"Rever (agora) um filme do Khutsiev é perceber a modernidade do cinema." Paulo Branco Não se pode pensar o cinema hoje sem conhecer o contexto cultural, social, político e artístico da história soviética e o contributo dos realizadores, escritores e teóricos russos. Desapareceu esta terça-feira MARLEN KHUTSIEV, um dos grandes cineastas russos que emprestou à nova arte (de Eisenstein a Shklovsky a Tynyanov) a sua elevada linguagem cinematográfica, transportando-a para o cinema soviético e russo. KHUTSIEV criou um cinema novo, redimensionou o conceito de tempo e temporalidade capturando e traduzindo várias épocas dentro das épocas que viveu nos seus 94 anos. Foi um cineasta reconhecido tardiamente, tendo sido o primeiro realizador do degelo a ser condenado ao "esquecimento imposto pela censura" com Chuva de Julho (1966), uma obra-prima indiscutível, um dos exemplos que, nas palavras de Miron Chernenko, "constituiu um limiar, o cume absoluto", no cinema soviético dos anos cinquenta e sessenta, virando a página do futuro. O LEFFEST'14 foi o primeiro festival a dedicar-lhe uma retrospectiva completa, em 2014, dando a conhecer uma das obras mais modernas e livres da sétima arte soviética. Seguiu-se o Festival de Cinema de Locarno (Agosto, 2015) e a Cinemateca Portuguesa (2015), onde o realizador esteve presente, para apresentar uma parte importante do seu último filme inacabado , Ainda Não é Noite (Nevechernija), numa sessão organizada pela cinemateca Portuguesa em colaboração com o Leffest. A Medeia Filmes e a Leopardo Filmes homenageiam o realizador e a sua obra no próximo Domingo, 24 de Março às 21h30, com a exibição do filme CHUVA DE JULHO (1966), em cópia digital restaurada, incluída no programa FINS-DE-SEMANA NO MONUMENTAL. CHUVA DE JULHO (IYULSKIY DOZHD), 1966, um filme de MARLEN KHUTSIEV. Com: Yevgeniya Uralova, Aleksandr Belyavskiy, Yuri Vizbor, Aleksandr Mitta, Alla Pokrovskaya Idioma: Russo | Legendas: Português Duração: 103'
