23:45 até às 06:00
DJ Sprinkles x Hardrock Striker x Terzi

DJ Sprinkles x Hardrock Striker x Terzi

São 6 horas de uma quente madrugada de Agosto, em 2016. Entre as luzes e sombras da pista da Lux, alguém pergunta: “como é que depois vamos conseguir explicar às pessoas lá fora, o que aconteceu aqui!?”. Mais de 2 anos depois, ainda não se consegue. Nessa madrugada de sonho, estava DJ Sprinkles na cabine, comandando a mesa de mistura como se toda a sua vida lhe estivesse a ser segredada. Ouviu-se nessa noite a perda, luto, melancolia, raiva, revolta, amor e beleza, não só de uma pessoa, a DJ que ali estava, mas de toda uma comunidade, toda uma identidade. Porque questões de sexualidade, género e raça são centrais ao trabalho de Terre Thaemlitz enquanto DJ Sprinkles, e entender isto, não sendo obrigatório para quem a ouve, é mesmo muito importante, e aumenta a apreciação do que faz. Ela mesma diz do material artístico que cria: Keep it queer. E por isso, para quem questiona se a house music pode ter alguma mensagem, ali se produziu naquela noite o desfiar de um relato de anos de luta da comunidade LGBTQ, das pistas e recantos do Paradise Garage e do Loft de Nova Iorque, até à aceitação, por vezes ainda tão forçadamente harmoniosa, dessa visão queer no panorama global da “indústria da música de dança” actual.

Também o francês Joseph Bendavid o afirma há 20 anos: “No LGBT = No House Music”. Ponto. Criado no caldeirão ebuliente da cena post-punk parisiense, Joseph faz juz ao seu “alias” escolhido, Hardrock Striker, dizendo tudo o que pensa, mostrando tudo o que é, falando e espalhando sempre a sua verdade. E a house music de índole americana e a sua editora Skylax, são a sua verdade. Mais pumping e jacking nas suas sonoridades do que Sprinkles, Striker dialoga perfeitamente com ela na cumplicidade achada no gosto por correr riscos no verdadeiro underground que alguns classificariam de “invendável”. Joseph está-se borrifando. “Stay Underground, it pays”, continua a dizer. Por isso, o “Skylax Sound” é uma verdadeira referência da house music. Por isso continua a editar 10 a 15 discos de vinil por ano de um som que alguns vêem como línguagem esquecida mas que é mais corajoso e vital agora, do que nunca. Contendo o monumental “Routes not Roots” da própria Sprinkles, e pequenas obras-primas de Jason Grove, Octo Octa, Carlos Nilmms e Lady Blacktronica, o trabalho de curadoria de Hardrock Striker na Skylax reflecte o sangue e o nervo da força viva que é o house.

E assim recebemos a Skylax House Explosion (S.H.E.). Passados mais de 2 anos e todas estas linhas, não ficamos mais próximos de conseguir explicar o que se passou naquela madrugada de Agosto. Para acreditar, só ouvindo. E para ouvir, só aqui estando.

Texto: Nuno Mendonça


--- ENGLISH --- 


It's 6AM on a warm August night, in 2016. Beneath the light and shade of the Lux dancefloor, someone asks, "How can we explain to the people outside, what happened here!?" More than 2 years later, we still can’t. In that dreamlike dawn, DJ Sprinkles was in the booth, grasping the mixer as if her whole life was being whispered to it. Loss, mourning, melancholy, anger, revolt, love and beauty were all heard that night, not only those of a person, of the DJ who was there, but of a whole community, of an entire identity. Because issues of sexuality, gender and race are central to the work of Terre Thaemlitz as DJ Sprinkles, and understanding this, while being mandatory for the listener, is all the same very important, and enhances appreciation of what she does. She herself says about the materials she creates: keep it queer. And so, for those wondering if house music might bring a message, that night there was a tale of years of struggle by the LGBTQ community, from every corner of Paradise Garage and the The Loft in NY, until the, sometimes still so forcibly harmonious, acceptance of that queer vision in the global panorama of the current "dance music industry".

Frenchman Joseph Bendavid has also been stating for 20 years: "No LGBT = No House Music". Period. Raised in the boiling cauldron of the Parisian post-punk scene, Joseph does justice to his chosen pseudonym, Hardrock Striker, by saying whatever he thinks, showing everything he is, speaking and spreading his truth forever. And American house music and his label Skylax are his truth. A bit more pumping and jacking in his sonorities than Sprinkles, Striker dialogues perfectly with her in the complicity found in the common taste for taking risks in a true underground that some would classify as "unsellable." Joseph doesn’t care. "Stay underground, it pays," he keeps saying. That's why the Skylax Sound is a true hallmark for house music. And so he continues to release 10 to 15 vinyl records a year with a sound that some see as a forgotten language but which now feels braver and more vital than ever. Containing Sprinkles' monumental "Routes not Roots" and small masterpieces by Jason Grove, Octo Octa, Carlos Nilmms and Lady Blacktronica, Hardrock Striker's curatorial work on Skylax reflects the blood and nerve of the living force that is house music.

And so we welcome the Skylax House Explosion (S.H.E.). After more than two years and even with all these written lines, we came no closer to being able to explain what happened that August night. It has to be listened to be believed. And just being here, can it be listened to.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android