LINHA TGV é o novo ciclo de concertos que levará ao Teatro Gil Vicente algumas das propostas mais interessantes da música contemporânea. Após duas noites com as atenções voltadas para a música nacional, o Teatro Gil Vicente recebe a brasileira Maria Beraldo e o seu “CAVALA”, disco-revelação que atravessa o Atlântico para nos dar a conhecer este Brasil do século XXI.
No dealbar da terceira década de vida, Maria Beraldo dá a conhecer a sua própria voz. Até aqui, a clarinetista e cantora ocupou sempre o lugar de parceira nas aventuras da música brasileira, integrando a banda de Arrigo Barnabé, que abanou o Brasil na Vanguarda Paulista dos anos 80, ou de Elza Soares, uma das mais brilhantes estrelas brasileiras que continua a abanar o panorama artístico e musical, pelas mãos de discos como “A Mulher do Fim do Mundo”. Em “CAVALA”, o primeiro disco a solo, Maria Beraldo criou um objecto de vários tempos - é simultaneamente passado, presente e futuro. É um manifesto em clara cisão com o anacronismo que é o Brasil político em 2019, que invoca o mito de um passado virtuoso, através de um discurso que está a ter lugar no presente - Maria Beraldo é uma mulher lésbica que tem em “CAVALA” a catarse artística para os desafios que representa a identidade no século XXI. “CAVALA” é ainda um vislumbre do futuro, feito de uma inspirada mesclagem de linguagens, tratando com sensibilidade a electrónica e a pop, o experimental e a palavra.
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