Imaginem ser donos de uma colecção de discos de tal forma vasta e variada, que a têm dividida ao meio por um Oceano inteiro: uma parte em Berlim, outra parte nos Estados Unidos. Esta é o problema bom de que padece Eric Cloutier, um DJ que pode realmente ser classificado como a versão humana do site Discogs. Talvez ter crescido e ganho skills no terrivelmente competitivo meio da sua Detroit natal o tenha transformado neste “papa-discos”, mas os seus problemas logísticos e a sua sobre-lotada memória, são para nós autênticas bênçãos musicais. De Detroit a Nova Iorque, e de lá a Berlim, o percurso de Cloutier tornou-o um favorito de festivais mais esotéricos como o Labyrinth no Japão e o Parallel em Espanha, bem como habitué do Berghain. Ele é homem para nos lembrar que o techno pode ter groove e côr, que a designação tech-house nem sempre foi uma palavra feia, quando é trippy e inventivo como ele nos mostra, e que o dub-techno não é só música de dança para ouvir em casa quando chove lá fora. O catálogo da sua label Palinoia assim o prova. Munido desse arsenal de discos para toda a obra, Eric Cloutier sintetiza o melhor de vários mundos, sendo um verdadeiro guia e educador musical de um mundo muito seu. Preparem-se para tomar notas. Texto: Nuno Mendonça --- ENGLISH --- Imagine owning a record collection so vast and varied, that it has to be split in half by an entire Ocean: one part in Berlin, another part in the United States. This is the nice problem endured by Eric Cloutier, a DJ who can actually be classified as the human version of the Discogs website. Maybe growing up and gaining skills in the terribly competitive scene of his hometown Detroit has transformed him into this "vinyl cookie-monster", but his logistical problems and his overloaded memory end up being true musical blessings for us. From Detroit to New York, and from there to Berlin, Cloutier's travels made him a favorite of esoteric festivals such as Labyrinth in Japan and Parallel in Spain, as well as a Berghain habitué. He is the man to remind us that techno can have groove and color, that tech-house was not always an ugly word, when it is as trippy and inventive as he can show us, and that dub-techno is not just dance music to listen at home while it rains outside. The releases on his Palinoia label prove this. Armed with this arsenal of records for any context, Eric Cloutier synthesizes the best of many worlds, while being a true guide and musical educator of a world of his own. Get ready to take notes.
