23:00 até às 06:00
Interzona 13 Lux Takeover

Interzona 13 Lux Takeover

A Interzona 13 do Tiago volta a tomar conta dos dois pisos do LuxFrágil com música de DJ Tapes, Dj Hendrix, União & Capricho, Marco Franco, Nik Void (Factory Floor) feat. Dominic Butler e uma performance de Anastasia Freygang.


INTERZONA 13
Interzona 13 / Outerzona 13 (duas faces da mesma editora). Dezembro 13. O ano zero deste projecto foi 2013. Sorte a nossa. Depois de anos a editar discos de outras pessoas na Ruby Red, na estrada e em estúdio com os Loosers, DJ internassssional (sic), Tiago chega de Inglaterra e a sua casa tinha sido assaltada. Entre outras coisas, levaram material do estúdio e da contrariedade nasce esta ideia, a vontade de um espírito forte com mensagem sempre actualizada com os tempos. Interzona 13 não se apoia em trabalho anterior para ser importante, mas é consequência desse trabalho - diríamos, até, fundador - de raiz, acumulação de experiências na música e na mente, sobretudo em palcos e cenários de uma Lisboa a ver-se nitidamente crescer com toda essa actividade que o patrão instigava em si e nos outros que o rodeiam. Hoje já é evidente que a editora é um braço (forte) mas não todo o corpo da dinâmica cultural que o seu mentor continua a ter vontade de ver acontecer na cidade. Dinâmica social, até, pelo modo como faz as pessoas encontrarem-se em sua casa sob pretexto de uma exposição de quadros de um amigo ou apenas partilhar com um ou dois a refeição que acabou de anunciar no FB. Até ao momento, este é o Takeover da Interzona 13 no Lux em que melhor se exprime a força agregadora do projecto, com música e sensações muito diversas  democratizadas no espaço de um clube, não de uma galeria. Mas é uma instituição.

ANASTASIA FREYGANG (performance) 
Artista freeform, podemos dizer assim? Multidisciplinar, em português. Poesia e colagem sonora, video, fotografia, dança, expressão corporal, insurreição, o eterno loop vida como arte ou arte como vida. É anfitriã no espaço Anatum's Abode, em Londres, um projecto independente onde se mostram e discutem "correntes actuais de acção e pensamento". Os registos vão acontecendo, é possível contactar com alguns através do website de Freygang. Apesar da eternidade relativa que a net garante, tudo aparece como transitório e fugidio, como os sons metálicos que produz em duo como VFF, que resultam da actividade de "pessoas brancas a raspar metal". Berlim e Londres têm servido como cenários concretos de intervenção para Anastasia Freygang, e em Lisboa, quando visitamos a entrada LuxFragil na sua página, será GENESIS. Venham ver o que se passa. Vida não é só beber.

DJ HENDRIX
É um daqueles nomes. Hendrix tem passado boa parte desta década empenhado em trazer para a pista de dança alguma Outra sensibilidade. O underground em que se move é fora das cavernas, passa inclusive pela Semana do Design de Milão, na qual, em 2018, ele participa com um set na Rocket Radio. Começa com William Burroughs, vai progredindo com ambiente, música romântica, coral, electrónica, dub, synth, ETC. Situação difícil de repetir num clube para dançar, mas cada set de Hendrix que escutamos parece quase conceptual, no sentido em que há tanta música possível e incrível que não dá para escolher género. Apropriado, aliás, à cultura de 2018. Um dos DJs italianos que conhecemos com a frente exploratória mais aberta, o que significa que, mesmo quando toca House ou Disco, vamos aprender nomes e coisas. Ele vem a uma noite da Interzona 13. Não é uma noite qualquer. Não é uma noite assim-assim.

DJ TAPES
Tem casa em Lisboa, granda boss. Tapes enturmou com a cidade e seus agentes de uma forma natural, através da música que faz, toca, promove e através da música local que andou a interessá-lo. Talvez seja o seu modo de viver isto, ligar-se às pessoas que lhe dão pica. Tem andado por aí. Antes de Lisboa foi Amesterdão (perto de). Andou dedicado aos caminhos do dancehall e dub durante anos. Não largou isso, em Lisboa já gravou dubplates, esses discos bem exclusivos, mas também esteve a consumir filmes sobre tempos sombrios na Idade Média para gravar um álbum inspirado em cavaleiros e bruxaria (palavras nossas). Produziu Superstar & Star e o revamp que deu às suas músicas no concerto em Lisboa, há uns meses, foi comovente. Em duo, grava como Rezzett uma espécie de compêndio lo-fi da história da música de dança: disco, techno, breaks, house, industrial, dub. Sujeito querido no trato, divertido na bancada de DJ. É inglês.

NIK VOID (Factory Floor) feat. DOMINIC BUTLER (ao vivo)
Com Factory Floor, desde 2008, Nik Void e Dominic Butler (este apenas na formação original da banda) reanimaram a estrutura muscular da música industrial para dançar, ao vivo. Siginificou nova consciência para o que se chamou Body Music. Essa expressão aplica-se naturalmente a qualquer género de música de dança, mas remete em particular para uma certa disciplina do corpo e uma postura rítmica marcial próprias da cena industrial. Podemos ouvir Nik Void falar com paixão sobre tecnologia e síntese modular, mas ela nunca vai descartar a sua contribuição - digamos assim - humana e física, mantendo ainda as decisões do lado de cá. Quando lhe perguntam sobra a preparação para shows ao vivo, ela fala num planeamento que possibilite a improvisação, mantendo em aberto, sobretudo, o prazer de tocar música. Nik mantém os Factory Floor com Gabriel Gurnsey mas também um percurso a solo que lhe permite pesquisar o som de uma forma mais intuída. Não abdica da preparação e aprendizagem, mas quando o momento chega, muito depende do grau de confiança que se sente, na capacidade de risco. Provavelmente viveu sonhos ao gravar dois álbuns com Chris Carter e Cosey Fanni Tutti (Chris & Cosey) e outro com Peter Rehberg para a Mego, Santa Casa da reconfiguração electrónica desde 1995. Todos são pilares, não vai dar para contar o número de hits quando googlarem esses nomes. Ou podem chegar ao Lux em branco. Nunca menosprezem o poder da surpresa.

MARCO FRANCO (ao vivo)
Baterista com longa e importante presença no circuito nacional, habituado às expressões livres do jazz, da música improvisada, do rock mais fora e, ainda mais livre, das actuações a solo em que o kit de bateria ocupa todo o espaço sónico. Muito no fundo dos 90s, provas de ferro da sua versatilidade, Marco entra e sai de Braindead, Peste & Sida e Despe & Siga, faz os Cães de Crómio, parte depois para um outro mundo de descoberta e maravilhamento com as possibilidades de toda a música no horizonte. Tanto verdade que, após um riquíssimo percurso discográfico e ao vivo, grava em 2017 o álbum "Mudra" apenas com piano, ainda um instrumento de percussão, consoante o ângulo técnico de quem classifica. As peças que compôs, imersas em espaço e na reverberação natural do som das teclas, abrem um nível de meditação muito diferente na sua música. O convívio com o instrumento foi muito privado, secreto (ninguém sabia), até se sentir com poder suficiente para mostrar ao vivo o que andou a preparar. E o que prepara para a Interzona 13? Sabemos tanto como vocês. É no Lux.

UNIÃO & CAPRICHO (duo de rita só e afonso simões) 
A residência que os dois DJs mantêm na Casa Independente ajuda a mapear uma geografia a que Lisboa se vai habituando cada vez mais: África, o continente, mas também os seus postos avançados em todas as zonas adoptivas de músicos e editoras em busca de melhores tempos. O Afonso, claro, é baterista de Gala Drop e ele próprio uma instituição na cidade de Lisboa: músico freestyle, DJ, agente, produtor, promotor, editor. Se vivem aqui, é difícil não terem assistido a alguma coisa em que ele tenha estado envolvido; a Rita, após um percurso meio punk no teatro e artes de expressão corporal, após anos emigrada em Berlim, assume a paixão pelas suas raízes e, enquanto fazia entrevistas e escrevia notas biográficas para a compilação "Space Echo" (que a editora Analog Africa lançou com alinhamento feito por Celeste/Mariposa), já andava ocupada a avolumar a colecção de discos africanos, frequentemente resultado de terreno batido a aparecer na porta de pessoas, em trabalho de pesquisa e busca. Orienta os discos para a partilha numa pista de dança, esse é o contacto connosco. Dois DJs notoriamente fogosos, com esta ideia União & Capricho vão fazer festa dentro de festa, no Lux.

TIAGO
O percurso do Tiago já foi por nós celebrado muitas vezes. É uma das lendas vivas do Lux (orgulho), alguém que não só fez trabalho e mudou coisas QUE SE VEJAM mas prossegue com esse trabalho nesta Lisboa que tem ajudado a definir enquanto anda. Ele é o chefe na Interzona 13, decide as edições, num espírito de generosidade que faz com que a editora não seja mero veículo para a sua própria música. Já acontecia assim com a Ruby Red. Para além de tudo o resto que não cabe aqui, Tiago é um criador de bases, plataformas, agregador de talentos, facilitador de contactos que conduzem a um livre intercâmbio de ideias. Já não parece muito interessado em ser apenas um DJ. Na verdade, acompanhando-o, já percebemos isso pelo menos há tanto tempo quanto o Lux tem de existência: 20 anos. Mas como DJ? Uau. Total respeito pela corrente de alma que a música transporta, quando é genuína. Têm de ouvir. A sério.


Textos: José Moura
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