Artes Plásticas | Instalação
"A ZONA"
Um ponto é empurrado sem no entanto sair do lugar, é empurrado através do movimento do espectador. O ponto move-se com ele e parado fica também proporcionalmente. É preciso emprestar-lhe o corpo para vê-lo mover-se, uma força anímica, através de uma linguagem capaz de o fazer, uma que se perdeu para dentro. Procurar por um suspension of disbelief e só depois a linha começa. Restam marcas dessa linguagem na forma de olhar. O ponto começou também a ver-nos e nesse momento a nossa transparência termina, somos observados. Cristaliza-se o acto de andar. Que movimento primeiro terá sido aquele em que o homem andou em torno de um objecto estranho, numa altura em que os primeiros desenhos surgiam nas grutas?
No suporte do papel, o desenho revela-se através de diversas séries que resultam de uma investigação experimental de diferentes encontros entre a matéria aquática e a terrestre, ensaiando o processo de aparecimento das primeiras formas de vida na água no plano horizontal da folha. Surgem as taxonomias perdidas ou as linhas de pressão atmosférica que encontram ressonância com muitas imagens que estamos habituados a encontrar separadamente.
Fora da superfície da folha a água é trabalhada no espaço de forma a convocar-nos tanto para espaços exteriores à galeria - pelas suas diversas fontes de proveniência, as quais dialogam com a arquitectura enquanto espaço de projecção cartográfico - assim como em direcção ao corpo como potencial suporte de inscrição.
Na Zona, ponto, linha e mancha expressam-se utilizando a força da gravidade, a pressão atmosférica, a densidade, a distância e o tempo, como suporte para criar uma poesia espacial através da exploração dos limites da plasticidade do material com que tais elementos são formados.
O processo revela-se tão importante quanto o resultado. Recorrendo a ciclos temporais para a reconfiguração do espaço, a Zona pode ser encarada como uma instalação space-time specific, onde diversos pontos de contacto vibram entre si dentro de um laboratório de observações.
Mónica Garcia
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