18:30 até às 19:30
Coral Stella Vitae | Concerto de Início do Ano

Coral Stella Vitae | Concerto de Início do Ano

Ciclo de Coros no MNM
CORAL STELLA VITAE
CONCERTO DE INÍCIO DE ANO
MUSEU NACIONAL DA MÚSICA
LISBOA
(17 de Janeiro de 2019 - 18,30 horas)

I. Canto Gregoriano
. Rorate caeli (Hino para o tempo do Advento/Natal).
. Puer natus est nobis (Canto Gregoriano - Intróito da terceira Missa do dia de Natal).                            

II. Polifonia “a capella” e com acompanhamento
. Puer natus in Bethlehem (Harmonização de António Leitão, sobre o respectivo tema gregoriano).
Hino cristão, já referenciado no séc. XIV (embora o autor seja desconhecido) e associado ao tempo do Natal.
A. Leitão foi director artístico do Coral Stella Vitae durante cerca de 15 anos. 

. Gaudete, gaudete [Hino monofónico de Natal dos fins da Idade Média e que posteriormente (no séc. XV) terá sido transformado em composição polifónica que veio a ser incluída numa colecção finlandesa/sueca de canções sagradas (piae cantiones – publicada em 1582)].


. Hodie Christus natus est [Louis Feltz – 1816-1891 (Antífona do Magnificat das II vésperas da liturgia do dia de Natal — coro e acompanhamento de órgão)].
Compositor, organista e pedagogo francês, Louis Feltz, nasceu em 2/2/1816 em Huttenheim (Alsácia) e morreu em 22/12/1891. Foi organista da catedral de Langres, até 1857. Além de outras composições (para órgão e/ou para coro) escreveu também um Manual para ensino e prática do Canto-Chão, com os princípios elementares do canto gregoriano.
Este Moteto de Natal (original escrito para vozes mistas) foi dedicado a Monsenhor Parisis, bispo de Langres.
O texto reconduz-se a espécie de invocação do nascimento de Cristo, sobressaindo no coro a imitação de vozes de anjos cantando «Gloria in excelsis Deo» ao redor do presépio.

. Dois Espirituais negros (para solista e vozes masculinas)
. Jubilee (arr. António Leitão)
. Go tell it on the mountain (arr. Melchior Browne)

. Nossa Senhora da Rosa (Manuel Luís – 1926-1981) - Canção ao sabor do povo

. Dirait-on – Morten Lauridsen (1943)
  Parte V da obra «Les chansons des roses» (1993), escrita sobre o texto do poema de Rainer Maria Rilke (Coro e piano).
A obra completa (Les chansons des roses) compreende as partes seguintes:
I. En une seule fleur; II. Contre qui, rose; III. De ton rêve trop plein; IV. La rose complete; V. Dirait on.

. Sure on this shining night – Morten Lauridsen (1943)
  Tendo por base o poema de James Agee, este é o III dos IV Nocturnes compostos em 2005 para a American Choral Directors Association — ACDA (coro e piano).
A obra completa é composta pelos IV Nocturnes seguintes:
I. Sa Nuit d'Été (Rainer Maria Rilke)
II. Soneto de la Noche (Pablo Neruda)
III. Sure on this Shining Night (James Agee)
IV. Epilogue: Voici le soir (Rilke, este composto em 2008)

Morten Lauridsen nasceu nos EUA em 1943.
Sendo vigilante florestal de fogos (numa torre de vigia situada perto do Monte Sta. Helena, na Califórnia) decidiu, entretanto, dedicar-se à música. Estudando composição na Universidade do Sul da Califórnia, com vários professores de nomeada, acabou por ali se fixar e dedicar ao ensino da música, desde 1967.
Foi nomeado em 2006 "American Choral Master" e em 2007 recebeu do Presidente dos EUA a Medalha Nacional das Artes, pelo fulgor das suas composições e obras corais que, combinando a simplicidade melódica, a elegância musical e a singeleza harmónica com uma forte e radiante profundidade espiritual, emocionam audiências em todo o mundo.
Também o conhecido compositor Samuel Barber utilizou o texto deste poema de James Agee (Sure on this shining night) na obra coral do mesmo nome, datada de 1938.


. 9 Natais Portugueses (redução para coro, flauta transversal e piano, a partir de original para coro e quarteto de sopros e para coro e orquestra: António Leitão/Joaquim Gonçalves).
Por entre as modulações de dois temas principais (“Adeste fideles” e “Gloria in excelsis Deo”) vão desfilando as melodias de vários outros temas tradicionalmente ligados ao Natal Português:
Bendito e louvado seja o Menino Deus nascido ... (recolhido em S. Miguel de Acha)
Natal de Elvas (1) (José embala o Menino ...)
Natal de Évora (O Menino está dormindo ...)
Natal de Cardigos (Estando a Virgem à beira do rio ...)
Natal de Goa (Vamos a Belém beijar o Menino ...)
Natal de Alferrarede (Ó pastores, pastorinhos ...)
Natal de Elvas (2) (Eu hei-de me ir ao presépio ...)
Janeiras de Manteigas
Naquela noite venturosa em que nasceu o Salvador ... “Gloria in excelsis Deo”!




Direcção artística: Joaquim Gonçalves

Solistas:
Tenores: António Jacinto, Paulo Costa.
Baixos: Jorge Santos, Carlos Lemos, Daniel Paixão.

Instrumentistas:
Flauta transversal: Diogo Gonçalves
Piano: Paulo Oliveira

Coral Stella Vitae
Fundado em 1945, o coral Stella Vitae (Pessoa Colectiva de Utilidade Pública Administrativa) é um coro (amador) de vozes iguais (masculinas) integrado, actualmente, por cerca de 35 cantores, oriundos dos mais variados sectores de actividade profissional.
O gosto pelo canto, a amizade, a solidariedade e a satisfação pela qualidade artística das actuações, são as únicas formas de compensação pela disponibilidade exigida, pelo tempo despendido e, mesmo, pelos encargos pessoais que a participação coral sempre comporta.
Entre outros, foram directores artísticos do coral, Inácio Aldasori, Alberto Alemão, Jorge Manzoni, António Leitão, Joaquim Gonçalves, João Branco e Victor Roque Amaro. 
Tendo-se constituído como associação com fins predominantemente culturais e artísticos, o coral Stella Vitae propõe-se cultivar todas as formas de música coral. E sem perder de vista uma forte ligação ao canto litúrgico, não deixa de se devotar à realização sistemática de concertos espirituais que incluem um vastíssimo e variado repertório de canto gregoriano, de polifonia “a capella” ou com acompanhamento, clássica e contemporânea, de música popular portuguesa e de espirituais negros.
As muitas solicitações que lhe foram e são dirigidas, traduzidas em mais de um milhar de concertos e actuações, em Portugal e no estrangeiro, têm merecido frequentemente os aplausos da crítica especializada, atestando que ao longo dos mais de 70 anos da existência do coral aquele propósito tem sido atingido.
De entre múltiplas intervenções, merecem referência concertos e participações artísticas em actos culturais e religiosos de relevante significado na vida nacional, incluindo participações em vários festivais de música, participações nas cerimónias religiosas em Lisboa e Fátima, aquando das visitas do Papa João Paulo II, bem como a participação, a convite expresso do Vaticano, na celebração da Páscoa e no encerramento do Ano Santo, em Roma, em 1984.
- Gravou, por diversas ocasiões, para a EN (Programas l e 2) e para a RDP, concertos de música gregoriana, de música polifónica e de música popular portuguesa.
- Em 1978 gravou para a RTP a obra «Requiem» de F. Liszt (solistas, coro, órgão, metais e percussão).
- Em 26 de Março de 2000 participou no programa de homenagem a Amália Rodrigues, gravado pela RTP 1, interpretando o fado «Foi Deus».
- Em Outubro de 2003 colaborou com a EUL (Estudantina Universitária de Lisboa) na gravação da Canção do Mar (incluída no álbum apresentado em concerto público conjunto, no Teatro S. Luís, em Lisboa - 18/11/2003).
Discos gravados:
- 1980 - LP com temas de canto gregoriano e de música polifónica do séc. XVI (Palestrina e D. Pedro de Cristo) 
- 1989 - Single (SP) com «Invocação ao Senhor Jesus da Piedade», de M. Sampayo Ribeiro (solistas, coro e orquestra).
- 1994 - CD com a «Messa da Requiem» de Lorenzo Perosi (solistas, coro, órgão e orquestra).
- 2006 - CD com obras de A. Desauges: «Stabat Mater» (solistas, coro e orquestra) e «Messe Noel», opus 12 (solistas, coro e piano).


Joaquim Gonçalves
Licenciado em Direito, manteve sempre estreita ligação com a música, nomeadamente na vertente coral.
Iniciou os estudos musicais em 1963, em Vila Viçosa.
De 1966 a 1971 continuou em Évora a sua formação musical e estudou também canto gregoriano com o Cón. Dr. José Augusto Alegria, piano com a Profª. Maria Antónia Neto e com o Prof. Serpa Branco e órgão com o Prof. Joaquim Chorão Lavajo, então organista titular da respectiva sé catedral.
Em 1974 e 1975, em cursos de verão, estudou pedagogia musical Ward no Centro de Estudos Gregorianos de Lisboa.
Em 1977 e 1978, no âmbito da ACAAL, frequentou cursos de direcção coral e aperfeiçoamento vocal, com Francisco d' Orey e Luís Pedro Faro.
De 1962 a 1971 fez parte dos coros dos Seminários Menor de Vila Viçosa e Maior de Évora, neste dirigindo a «schola cantorum», sob a orientação superior do referido musicólogo Cón. Dr. Augusto Alegria.
De 1971 a 1976 integrou diversos coros da área de Lisboa.
Em 1976 foi admitido no coral «Stella Vitae».
Em 1976 constituiu o coro «Acra», que dirigiu durante 4 anos e com o qual desenvolveu trabalho de recolha, escrita e harmonização de variados temas de folclore (Beira Baixa), base do repertório desse coral.
Em 1983 passou também a integrar o então constituído «Colegium Musicum de Lisboa», sob a direcção de António Leitão.
De 1988 a 2006 assumiu a direcção artística do coral «Stella Vitae».
Em 2016 (face ao inesperado falecimento do então maestro Vítor Roque Amaro, em Outubro desse ano) acedeu a assegurar a direcção artística do «Coral Stella Vitae» nas comemorações do 70º aniversário do coral, mantendo, provisoriamente, essas funções.

Diogo Gonçalves
Nasceu em Lisboa (em 1985) e iniciou os seus estudos musicais aos três anos de idade na Fundação Musical dos Amigos das Crianças (FMAC), tendo aos onze anos, ingressado na classe de flauta transversal do professor Vasco Gouveia, com quem concluiu o 8º grau. 
Posteriormente concluiu em 2009 a licenciatura em música (instrumento) e em seguida o mestrado em ensino musical.
Frequentou diversas master-classes e cursos de aperfeiçoamento, com Sandra Pina, Reinde Reeder, Irmela Bossler, Felix Renggli, Averill Williams e Benoit Fromanger.
Foi distinguido com vários prémios FMAC, com o prémio Adriana de Vechi, com Menção de Mérito no Torneo Internationale di Musica, em Madrid e Menção Honrosa com o Duo Zauberflote, no mesmo concurso.
Em Maio de 2006 foi convidado com o Trio Artemis para o Festival Ibérico de Jovens Músicos “Xéracion 2000+6” em Vigo.
Apresentou-se diversas vezes a solo com a Orquestra Juvenil de Instrumentos de Arco da FMAC, bem como nos “Concertos Abertos” da Antena 2.
Em Janeiro de 2006, apresentou-se a solo com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, interpretando o “Concerto para Flauta e Harpa, em Dó Maior, KV 299”, de Mozart, com a harpista Carmen Cardeal, sob a direcção do maestro Giuseppe Ratti.
Integra o quarteto “Opus 28”.
Tem vindo a desenvolver intensa actividade como concertista por todo o país, em paralelo com a leccionação de flauta transversal.


Rodrigo Gomes
Iniciou os estudos musicais na Academia de Amadores de Música.
Terminou o curso de Piano do Conservatório na Escola de Música de Nossa Senhora do Cabo, em Linda-a-Velha e a respectiva licenciatura no Instituto Piaget.
Actualmente é professor de piano na Escola de Música Musicentro – Salesianos de Lisboa, no Conservatório de Setúbal e no Conservatório de Santarém.
Tem acompanhado ao piano alguns agrupamentos, como os Coros da Universidade de Lisboa, o Coro Eborae Musica, Coro Donna Voce, Coral Luísa Todi e Coro de Câmara de Setúbal.
Com o Coro Ricercare gravou para a Antena 2 algumas das Canções Heroicas para coro e piano, de Fernando Lopes Graça.  
Em 2006 acompanhou ao piano o Coral Stella Vitae na gravação (CD) da obra “Messe Noel”, opus 12, de Alfred Desauges.  

Apontamentos sobre o Programa de concerto

	Na tentativa de mostrar a evolução das formas musicais a nível coral, o programa do concerto abarca, no possível, um leque variado de autores e de obras.
	Para que tal objectivo se torne ainda mais conseguido, transcrevem-se em seguida algumas notas breves sobre os temas, os compositores e as obras em causa.

I. Canto Gregoriano
O Canto Gregoriano é uma música monódica, própria da liturgia romana da Igreja Católica.
	Inicialmente com o nome corrente de Canto Romano ou Romana Cantilena, passou a designar-se por canto Gregoriano, por referência ao nome do Papa S. Gregório Magno (540-604), a quem se atribui a reforma da música sacra. 
	Nascido de síntese de influências hebraicas, gregas e romanas, começou a tomar forma no séc. IV (os Magistri Romana Eclesiae, constituídos por centenas de cantos -- quer da missa -- Sacramentário -- quer dos ofícios divinos -- Antifonário -- para todos os dias do ano litúrgico).
	Sabe-se que antes da Schola Cantorum, criada por S. Gregório Magno, existia uma Schola Lectorum, que sucedera aos mosteiros da época do Papa Sisto I, primeiros centros de formação do serviço litúrgico romano.
	O Canto Gregoriano, difundido por todo o Ocidente pelos missionários, sofreu ao longo dos séculos várias evoluções. Ao princípio era aprendido de cor e era representado por sinais (neumas) e só no séc. VIII surgiram os códices sem designação de intervalos e as formas musicais em verso; até aí, o ritmo gregoriano baseava-se unicamente em textos litúrgicos em prosa -- registando-se, mais tarde, na Idade Média, inúmeras e célebres Sequências em que a forma musical estava relacionada com a métrica.
	Durante os sécs. IX, X e XI foram criados os sistemas de escrita para classificação dos sons, mercê do trabalho de teóricos como Ucbaldo (840-930) e Guido de Arezzo (995-1050), a quem se devem a clave, a nomenclatura dos sons (notas) e o aproveitamento dos espaços. Com o advento da polifonia, as leis e o ritmo inicialmente livre do Canto Gregoriano foram profundamente abalados, ficando sujeitos às preocupações musicais polifónicas, às regras do contraponto e à importância que o Renascimento atribui à palavra, situações estas que vieram a ser debatidas no Concílio de Trento.
	Só no séc. XIX, com os estudos realizados pelos monges beneditinos no mosteiro de Solesmes e rematados pela obra de D. Andre Mocquereau - Le Nombre Musical (Vols. I e II), publicada depois de aprovação por Pio X, em 1903, se conseguiu elaborar o estudo exaustivo do ritmo gregoriano.
	O Canto Gregoriano tem formas várias, quer sob o ponto de vista  de execução (antifonários, responsório e canticum indirectum), quer sob o ponto de vista melódico (canto recitativo, antífona, canto melismático, hino, sequência), quer, ainda, sob o ponto  de vista do número de notas numa mesma sílaba ou estrofe (canto silábico, canto neumático, canto melismático); importa, além disso, não esquecer as formas próprias dos ritos impropriamente apelidados de canto moçárabe, constituído por antífonas recolhidas nos sécs. VI e VII por Sto. Isidoro de Sevilha, S. Bráulio, bispo de Saragoça e Sto. Eugénio, arcebispo de Toledo.
	Pode dizer-se que o Canto Gregoriano teve, melodicamente falando, decisiva influência sobre toda a música ocidental, especialmente sobre a música dita erudita.


II. Espirituais Negros
Os «Espirituais Negros» são cantos religiosos, oriundos dos negros norte-americanos, geralmente escravos nas plantações do Sul (Luisiana e Virgínia).
Produto da adaptação da melodia de hinos antigos cristãos (a que os negros introduziram, no entanto, intervalos e ornamentos da sua invenção e aos quais deram uma linha melódica distinta dos modelos europeus) e do estilo antifónico de origem africana, era, inicialmente, cantado em uníssono sob a forma de responsório, com ritmo sincopado, ora melancólico ora alegre, não comportando qualquer distinção entre sagrado e profano, tanto pelos temas como  pelo facto de ser indiferentemente  cantado nos ofícios religiosos ou no trabalho.
À medida que a vida religiosa dos negros se foi desenvolvendo, também se transformou o «Espiritual Negro» e, de um modo geral, a arte sagrada negro-americana, vindo a suportar uma maior efervescência e exuberância de carácter por vezes paroxístico.
No final dos anos 30 verificou-se uma certa tendência para englobar sob o termo «Gospel Song» toda esta música (os espirituais tradicionais, os cânticos exaltados compostos pelos cantores ou grupos que os interpretavam e, ainda, o «preaching» - diálogo que se vai exacerbando entre o padre e os fiéis).
O conjunto destas músicas constitui, juntamente com os «blues», o folclore do Sul dos EUA; espirituais e «gospels» estão muito próximos dos «blues», quer harmonica quer melodicamente, mas, no plano da inspiração, o optimismo espiritual dos primeiros opõe-se ao pessimismo do último.
No domínio do «Espiritual Negro» e do «Gospel Song» contam-se nomes célebres como Mahalia Jackson, Sister Rosetta Tharpe, Marie Knight e Marion William, cujas interpretações se caracterizaram por um lirismo espontâneo de extraordinária beleza, além de Marion Anderson e Paul Robeson que, apesar da celebridade, se condicionaram a uma arte demasiadamente académica.
Todavia, mais do que os intérpretes solistas, são os inúmeros grupos corais quem perpetua os cânticos religiosos dos negros americanos: os «Five Blind Boys», os «Spirits of Memphis», os «Harmonizing Four», etc.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android