Principalmente através da Consolatio Philosophiae, lida em latim ou nas numerosas traduções realizadas a partir do século X, Boécio (c. 480-c. 524) exerceu uma impressiva influência cultural, espiritual e filosófica ao logo de toda a Idade Média. O manuscrito LA136 do Museu Calouste Gulbenkian testemunha essa influência, a vários níveis. O texto em tradução francesa é introduzido por cinco iluminuras em moldura filigranada, de escola flamenga, que abrem e interpretam passos de cada um dos livros. Os elementos materiais, iconográficos e textuais deste códice, que aqui serão analisados, permitem compreender o lugar de destaque que a Consolação da Filosofia ocupava entre as leituras de corte nos séculos XIV e XV. As glosas marginais inseridas em pontos precisos do texto têm uma particular relevância para entendermos a influência doutrinal da obra e os modelos clássicos de virtude, de felicidade e de realização humana que transmite.
Orador: José Meirinhos
Esta comunicação está inserida no ciclo de seminários Tesouros em pergaminho. A coleção de manuscritos iluminados ocidentais de Calouste Sarkis Gulbenkian.
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