15:00 até às 15:00
4.º Observatório de África, América Latina e Caraíbas | Novos Poderes

4.º Observatório de África, América Latina e Caraíbas | Novos Poderes

NOVOS PODERES
4º OBSERVATÓRIO DE ÁFRICA, AMÉRICA LATINA E CARAÍBAS
(inserido no programa PRÓXIMO FUTURO da Fundação Calouste Gulbenkian)
Programador Geral: António Pinto Ribeiro
Coorganização e coordenação: Unipop
www.proximofuturo.gulbenkian.pt/observatorio/novos-poderes

8 de fevereiro a 24 de maio de 2014 | 15h
Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian (Av. Berna, 45-A, Lisboa)
Entrada livre mas limitada aos lugares disponíveis: inscrição necessária através do email cursopcc@gmail.com.


O objetivo deste ciclo é discutir experiências históricas e atuais que contribuam para a inventariação de diferentes tipos de relações de poder. Trata-se de um programa que atravessa tanto os domínios da arte e da cultura como da política e da economia, convocando acontecimentos políticos, movimentos estéticos e debates teóricos e focando objetos tão diversos como textos literários, ações políticas, imagens cinematográficas, correntes académicas ou fluxos mercantis.

Será dedicada particular atenção às dinâmicas de territorialização implicadas nas relações de poder, da expansão colonial ao processo de globalização, da formação das metrópoles à transformação da natureza.

O programa inspira-se tanto na crítica à dominação colonial sobre territórios e sociedades africanas, asiáticas e sul-americanas como na contestação e nas alternativas que nesses mesmos contextos se têm afirmado, quer face às novas formas de dominação ocidental quer face aos poderes instituídos no contexto pós-colonial.
 

PROGRAMA:

Sessão 1 | 8 de Fevereiro
A ECONOMIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS
Protesto e Revolta em Maputo e no Rio de Janeiro de Hoje

Durante muito tempo marcada pela clivagem entre colonialistas e movimentos anticoloniais e depois por guerras civis que opuseram duas forças nacionais, a cena política moçambicana viu emergir novos protagonistas com a eclosão de uma série de motins no espaço metropolitano de Maputo em 2008 e em 2010. Mais recentemente, em 2013, no Brasil, e com particular destaque para o Rio de Janeiro, eclodiram revoltas inesperadas num contexto que parecia exclusivamente determinado pelas clivagens político-partidárias em torno dos governos do Partido dos Trabalhadores. Neste debate, pretende-se compreender a economia destes recentes movimentos sociais urbanos, discutindo as relações de poder que fazem o quotidiano das cidades em questão, bem como os sujeitos, as formas e o repertório de ação política dos levantamentos ocorridos.

Oradores:
Giuseppe Cocco, Sociólogo, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Paulo Granjo, Antropólogo, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
Comentador: José Nuno Matos, Sociólogo, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

GIUSEPPE COCCO licenciou-se em Ciência Política pela Université Paris VIII (França) e pela Università degli Studi di Padova (Itália). Doutorou-se em História Social pela Université Paris I – Pantheon-Sorbonne. É editor das revistas francesas Global Brasil, Lugar Comum e Multitudes. Trabalha na área do planeamento urbano e regional, atuando principalmente nos temas: trabalho, globalização, cidade, fordismo e cidadania. Publicou, com Antonio Negri, o livro “GlobAL: Biopoder e lutas em uma América Latina globalizada” (Record, 2005). O seu livro mais recente é “MundoBRaz: o devir Brasil do mundo e o devir mundo do Brasil” (Record, 2009).

PAULO GRANJO é doutorado em Antropologia Social pelo ISCTE. Realiza pesquisas em Portugal e em Moçambique, abrangendo terrenos tão diversos como a indústria, as práticas curativas e mágicas, os processos de aprendizagem ou o direito familiar. É professor visitante na Universidade Eduardo Mondlane (Maputo), desenvolvendo também trabalho docente no Instituto de Ciências Sociais. É membro da European Association of Social Anthropologists.

JOSÉ NUNO MATOS é licenciado e mestre em Ciência Política, pelo ISCSP-UTL, e doutorado em Sociologia, pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). Tem dedicado os seus estudos às questões do trabalho precário, do sindicalismo e dos movimentos sociais. Publicou o livro “Acção Social e Representatividade” (Autonomia 27, 2007). Coordenou, com Nuno Domingos e Rahul Kumar, “Precários em Portugal – da Fábrica ao «Call Center»” (Edições 70, 2010).

 

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Sessão 2 | 1 de Março
A ARTE DO COMUM E A PRODUÇÃO DA CULTURA
O Anticolonialismo da Imagem Militante à Guerra das Escritas

Na segunda metade do século XX, os movimentos anticoloniais tornaram-se objeto de inúmeras representações artísticas, grande parte das quais visando reforçar a efetividade desses mesmos movimentos. Entretanto, o trabalho de representação artística reforçou a dinâmica dos movimentos anticoloniais e enformou a própria ideia de militância que lhes era subjacente. Tais representações caracterizaram-se pelo recurso a novos meios de comunicação, nos quais, além da palavra, também a imagem assumiria preponderância. Caracterizaram-se ainda pela capacidade de circulação transnacional, que conferiria um novo entusiasmo internacional a muitas das práticas militantes de então. E, finalmente, por o seu modo de produção procurar, em vários casos, fazer a crítica da soberania e do individualismo autoral (recorrendo a relações de maior reciprocidade entre representante e representado, bem como à figura do autor coletivo.

Oradores:
Ros Gray, Estudos Artísticos, Goldsmith College, Universidade de Londres
Maria-Benedita Basto, Estudos Literários, Universidade de Paris IV
Comentador: Luís Trindade, Historiador, Birkbeck College – Universidade de Londres

ROS GRAY é investigadora e professora de Estudos Artísticos em Goldsmith College, University of London. A sua investigação centra-se na produção de cinema militante e revolucionário e, as suas redes transnacionais, nas questões estéticas, políticas e éticas que decorrem das práticas levadas a cabo no espaço urbano e na ecologia. É autora de diversos livros de arte e de artigos em publicações como The Journal of Visual Culture, Textile: Journal of Cloth and Culture e The Journal of African Cinemas.

MARIA-BENEDITA BASTO é professora em Paris-Sorbonne, Paris IV, e investigadora associada do Centro de Estudos Africanos da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Trabalha nas áreas da teoria política, história colonial e pós-colonial de África e de Moçambique, teoria literária e estudos pós-coloniais. É autora de “A Guerra das Escritas: Literatura, Nação e Teoria Pós-Colonial em Moçambique” (Vendaval, 2006). Coordenou “Enjeux littéraires et construction d’espaces démocratiques en Afrique subsaharienne” (Éd. de l’EHESS-CEAf, 2007).

LUÍS TRINDADE é professor de Estudos Portugueses em Birkbeck College – University of London. Tem trabalhado sobre o nacionalismo português e em torno de diversos outros aspetos da história cultural do século XX. Publicou “O Estranho Caso do Nacionalismo Português” (Imprensa de Ciências Sociais, 2008), acerca das relações entre o salazarismo e a literatura. Atualmente, a sua investigação centra-se na cultura revolucionária e pós-revolucionária portuguesa. Coordenou o livro “The Making of Modern Portugal” (Cambridge Scholars Publishing, 2013).

 

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Sessão 3 | 29 de Março
UMA HISTÓRIA DE PROTESTO POPULAR E LUTA ANTICOLONIAL
Política em Portugal e no Império Português do Século XIX ao 25 de Abril

Na época contemporânea, da resistência às invasões francesas até aos anos do PREC, Portugal foi atravessado por vários episódios de revolta e contestação popular. A história deste protesto é muitas vezes remetida a um estatuto secundário, sendo dada primazia ao estudo dos conflitos entre os atores institucionais. Neste debate, ir-se-á analisar as diferentes formas da política ’a partir de baixo‘, atendendo tanto a períodos de normalidade institucional como de crise de regime. Simultaneamente tentar-se-á que esta história do protesto popular, no Portugal contemporâneo, seja igualmente interpelada pela análise do passado colonial e das lutas anticoloniais. Esta interpelação, cuja razão de ser mais visível poderia ser o facto da democratização e da descolonização terem coincidido no processo revolucionário de 1974/75, convida a olhar para a circulação de conceitos e práticas de resistência, a caminho de uma história da Europa que deverá ser uma história dos seus espaços imperiais e vice-versa.

Oradores:
Diego Palacios Cerezales, Historiador, Universidade de Stirling
José Neves, Historiador, Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa
Comentador: Fátima Sá e Melo Ferreira, Historiadora, ISCTE-IUL

DIEGO PALACIOS CEREZALES é professor na University of Stirling. Doutor em Ciência Política pela Universidade Complutense de Madrid, onde lecionou e investigou. Os seus interesses centram-se nos movimentos sociais e no controlo policial da ordem pública em Espanha e em Portugal, durante os séculos XIX e XX. Publicou os livros “O poder caiu na rua. Crise de Estado e acção colectiva na revolução portuguesa, 1974-1975” (Imprensa de Ciências Sociais, 2003) e “Portugal à coronhada. Protesto popular e ordem pública nos séculos XIX e XX” (Tinta da China, 2011).

JOSÉ NEVES é professor auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador no Instituto de História Contemporânea da mesma faculdade. Licenciou-se e doutorou-se em História pelo ISCTE. É autor de “Comunismo e Nacionalismo em Portugal – Política, Cultura e História no Século XX “ (Tinta-da-China, 2008), livro que recebeu, entre outros, o Prémio Sedas Nunes 2010. Coordenou “Como se Faz um Povo – Ensaios em História de Portugal Contemporâneo” e, com Bruno Peixe Dias, “A Política dos Muitos – Povo, Classes e Multidão” (Tinta-da-China, 2010).

FÁTIMA SÁ E MELO FERREIRA é professora associada do Departamento de História do ISCTE-IUL e investigadora do CEHC-IUL. É autora de “Rebeldes e Insubmissos. Resistências Populares ao Liberalismo em Portugal, 1834-1844” (Afrontamento, 2002) e, com Maria Alexandre Lousada, de “D. Miguel” (Círculo de Leitores, 2006). É coordenadora do projeto internacional “Linguagens da Identidade e da Diferença. Classes, corporações, castas e raças no mundo ibero-americano 1750-1879” (Iberconceptos III) e foi coeditora da obra “Diccionario politico y social del mundo iberoamericano 1750-1850” (Iberconceptos I), dirigida por Javier Fernández Sebastián (2009).

 

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Sessão 4 | 26 de Abril
DA TEORIA DA DEPENDÊNCIA AO DIREITO DE FUGA
A Circulação das Mercadorias e das Pessoas no Mundo

A recente crise mundial tem colocado em novos termos o debate sobre a natureza e a escala da organização política e económica das comunidades. As questões da mobilidade, da territorialidade e da identidade das pessoas têm sido discutidas, observando fenómenos como as migrações, os nacionalismos e o racismo ou, ainda, o tema do cosmopolitismo. Simultaneamente, o debate em torno da liberdade, da regulação ou da proteção dos fluxos de mercadorias tem motivado a reflexão em torno das relações norte/sul, da hegemonia norte-americana ou da integração europeia e de reconfigurações geopolíticas. Neste debate, trata-se de procurar interpelar a circulação mundial das mercadorias e das pessoas, evitando a ilusão de um mundo plano, que marcou os elogios à globalização no início do século XXI, e os perigos de um fechamento nacionalista, de que o século XX foi testemunha.

Oradores:
Sandro Mezzadra, Sociólogo, Universidade de Bologna e Universidade de Western Sidney
Nuno Teles, Economista, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
Comentador: José Mapril, Antropólogo, CRIA

SANDRO MEZZADRA é professor na Universidade de Bolonha e na Universidade de Western Sydney. Tem trabalhado em torno das relações entre globalização, migração e cidadania. Esteve envolvido na luta pelos direitos dos migrantes, nomeadamente no âmbito do primeiro dia de ação contra a reunião do G-8 em Génova (Itália), em 2001, dedicado às questões da migração, bem como nos fóruns sociais italianos. É autor, entre outros trabalhos, dos livros “Direito de Fuga – Migrações, Cidadania e Globalização” (Edições Unipop, 2012) e, com Brett Neilson, “Border as Method, or, the Multiplication of Labor” (Duke University Press, 2013).

NUNO TELES é investigador no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e doutorado pela School of Oriental and African Studies (SOAS), da University of London. Os seus interesses em investigação centram-se na área da financeirização das economias e do desenvolvimento. É membro do grupo Research on Money and Finance, sediado na SOAS, e um dos autores do livro “Eurozone in Crisis” (Verso, 2011). Escreve regularmente no blogue “Ladrões de Bicicletas”.

JOSÉ MAPRIL concluiu o doutoramento em Antropologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, com uma pesquisa sobre transnacionalismo e Islão entre bangladechianos em Lisboa. Atualmente é investigador de pós-doutoramento no CRIA, polo FCSH-UNL, onde desenvolve um novo projeto sobre imaginários nacionais e redes políticas transnacionais entre migrantes do Bangladeche em Portugal. É também professor auxiliar convidado no Departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, e editor de recensões na revista Etnográfica.

 

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Sessão 5 | 24 de Maio
A SOCIEDADE CONTRA O ESTADO E O CUIDADO DE SI
Emancipação, Perspetivismo Ameríndio e Pós-colonialismo 

A crítica do Estado é um elemento constituinte de várias tradições político-ideológicas. Nas últimas décadas, esta crítica tem sido, em grande medida, protagonizada por correntes liberais, com destaque para os chamados novos liberalismos, que ganharam força a partir dos anos 70 e que têm denunciado o que entendem ser os efeitos negativos da ação do Estado na liberdade individual e no funcionamento da economia. Nos mesmos anos 70, porém, autores como Michel Foucault sublinharam que a crítica neoliberal do Estado não apenas implicava o domínio estrito da economia mas, desde logo, as formas das relações de poder nos mais vastos domínios da vida. Num sentido diverso, no início daquela mesma década e igualmente olhando para o Estado à luz de uma analítica do poder, autores como o antropólogo Pierre Clastres ou, mais recentemente, Eduardo Viveiros de Castro recolocaram em novos termos o debate sobre a questão indígena, em particular no caso dos povos ameríndios. É na interseção entre esta antropologia de inspiração anarquista e os contributos de Foucault para a história do liberalismo, e do que designou como ’cuidado de si‘, que este debate encerra o nosso ciclo.

Oradores:
Orazio Irrera, Filosofia, Université Paris 7-Denis Diderot
Davide Scarso, Filosofia,Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia
Comentador: Bruno Peixe Dias, Filosofia, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa 

ORAZIO IRRERA é doutorado em Filosofia pela Universidade Paris VIII e investigador da Université Paris 7-Denis Diderot. É editor da revista Materiali Foucaultiani. Tem trabalhado sobre figuras e pensadores como Gandhi, Said e Foucault. Concluiu o doutoramento com a tese “Potere e narrazione storica negli studi postcoloniali”. Dirigiu, em Paris, com Mathieu Renault, o seminário “La Décolonisation des Savoirs” e, atualmente, dirige o seminário “Race et colonialisme. Sur les épistémologies de la décolonisation”, no Collège Internationale de Philosophie.

DAVIDE SCARSO é licenciado em Filosofia pela Universidade de Verona (Itália) e pós-graduado em Antropologia Cultural e Social na Universidade de Padova (Itália). É doutor em Filosofia pela Universidade de Lisboa, com a tese “Merleau-Ponty e Lévi-Strauss: reconstrução de um diálogo entre filosofia e ciências humanas”. Atualmente desenvolve o seu projeto de pós-doutoramento, no Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, subordinado ao tema “A Clivagem entre Natureza e Cultura no Pensamento Antropológico Contemporâneo e a sua Relevância para a Filosofia”. As suas áreas de trabalho são Filosofia das Ciências Sociais, Teorias Antropológicas, Fenomenologia, Estruturalismo. É membro do conselho de redação da revista de estudos merleau-pontianos Chiasmi International.

BRUNO PEIXE DIAS é investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e da Númena – Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. É mestre em Filosofia, com uma dissertação sobre o pensamento da política em Alain Badiou. Atualmente está a fazer o doutoramento em Filosofia, na Universidade de Lisboa, beneficiando de uma bolsa FCT. Coordenou, com José Neves, a edição do livro “A Política dos Muitos. Povo, Classes e Multidão” (Tinta-da-China, 2010).
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