen.
Constituída por 13 músicos de formação erudita e com práticas musicais nas áreas do jazz, do rock, pop e da improvisação, o elenco instrumental da Orkest tinha características sui generis: flauta /piccolo, 3 saxofones (soprano, alto, tenor), trompa, 3 trompetes, 3 trombones, contrabaixo e piano.
Era uma alternativa-provocação ao aparatoso ‘símbolo de Estado’ da grande e pesada orquestra clássico-romântica holandesa!
Várias centenas de peças foram escritas por compositores holandeses e estrangeiros para a Orkest durante os seus 37 anos de existência (de 1972 a 2009). No seu 20º aniversário, a orquestra possuía já um património de 150 peças!
O arranjo/orquestração de ‘Grândola, Vila Morena’, de José Afonso, que realizei em 1974, a pedido de Louis Andriessen, meu professor, como 1.º trabalho de casa da aula de Orquestração, e ainda as peças ‘Balada do Amor militante’ (1980), ‘Coro da Primavera’ (1981), ‘Canto de trabalho’ (1980), ‘Romance d’O Conde da Alemanha’ (1982) e ‘Pranto’ (1984/88), encomendas da Fundação para a Arte e da Fundação para a Criação Musical, de Amsterdam, fazem parte deste património e ilustram a atitude ideológica da Orkest.

É óbvia a dificuldade na seleção de umas poucas peças representativas da imensa produção da Orkest De Volharding para um programa de concerto...! Escolhi:
• A persistência (De Volharding) (1972) e Isto acontece no Vietnam (Dat gebeurt in Vietnam) (1973) – cujas temáticas mostram a preocupação humana, social e política de Louis Andriessen;
• Dressoir (1977) (aparador onde se guardam objetos-relíquia como foto de casamento, caixa de biscoitos, jogo de dominó, cesto de costura, etc), de Misha Mengelberg * (1935-2017) (colega e amigo de L. Andriessen no curso de Composição do professor/compositor Kees van Baaren, no Conservatório Real de Haia) é, pelo contrário, uma peça com sentido de humor, de um ‘homem do palco’ – pianista de jazz reconhecido internacionalmente. Era um filósofo, um ‘pensador’ sobre música, mas que não se ‘levava a sério’! Recordo com saudade o seu magnífico concerto com Evan Parker (sax), em Agosto de 2015, na Fundação C. Gulbenkian, e a nossa entrevista informal após o concerto. À minha inocente pergunta: ‘Misha, o que é que andavas a fazer com os dedos sobre o teclado?’, respondeu-me com um sorriso: ‘tivesse eu há 10 anos a coragem de fazer o que faço agora: Nada! Não faço nada de especial, não penso nos dedos, nem nas notas! Deixo a música acontecer... Não estou preocupado com o devir da ‘peça’! Não me interessa pensar no que vem a seguir...
Nem me interessa ou preocupa o público! Já há mais de 30 anos que tocamos juntos, o Evan e eu. Nunca ensaiamos...! Nem é preciso’.

A partir dos anos ’80, as partituras que De Volharding recebe são mais complexas de execução. Aparece então um novo elemento na Orkest: o maestro.

• Järn** (1982), de Klas Torstensson, compositor sueco residente na Holanda, apresenta uma escrita abstracta, plena de invenção, com secções em notação proporcional, repleta de grandes contrastes dinâmicos e uso de registos extremos.
• Coro da Primavera (1981), de José Afonso, em arranjo/orquestração que dediquei a Louis Andriessen e à ORKEST.
• Pranto (1984/88) In memoriam Manuel Faria, inspirada na tradição das ‘pranteadeiras’ (actividade ainda existente há 30 anos em algumas aldeias do Alto Minho, em que algumas mulheres eram ‘contratadas’ para ‘chorar’ durante o velório as virtudes da pessoa defunta), usei a melodia da canção ‘Moda do entrudo’ (versão de José Afonso) na introdução da peça (3 trompetes) como um cantus firmus ornamentado. Pretendi com esta obra – que dediquei à Orkest De Volharding - realizar uma das ‘normas’ de composição escrita do meu professor L. Andriessen: ‘todos os músicos têm direito a tocar partes instrumentais musicalmente interessantes’!
• Vanfarra (2018/19), de Edward Luiz Ayres d’Abreu.
Amílcar Vasques Dias

Consisting of 13 musicians with classical training and musical practice in the areas of jazz, rock, pop and improvisation, the instrumental cast of Orkest, features sui generis characteristics: flute / piccolo, three saxophones (soprano, alto, tenor), horn, 3 trumpets, 3 trombones, double bass and piano.


Ficha Técnica:
Flauta - Manuel Luís Cochofel
Saxofones - Ricardo Pires, João Pedro Silva, Elmano Coelho
Trompetes - Sérgio Charrinho, Pedro Monteiro, Rui Chainho
Trombones - Ruben da Luz, Eduardo Lála
Trombone Baixo - Mário Vicente
Trompa - Nuno Cunha
Piano - Daniel Bernardes
Contrabaixo - Miguel Menezes

Promoção: Câmara Municipal de Évora
Direção Artística: Amílcar Vasques Dias
Parceiros: CriaSons e Arte no Tempo


Fonte: http://www.cm-evora.pt/pt/agendacultural/Paginas/Concerto---Persistência--Festival-20-21.aspx
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