12:00 até às 23:59
FAZ QUE VAI, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca
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FAZ QUE VAI, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca

FAZ QUE VAI, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca 
Curadoria de / Curated by Moacir dos Anjos
Inauguração/ Opening: 13.06 — 21h30
Até / until 28.07
Visita à exposição com o curador/ Guided tour of the exhibition with the curator: 22h

Programação Paralela / Complementary Programme:

AULA ABERTA / OPEN CLASS | 11.06  — 17h
A Saco Azul e o Maus Hábitos em parceria com/ in partnership 
 with FBAUP* organizam/organize: 
"Distribuição de corpos e representação das sobras no Brasil contemporâneo" 
Oradores/Speakers: 
Moacir dos Anjos (curador/curator)
Apresentação e moderação/ Presentation and moderation:
Filipa Cruz (FBAUP)
onde/ where: Aula Magna, FBAUP  | Av. de Rodrigues de Freitas 265

* apoio de I2ADS, com a organização de Rute Rosas (artista e investigadora)

OFICINA de Frevogue, com Edson Vogue | 9 a 11.07 — 17h às 19h
+ info: http://bit.do/eTF9D

[PT]
Faz que Vai (2016) é o primeiro filme feito, em colaboração, por Bárbara Wagner (Brasil, 1980) e Benjamin de Burca (Alemanha, 1975), ambos residentes no Recife, Brasil. Nele e em outros que fariam a seguir – Estás vendo Coisas (2017), Terremoto Santo (2018), Swinguerra (2019) –, os artistas investigam, fazendo uso de sintaxe audiovisual que enfraquece distinções entre documentário e ficção, os modos como práticas coletivas ligadas à música e à dança são absorvidas e transformadas pelos corpos de jovens moradores das periferias de cidades do Nordeste do Brasil. Mais que isso, examinam como os processos de contínua reinvenção daquelas práticas afirmam diferenças de raça, classe e gênero, desafiando a distribuição de corpos que vigora no espaço social do país. Distribuição de corpos em lugares de trabalho, moradia e lazer que busca enquadrar – ou mesmo excluir – qualquer fato ou pessoa que fira normas ou padrões supostamente universais, embora sejam somente (e por tempo incerto) dominantes.
“Faz que vai, mas não vai” é o nome dado a um dos muitos passos do frevo, forma de música e de dança inventada no Recife entre o final do Século 19 e início do seguinte. Para historiadores, a origem do frevo pode ser buscada na articulação feita entre ritmos diversos (marchas militares, maxixes, dobrados, quadrilhas) que calharam de coexistir em período de acelerada urbanização e de importantes mudanças sociais no Brasil, como a abolição da escravatura e a instituição da República. Surgido no ambiente dos festejos do carnaval e valendo-se de instrumentos de sopro e percussão, o frevo congregava, em seu início, agitadas multidões em cortejos usualmente encabeçados por homens negros - ex-escravizados ou descendentes de quem havia vivido sob tal condição - que, valendo-se de movimentos de capoeira criados em contexto de resistência à violência colonial, abriam espaço para a passagem de seu grupo, intimidando outros que encontrassem por acaso nas ruas. É desses movimentos desafiadores de corpos finalmente libertos, estimulados pelo ritmo nervoso e apressado que a orquestra que vinha atrás tocava, que nascem e se consolidam, com o passar do tempo, os passos do frevo.  
Ao longo de todo o Século 20, o frevo foi sendo gradualmente adotado, pelos moradores mais afluentes e influentes do Recife, como sua forma de música e de dança mais típica, tornando-se parte importante da invenção simbólica da cidade. Como coroamento desse processo de distinção, em 2012 o frevo se torna Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, título concedido pela Unesco. Sem alarde, o trabalho de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca confronta essa domesticação do frevo, reclamando, para ele – mesmo se inevitavelmente espetacularizado –, a possibilidade de ser lugar de afirmação de alteridades e de disputa pela visibilidade de corpos negros, periféricos e não conformados a classificações estanques de gênero. Reclamando, para o frevo do Século XXI, sua potência criadora e crítica inicial.

Moacir dos Anjos

[EN]
Faz que Vai (2016) is the first film made in collaboration by Barbara Wagner (Brazil, 1980) and Benjamin de Burca (Germany, 1975), both residents in Recife, Brazil. The artists investigate on this film and others – such as “Estás vendo Coisas” (2017), “Terremoto Santo” (2018), “Swinguerra” (2019) - the ways as collective practices linked to music and dance are absorbed and transformed by the bodies of young people living in the outskirts of cities in Northeast Brazil. For this purpose, they use the audiovisual syntax that weakens distinctions between documentary and fiction. Besides that, they examine how the processes of continuous reinvention of those practices affirm differences of race, class and gender, defying the distribution of bodies that prevails in the social space of the country. The distribution of bodies in places of work, housing and leisure that seek to frame –  or even exclude – any fact or person that violates supposedly universal norms or standards, although they are only (and by uncertain time) dominant.
“Faz que vai, mas não vai” is the name given to one of the many steps of frevo, a form of music and dance invented in Recife between the end of the 19th and 20th Century. For the historians, the origin of frevo can be traced to the articulation made between various rhythms (military marches, maxixes, bends, gangs) that might coexist in a period of accelerated urbanization and important social changes in Brazil, such as the abolition of slavery and the institution of the Republic. Born during the carnival festivities, using fret and percussion instruments, frevo congregated, at its beginning, agitated crowds in processions usually headed by black men - ex-eslaved or descendants of those who had lived under that condition. These men, with the use of capoeira movements created in a context of resistance to colonial violence, opened space for the passage of his group, intimidating others they encountered in the streets. From these defiant movements of bodies finally released, stimulated by the nervous and hurried rhythm that the orchestra was touching, footsteps of frevo are born and consolidate themselves with the passage of time.
Throughout the 20th century, Frevo was gradually adopted by the most affluent and influential residents of Recife as their most typical form of music and dance, becoming an important part of the symbolic invention of the city. As a crowning part of this process of distinction, in 2012 frevo becomes Intangible Cultural Heritage of Humanity, a title granted by Unesco. The work of Bárbara Wagner and Benjamin de Burca confronts this domestication of frevo, claiming for him – even if inevitably spectacular –  the possibility of being a place of affirmation of alterity and dispute for the visibility of black, peripheral and not conformed to watertight classifications of gender. Also, they are complaining for the frevo of the 21st Century its creative power and initial criticism.
Moacir dos Anjos
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